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Arquivo Mensal setembro 2012

Consulta pública das diretrizes da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas – Envio até 15/10

Foram publicadadas seis portarias referentes às consultas públicas das diretrizes da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas que pretende instituir a Rede no âmbito do Sistema Único de Saúde. Outros cinco documentos estão relacionados:
• As linhas de cuidado para prevenção e tratamento do Diabetes Mellitus- 1 e 2;
• Hipertensão Arterial Sistêmica;
• Excesso de peso e obesidade ;
• Obesidade grave;
• Uso do risco cardiovascular como critério para a organização do cuidado;

Os textos das consultas estão disponíveis nos sites www.saude.gov.br/sas e www.saude.gov.br/consultapublica.  Para participar, as sugestões devem ser encaminhadas até 15 de outubro, exclusivamente para o endereço eletrônico lc.cronicas@saude.gov.br, especificando no título da mensagem o número da consulta pública e, se necessário, o nome do anexo.

Conteúdos de cada consulta pública:
• Consulta Pública nº 12 – estabelece regulamento técnico, normas e critérios para o Serviço de Assistência de Alta Complexidade ao Portador de Obesidade Grave.
• Consulta Pública nº 13 – estabelece as diretrizes para organização do cuidado das pessoas com Diabetes Mellitus tipo 1 e tipo 2 como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas.
• Consulta Pública nº 14 – atualiza as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do excesso de peso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas.
• Consulta Pública nº 15 – dispõe sobre o uso da avaliação do risco cardiovascular no cuidado de adultos no âmbito do Sistema Único de Saúde.
• Consulta Pública nº 16 – estabelece as diretrizes para a organização do cuidado das pessoas com Hipertensão Arterial Sistêmica como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas.
• Consulta Pública nº 17 – institui a Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Fonte DAB/MS

Os principais desafios da APS – Seminário avalia três anos de atuação

Nos dias 3 e 4 de outubro, será realizado, na ENSP, o seminário Inovação em Atenção Primária à Saúde – um balanço do Programa Território-Escola Manguinhos.O objetivo do encontro é promover uma reflexão crítica dos resultados alcançados em três anos de implementação desta iniciativa, tendo como foco os principais desafios da Atenção Primária à Saúde (APS) para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Este seminário também conta com a realização de um Centro de Estudos, no dia 3/10, às 14 horas, sobre o tema. Todos os dias do seminário serão transmitidos via web. O evento será aberto ao público e não é necessário fazer inscrição prévia. O Programa Território-Escola de Manguinhos é uma iniciativa de cooperação técnica entre a ENSP e o governo municipal do Rio de Janeiro (Subpav/SMSDC), que engloba, entre outras ações, a cogestão da saúde no território de Manguinhos. Desde sua criação, o programa assumiu a responsabilidade da gestão direta da Atenção Primária em Saúde (APS) à população residente no território, seguindo o modelo da Estratégia de Saúde da Família. Desde então, atua, ainda, na construção de um modelo participativo de gestão da saúde como caminho para a promoção da saúde, de ações intersetoriais e ambientes saudáveis. Segundo a organização do evento, em quase três anos de trabalho, muitos desafios surgiram, questões foram sistematizadas e soluções desenvolvidas. Porém, muitas perguntas ainda permanecem. É preciso, então, promover um balanço do processo.

O encontro é voltado para dirigentes e profissionais da ENSP, da Fiocruz; da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro e do Programa Teias-Escola Manguinhos. Além disso, também são esperados dirigentes e técnicos do SUS, Ministério da Saúde, conselheiros do Conselho Gestor Intersetorial de Manguinhos e outros conselhos locais e municipais de saúde, organizações sociais e comunidade de Manguinhos.

A programação conta com quatro painéis que abordarão os seguintes temas: Informação em Saúde: elemento estratégico para organização do serviço e ação integrada no território;

Promoção da Saúde e o desafio da intersetorialidade;

Acesso e qualidade na saúde da família em Manguinhos e ainda um Ceensp sobre, cujo tema será Território Escola-Manguinhos: todos somos aprendizes.

Fonte site ENSP www.ensp.fiocruz.br

 

 

Vagas no mestrado profissional em Saúde da Família da UFMS – até 17/10

O Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) abriu 15 vagas para o curso de mestrado profissional, vinculado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Segundo o edital de lançamento do curso as inscrições estão sendo realizadas até 17 de outubro e o processo seletivo contará com as etapas de prova escrita, análise de currículo e entrevista, com o resultado final da seleção previsto para o dia 30 de novembro. Entre os documentos necessários para a inscrição estão: comprovante de inscrição assinado, impresso a partir do Portal de Pós-Graduação; declaração de vínculo empregatício atrelado à Equipe de Saúde da Família (eSF); declaração da chefia imediata liberando o profissional para a participação nos encontros presenciais do curso; e comprovante original de pagamento da taxa de inscrição, no valor de R$ 100.

O curso terá, mensalmente, dois encontros presenciais de 20 horas cada. Outras atividades serão realizadas a distância por meio de ambiente virtual de aprendizagem. O início das aulas está previsto para março de 2013.

Para tirar dúvidas a respeito do edital e obter mais informações basta entrar em contato pelo e-mail ppgsf.ccbs@ufms.br

 

 

MS e CNPq abrem seleção para apoio à pesquisa

O Ministério da Saúde vai investir R$ 31,24 milhões no apoio a projetos de pesquisa que contribuam para o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação do País. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), abre quatro chamadas para seleção de propostas em cinco temas da pasta: doenças negligenciadas, terapia celular, saúde bucal, fontes de financiamento em saúde no setor público e custo operacional global das entidades filantrópicas.O intuito é incentivar pesquisadores a encontrar soluções inovadoras para serem aplicadas no SUS e aprimorar o atendimento e a assistência ao usuário. “Estes quatro editais revelam a inflexão na política de pesquisa do ministério. Hoje a agenda de pesquisa proposta ao país segue os grandes desafios da saúde publica desde as doenças negligenciadas até o financiamento, passando por saúde bucal e áreas de fronteira essenciais ao futuro da saúde como a terapia celular”, afirma o secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.A maior parte dos recursos está concentrada em duas áreas consideradas prioritárias pelo ministério. De um lado, uma das áreas mais inovadoras em medicina – a terapia celular, que utiliza células-tronco na recuperação de órgãos e tecidos. De outro, as doenças negligenciadas, infecções que atingem populações vulneráveis de baixo poder aquisitivo, e que por isso não atraem investimentos dos grandes laboratórios privados.

DOENÇAS NEGLICENCIADAS- O Brasil, que já é considerado líder mundial em pesquisas em doenças negligenciadas, pretende dar ainda maior atenção à produção de conhecimento nessa área, investindo R$ 18 milhões na criação de uma Rede Nacional de Pesquisa em Doenças Negligenciadas, que envolve nove patologias: doença de Chagas, dengue, esquistossomose, hanseníase, helmintíases, leishmaniose, malária, tracoma e tuberculose. As propostas devem contribuir para o aprimoramento dos prog ramas de vigilância, controle, erradicação e prevenção dessas doenças. A chamada para apoio a pesquisas na área será lançada esta semana.

Outra seleção, que deverá ser lançada nos próximos dias, é a chamada para pesquisa translacional em terapia celular. A chamada contemplará propostas que gerem novos conhecimentos, produtos e processos biotecnológicos com potencial avanço na saúde humana. Com esta ação, o governo quer ampliar o uso da medicina regenerativa na recuperação de pacientes do SUS, em tratamentos como regeneração dos rins, coração, movimento das articulações, e problemas do sistema nervoso. Serão investidos R$ 10 milhões nos projetos selecionados. Do total do recurso, R$ 1,5 milhão será destinado ao apoio à pesquisa translacional em terapia celular no âmbito da cooperação Brasil/Cuba, com prioridade para o uso de células-tronco em doenças arteriais periféricas.

EM ANDAMENTO- Já estão abertas outras duas chamadas com inscrições até outubro. A primeira, direcionada a projetos de apoio ao avanço do Brasil Sorridente, do Sistema Único de Saúde (SUS), em que serão investidos R$ 2 milhões. Os recursos serão destinados ao financiamento de itens de custeio, capital e bolsas na modalidade fomento tecnológico.E a segunda ch amada, destinada a dois temas: fontes de financiamento em saúde no setor público e custo operacional global das entidades filantrópicas. O primeiro pretende selecionar propostas que contribuam com conhecimento sobre as fontes de financiamento em saúde no setor público. O segundo tem o objetivo de aprimorar a relação entre o custo operacional global das ações e serviços de saúde realizados pelas entidades beneficentes e o valor repassado pelo SUS pra remuneração dos serviços prestados. Essas pesquisas terão investimento na ordem de R$ 1,2 milhão.

As propostas devem ser enviadas com arquivo contendo o projeto, e encaminhadas ao CNPq exclusivamente pela internet, por intermédio do Formulário de Propostas Online, disponível na plataforma Carlos Chagas.
Mais informações sobre os critérios de elegibilidade, etapas do processo e julgamento podem ser encontradas nos regulamentos das chamadas, na página do CNPq.

Fonte site MS www.saude.gov.br

Saúde nas Américas 2012: panorama da situação de saúde dos países das Américas

Saúde nas Américas é a principal publicação da OPAS sobre a situação da saúde, seus determinantes e tendências na Região das Américas. Trata-se de um relatório, publicado a cada cinco anos, que analisa as condições, os avanços e os desafios da saúde na Região e nos países e territórios que a integram.
As fontes dessa publicação são diversificadas, constituídas não só por estatísticas oficiais dos países, mas também outras menos formais, sem impedimento de que sejam identificadas e minimizadas as eventuais discrepâncias existentes. A divulgação de tais informações tem sido considerada um evento estratégico no setor saúde da Região, ao colocar em evidência as condições de saúde das populações, bem como seus determinantes e tendências. Ela busca, também, identificaros progressos alcançados e os desafios ainda remanescentes. A presente edição tem como foco o período que vai de 2006 a 2010. Seu público alvo, segundo a OPAS, alcança não só as autoridades de saúde dos diversos países, mas também acadêmicos, profissionais, estudantes e trabalhadores do campo da saúde, além das agências de cooperação e organismos internacionais. A publicação é apresentada em meio impresso e eletrônico, sendo este último de acesso amplo. Nela está disponível uma apresentação dos principais sucessos e desafios em cada um dos 48 países da região das Américas que são membros da OPAS, além de uma análise abrangente das condições de saúde da região como um todo.
Segundo a Diretora Geral da OPAS, Mirta Roses Periago, a expectativa da Organização é de que o acesso a esta obra possa incrementar outras produções semelhantes, ainda mais detalhadas em termos de disponibilidade de informações e sua análise, que sejam capazes de contribuir para melhorar a saúde das populações americanas.

Acesse aqui a versão em português.
Saúde-nas-Américas- 2012

Fonte site APSREDES www.apsredes.org

Crack: personalidade antissocial é tônica entre usuários

É urgente e necessária a valorização da pesquisa clínica e das ações realizadas pelos centros de referência no combate ao crack. Em especial, é importante o estabelecimento de pontes entre a comunidade e os locais de tratamento”, alertou o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) Francisco Inácio Bastos, durante a mesa final do I Experiências da Atenção Primária em Saúde com População de Rua e I Oficina Crack e outras Drogas: Crack é o Seminário de Problema?. Felix Kessler, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, lembrou ainda que usuários de crack apresentam alto índice de transtornos de conduta e transtorno de personalidade antissocial. Francisco Inácio Bastos trouxe para o debate suas impressões sobre a pesquisa nacional sobre crack, cujo principal objetivo é conhecer o perfil dos usuários da droga no Brasil. Este estudo, do qual ele é integrante, é desenvolvido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) em parceria com a Fiocruz. A pesquisa está analisando os 26 estados do país e o Distrito Federal para traçar o perfil dos usuários e a situação de disseminação da droga nas cidades de médio e pequeno porte e na zona rural. Segundo ele, ao contrário do que dizem, não existe no Brasil como um todo o fenômeno da cracolândia.“Esta estrutura macro de centenas de pessoas em aglomerados urbanos é uma estrutura característica de locais específicos. Isso ocorre basicamente por duas razões: primeiro, por causa do adensamento urbano que existe em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, mas também por uma questão de fluxo. Essa segunda característica não é muito discutida, mas uma cracolândia exige uma grande logística de distribuição. O aporte de produtos e a regularidade de suprimentos são o que propicia esse tipo de aglomerado a existir”, explicou Francisco Inácio.
Com a pesquisa, explicou Bastos, foi possível perceber que o mercado do crack é varejista, o crime é bem menos organizado do que se supõe, e o Estado e as lideranças não estão ausentes, mas precisam ser recuperados. “As pessoas falam muito em ausência do Estado, quando, na verdade, o que existe é ausência de instâncias do Estado que sirvam de suporte social. Por isso, acredito que este modelo atual utilizado pelo Teias-Escola Manguinhos e por algumas outras iniciativas parecidas seja a única forma viável de repensar o território.”
O palestrante disse ainda que, no que diz respeito à área da saúde, para mudar esta situação é necessário valorizar a pesquisa clínica e as ações de centros de referência, mas, principalmente, estabelecer pontes entre comunidade e locais de tratamento. “Ficar parado dentro dos locais de tratamento é ruim para os profissionais e nada bom para os usuários.”
Christiane Sampaio, médica do Teias-Escola Manguinhos, falou sobre sua relação com os territórios analisados e mostrou dados da Análise do contexto sociocultural dos usuários de crack no município do Rio de Janeiro, pesquisa etnográfica realizada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), da qual participou. Christiane ressaltou que a etnografia só ocorre quando, de fato, se estabelece uma relação de proximidade com os usuários e cria-se um sentimento de pertencimento ao grupo. A pesquisa também abordou o tipo de relação que os usuários de crack estabeleceram durante a vida, como seus laços familiares, com a escola, trabalho e outros. Além disso, também foram levantados dados sobre suas práticas de uso, frequência e gastos. Em relação à saúde, o estudo buscou informações sobre o acesso aos serviços de saúde, psicológicos e de assistência social e sobre a oferta e procura de serviços especializados para tratamento relacionado ao uso de drogas. A partir dessas análises, Christiane explicou que a história de vida dessas pessoas normalmente está associada à perda de vínculos e laços familiares: quase a totalidade dos entrevistados relatou ausência ou desconhecimento da figura paterna. Na maioria dos casos, comentou ela, a perda de vínculos vem antes da entrada no crack. “Eles já apresentavam problemas de relacionamento antes de se tornarem usuários da droga. Portanto, é preciso desmistificar a ideia de que foi o crack que jogou esses jovens na rua. A droga foi apenas mais um agravo, mais uma vulnerabilidade que entrou em suas vidas. Além disso, contrariando o senso comum, os usuários de crack entrevistados se mostraram acessíveis, sedentos de atenção e carinho e não demonstram agressividade”, compartilhou ela. Outra questão relevante se refere à evasão escolar. Christiane apresentou que o abandono escolar pelos usuários de drogas está diretamente ligado à intolerância e ao preconceito tanto dos profissionais da educação como dos amigos da turma. “Esses jovens tinham vergonha de frequentar esses lugares, pois eram alvo de comentários, deboches e repressões. Pela voz dos usuários, a entidade escola demonstrou grande dificuldade e falta de preparo para lidar com a adversidade. A falta de diálogo foi uma tônica nos discursos.”O médico e diretor do Centro de Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e chefe da Unidade de Psiquiatria de Adição do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Feliz Kessler, abordou questões clínicas vinculadas à psiquiatria e a outras áreas articuladas a ela. Na psiquiatria, explicou, costuma-se falar que as doenças mentais normalmente têm fundo biopsicossocial, umas mais voltadas para um lado, outras para outro. Porém, os problemas psicossociais afetam extremamente tanto a parte biológica como a parte psíquica. “Temos visto que a grande questão dos usuários do crack é que são pacientes com problemas psíquicos e sociais graves. Com o uso das drogas, desenvolvem também problemas biológicos graves. Então, é uma doença grave nas três esferas, o que complica o trabalho do profissional de saúde.”
Ele ressaltou que estamos engatinhando no tratamento dessa doença crônica grave, que é o crack. Também mostrou dados de um estudo realizado em quatro capitais que envolveu 750 pacientes de ambulatório e de internações. “Entre os principais dados, principalmente do ponto de vista psiquiátrico, percebemos que, quando comparado aos usuários de cocaína, álcool e maconha, os usuários de crack apresentam um alto índice de transtornos de conduta e de personalidade antissocial. Numa comparação entre 293 usuários de crack, 126 de cocaína e 319 de álcool e maconha, vimos que a idade entre os usuários de crack estava entre 30 e 31 anos, dos quais a maioria era do sexo masculino. Já os alcoolistas apresentam idade média de 42 anos. A porcentagem de usuários de crack que apresentam transtornos psiquiátricos e sintomas associados ao uso da droga comparada aos outros usuários estudados também diz algo: 47% apresentaram episódios depressivos; 47%, episódios de risco de suicídio; e 30%, episódios maníacos”, mostrou Felix.
Para finalizar, Felix alertou que estes índices são muito altos. E o mais grave deles se refere ao transtorno de personalidade antissocial e de conduta antes dos 15 anos e antes do uso do crack. “Portanto, o problema de conduta está extremamente associado ao crack. O número fica em 25% de usuários desta droga comparado com 9% dos outros grupos. Já na população em geral, o índice gira em torno de 1 a 2% deste tipo de transtorno. Isso mostra que estes usuários são pessoas que sofreram muito na infância, tiveram problemas sociais e, com isso, acabam desenvolvendo problemas de conduta que refletem na busca por uma droga que já se sabe que tem alto poder destrutivo”.
A psicóloga e diretora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Mané Garrincha (Caps-AD), Marise Ramôa, última palestrante da mesa Usuários de crack: perfil, estudos e cuidados fez um relato sobre a sua experiência nesta área e analisou que as políticas de governo não são resolutivas, pois são pautadas na guerra antidrogas, na ‘limpeza’ urbana com a retirada desses usuários das ruas e na violência com os próprios usuários. Segundo ela, essas políticas não tem, de fato, a dimensão do cuidado.
“Temos vivido uma direção muito mais repressora, com o recolhimento compulsória de crianças, adolescentes e adultos, a destruição de bens dessas pessoas, como documentos e roupas, entre outros. O grande risco dessas políticas repressoras é que não temos como colocar a substância como inimiga. Isso vai gerar uma direção para os usuários, levando a violência a eles”.

Fonte site ENSP www.ensp.fiocruz.br

Forças impulsoras e restritivas no trabalho em equipe‏

Autores:Ana Cristina Sussekind1, Denize Bouttelet Munari2, Bárbara Souza Rocha3 , Cynthia Ferreira de Melo4, Gleydson Ferreira de Melo5.

Introdução: Nas políticas públicas de saúde no Brasil que centralizam a atenção na assistência à família e comunidade, o trabalho em equipe é colocado sempre em evidência(1).Na estratégia de Saúde da Família SF as ações são norteadas pelos princípios da territorialização, integralidade da assistência,vínculo, do estímulo à participação social e do trabalho multidisciplinar e em equipe(2). Na medida em que a SF busca se constituir como um modelo de atenção que contempla as múltiplas dimensões das necessidades de saúde, individual e coletiva, propõe mudanças no objeto de atenção, na forma de atuação profissional e na organização do serviço. Nesta nova forma de atuação, a ação multiprofissional deve ser concretizada por meio do trabalho em equipe. Para tanto, é fundamental a construção de novos modos de pensar e fazer essa prática, que requer alta complexidade de saberes, de desenvolvimento de habilidades e de mudanças de atitudes, por parte de toda a equipe, o que se constitui um grande desafio(3). Nesse sentido, é essencial o desenvolvimento de investigações que focalizem as várias dimensões do trabalho em equipe, pois estas podem gerar pistas para o aprimoramento das habilidades dos profissionais para essa prática, bem como nutrir gestores para buscar formas mais eficientes no processo de gestão. Por essa razão o foco deste estudo foi voltado para os fatores que dificultam o melhor desempenho das equipes no contexto da saúde da família e também aqueles que as sustentam.

Objetivo:
Identificar na literatura latino-americana evidências de forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe a partir da visão do profissional da saúde da família.

Metodologia:Revisão integrativa da literatura(4), cujo processo permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre determinado tema, construindo como produto final o estado atual deste conhecimento, possibilitando a implementação de intervenções efetivas na assistência à saúde bem como a identificação de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas. Para tanto, partimos da seguinte questão de pesquisa: Que forças impulsionam e restringem o trabalho em equipe no âmbito da saúde da família na perspectiva dos profissionais das equipes?A partir desta, partimos para o processo de busca do material, definindo o recorte temporal entre 1994 a 2010, tendo em vista a criação do Programa de Saúde da Família (PSF), em 1994 pelo Ministério da Saúde. Ainda considerando o SF como um programa de âmbito nacional, optamos por focar a pesquisa em bases de dados de abrangência latino-americana, muito embora não desconsideremos a possibilidade de publicação de pesquisadores brasileiros em outros periódico. Os artigos foram localizados considerando sua disponibilidade em meio eletrônico, na base de dados:Literatura Latino – Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na Biblioteca SciELO (ScientificElectronic Library). A seleção dos artigos obedeceu ainda como critérios de inclusão: apenas artigos originais, disponíveis na íntegra e online. Os descritores utilizados para a busca foram selecionados no DeCS da Biblioteca Virtual de Saúde abrangendo: “saúdeda família”, “trabalho”, “equipe de assistência ao paciente” “Programa Saúde da Família”. Do total de 2167 artigos, foram selecionados 12 que tratam do tema proposto e obedecem aos critérios definidos para inclusão neste estudo. Os artigos selecionados foram submetidos à análise crítica e descritiva a partir da leitura orientada por meio de um protocolo que possibilitou a caracterização dos artigos e sua análise tentando identificar fatores impulsores restritivos para o desenvolvimento do trabalho em equipe na perspectiva do profissional de saúde.

Resultados: Cinco (5) dos doze (12) artigos foram publicados em periódicos específicos da área de Saúde Coletiva, quatro (4) em revistas da área da Enfermagem e outros três (3) publicados em periódicos de abordagem geral e de outras áreas da saúde. A maioria dos artigos (11) foi publicada entre os anos de 2006 e 2010 sendo que três (3) deles foram publicados no ano de 2008 e três (3) em 2010. Em relação ao desenho do estudo, os artigos abordam a metodologia qualitativa, mesclando com abordagens participativas/ problematizadoras e quanti-qualitativa. O processo de análise dos artigos foi conduzido a partir de uma aproximação com a Teoria do Campo de Forças de Kurt Lewin(5-6), que orienta a análise de forças impulsoras e restritivas como movimentos presentes nos grupos que podem influenciar positivamente ou negativamente os resultados do desempenho do grupo. Essas forças podem estar relacionadas a fatores internos ou externos às pessoas, ao grupo de trabalho e a organização, viabilizando a análise dessas em três dimensões: individuais, relacional e ambientais(5-6). Sendo assim, no que diz respeito às Características individuais dos profissionais que atuam na equipe de saúde da família, os dados extraídos dos artigos mostram, em destaque, que a participação, a motivação, a satisfação com o trabalho, a dedicação e o compromisso são características individuais que podem influenciar e são capazes de impulsionar o trabalho em equipe. Já em relação às características que podemrestringir o trabalho em equipe, os dados mostram que a sobrecarga de trabalho foi apontada pelos profissionais, sendo relacionada à falta de reestruturação nas tarefas exigidas e da capacidade instalada insuficiente. Consiste, portanto, em fatores pessoais restritivos ao esforço individual para lidar com a demanda excessiva, da falta de materiais e equipamentos, para garantir o funcionamento da equipe. A dimensão Relacional incorpora elementos dos relacionamentos interpessoais que se dão no interior das equipes. A análise dos artigos evidenciou que, a comunicação efetiva da equipe (estudos de casos e problemas da equipe), a integralidade, complementaridade das ações multiprofissionais, a interação satisfatória entre a equipe, a disposição dos profissionais à articulação das ações, a preocupação em estabelecer vínculos efetivos e a Enfermeira como coordenadora da equipe são características capazes de influenciar o relacionamento interpessoal e impulsionar o trabalho em equipe. Vale ressaltar o destaque dado pelos profissionais ao trabalho desempenhado pelo profissional Enfermeiro, que exerce a atividade de Coordenação/supervisão e liderança do trabalho realizado pelos ACS e Auxiliares de Enfermagem na SF. Das características identificadas nos artigos como restrivas ao trabalho em equipe, nessa dimensão, foram apontadas a falta de ações integradas para alcance dos resultados do trabalho, a dificuldade de trabalhar em equipe, e a falta de integralidade e complementaridade das ações multiprofissionais. No que se refere às Características ambientais destacaram-se como forças impulsoras o vínculo efetivo entre as equipes de SF e a comunidade, a realização de atividades educativas, o reconhecimento da comunidade pelo trabalho da equipe, a capacitação dos profissionais e as reuniões sistemáticas da equipe podem impulsionar o trabalho em equipe. Em contrapartida, a falta de capacitações dos profissionais, a infra-estrutura física inadequada da unidade, o material de trabalho insuficiente, o excesso de demanda, a ineficiência no sistema de referência e contrareferência, os baixos salários e a concepção equivocada da comunidade sobre a SF foram apontadas como restritivas ao trabalho em equipe.

Conclusão: A análise dos artigos possibilitou a identificação dos potenciais e dos limitadores para o melhor desempenho das equipes no contexto da SF. Destacaram-se na análise como fatores que prejudicam e comprometem a qualidade do trabalho das equipes na SF, as condições de trabalho precárias, os conflitos internos, os baixos salários, a falta de uma gestão participativa, dentre outros. Entendemos como grande desafio a necessidade de investir na formação e capacitação dos profissionais que compreendam a importância e o real significado do trabalho em equipe como ferramenta para melhoria do atendimento prestado a população. Os potenciais identificados nos dados parecem convergir para a relevância de se garantir diálogos saudáveis entre as pessoas para melhorar a convivência, diminuir conflitos, elevar a motivação da equipe e planejar com todos os membros as ações e os objetivos do trabalho, possibilitando assim a integração da equipe e, consequentemente, à qualidade da assistência. Nesse sentido, é fundamental o estabelecimento de estratégias de investimento no desenvolvimento das equipes, pensando nas dimensões individuais e relacionais, especialmente, as que focalizem a postura profissional qualificada para atuar na atenção a SF. Por outro lado é essencial garantir condições de trabalho dignas e mudanças nos processos de gestão que possibilitem a consolidação do SUS. Em destaque podemos ressaltar a importância de capacitar o profissional Enfermeiro, já que é reconhecido pelos outros profissionais como sendo uma liderança impulsionadora para o desenvolvimento do trabalho em equipe.

Referencias
1. Abreu L, Munari D, Queiroz A, Fernandes C. O trabalho de equipe em enfermagem:
revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem. 2005;58(2):203-37.
2. Rosa W, Labate R. Programa Saúde da Família: a construção de um novo modelo na
assistência. Revista Latino Americana de Enfermagem. 2005;13(6):1027-34.
3. Ciampone M, Peduzzi M. Trabalho em equipe e trabalho em grupo no Programa de Saúde
da Família. Revista Brasileira de Enfermagem. 2000;53 (especial):143-7.
4. Ganong LH. Integrative reviews of nursing research. Res Nurs Health. 1987; 10(1):1-11.
5. Lewin K. Field Theory and Experiment in Social Psychology: Concepts and Methods. The
American Journal of Sociology. 1939;44(6):868-96.
6. Suc J, Prokosch HU, Ganslandt T. Applicability of Lewin s change management model in
a hospital setting. Methods Inf Med. 2009;48(5):419-28.

1 – Enfermeira da Secretaria Municipal de Jaraguá – Goiás, Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da UFG anacrissussekind@hotmail.com ; 2 – Professora Doutora em Enfermagem, Titular da Faculdade de Enfermagem da UFG boutteletmunari@gmail.com ; 3 – Professora Doutoranda em Enfermagem, Assistente da Faculdade de Enfermagem da UFG barbarasrocha@gmail.com ; 4 – Graduanda do curso de Enfermagem da FEN/UFG cynthia.ferreira1@gmail.com ; 5 – Enfermeiro do Pronto Socorro Psiquiátrico do Município de Goiânia – GO enf.gleydson@hotmail.com

ENSP abre inscrições em Residência Multiprofissional em Saúde da Família

Estão abertas, até o dia 10 de outubro, as inscrições para o Curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, coordenado pela pesquisadora da ENSP Maria Alice Pessanha de Carvalho. O objetivo do curso é promover o desenvolvimento de atributos na equipe multiprofissional de saúde de nível superior (enfermeiro, cirurgião-dentista, assistente social, nutricionista e psicólogo). Com isso, espera-se que atuem nas equipes de saúde da família com desempenhos de excelência na organização dos processos de trabalho, no cuidado à saúde (individual, familiar e coletivo) e nos processos de educação e formação em saúde visando à melhoria da saúde e o bem-estar dos indivíduos, suas famílias e da comunidade pautados em princípios éticos. As inscrições devem ser feitas na Plataforma Siga Lato Sensu da Fiocruz. O programa terá dois anos de duração, em tempo integral, com atividades teóricas e teórico-práticas (20%) e atividades práticas de formação em serviço (80%).
A formação em serviço, feita sob supervisão de preceptores, é desenvolvida nas equipes de saúde da família da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, localizadas em comunidades do município do Rio de Janeiro. As atividades teóricas e teórico-práticas são desenvolvidas, principalmente, nas dependências da ENSP e acompanhadas por docentes e pesquisadores. Essas atividades são estruturadas de forma a possibilitar a problematização da realidade por meio de orientações específicas, seminários, estudos de caso, aulas dialogadas e expositivas e outras formas de ensino.
A seleção será realizada de 4 de novembro a 9 de dezembro.

Fonte site ENSP www.ensp.fiocruz.br <

BVS Atenção Primária à Saúde – BVS APS e Redes de Atenção‏

A Biblioteca Virtual em Saúde em Atenção Primária e Redes de Atenção, também conhecida como BVS APS, teve seu início em 2007, como parte integrante do projeto de implantação do Programa Nacional de Telessaúde.

A BVS – Biblioteca Virtual em Saúde, é o modelo de gestão do fluxo de informação e conhecimento em saúde, com operação na Internet, coordenada e promovida pela BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O modelo da BVS estabelece o desenvolvimento e operação de fontes de informação de maneira integrada e colaborativa, proporcionando um espaço de convergência por parte de produtores, intermediários e usuários de informação em atenção primária à saúde;

Dessa forma, a BVS APS se apresenta como espaço público para registro, publicação e acesso à informação e evidências em Atenção Primária à Saúde tendo como objetivo prover o acesso amplo a uma rede de fontes de informação de boa evidência em atenção primária à saúde para subsidiar os processos de tomada de decisão clínica, ações de teleassistência, segunda opinião formativa e educação permanente das Equipes de Saúde da Família, e profissionais envolvidos com a temática.

A coleção de fontes de informação da BVS APS é composta por:

– Perguntas e Respostas da APS geradas a partir de Segunda Opinião Formativa – Telessaúde
– Calculadoras Médicas utilizadas na APS
– Resumos de revisões sistemáticas PEARLS traduzidas ao português
– Recursos educacionais para capacitação permanente das ESF
– Diretrizes, Políticas e Protocolos nacionais de atenção à saúde
– Literatura científica e técnica em APS selecionadas de bases de dados nacionais e internacionais

Além disso, a BVS APS está vinculada ao Portal Telessaúde Brasil Redes, site oficial do Programa Nacional de Telessaúde, e que se constitui em um espaço de atualização, formação, interação e de intercâmbio de experiências entre as Equipes de Saúde da Família e todas as redes de profissionais dos Núcleos e pontos de Telessaude envolvidos com a implantação do Programa e com atenção primária à saúde no Brasil.

Venha navegar pelos conteúdos de atenção primária! Visite a BVS APS http://aps.bvs.br/php/index.php