Faça parte da rede aqui!
Fique por dentro das últimas notícias, eventos, debates e publicações científicas mais relevantes.

Arquivo Diário 4 de outubro de 2013

Prorrogadas até 07/10 as inscrições de relatos na IV Mostra

Nós apostamos que a produção de conhecimento em saúde pode se dar por outros caminhos para além do tradicional conhecimento científico. As narrativas de cunho científico possuem lugar estabelecido e contribuem enormemente com a reflexão sobre as práticas de saúde. No entanto, ainda há um déficit de narrativas com foco nas experiências – mais leves, livres e focadas nas práticas de saúde.

Você também acha que outras narrativas devem ter lugar além das que se pretendem científicas? Então seja bem-vindo(a)! O lugar é a Comunidade de Práticas e o pretexto para isto é a IV Mostra Nacional de Experiências em SF/AB. “Valorizando experiências, estimulando o protagonismo local” é o lema deste evento que buscará refletir e dar visibilidade ao conhecimento sobre as práticas de saúde que acontecem nos territórios.

Um dos princípios mais importantes da IV Mostra é “Todo trabalhador tem muito a ensinar e a aprender”. O formato tradicional que costumamos encontrar em eventos científicos (introdução, justifi cativa, objetivos, metodologia…) tem seu valor e ajuda a organizar a narrativa com um certo fim. Mas observamos que não nos ajuda quando o que queremos é colocar a experiência como foco, evidenciar o modo como o trabalho é tecido no cotidiano, isto é, como os trabalhadores – em equipe e em relação com gestores e usuários – produzem o cuidado no dia-a-dia. Um artesanato delicado que faz toda diferença na vida dos serviços e dos usuários do Sistema Único de Saúde.

E você, que você conta do que você faz? Cada participante poderá inscrever até 2 relatos de experiências. As inscrições estarão abertas a partir de 01 de agosto de 2013 e foram prorrogadas até o dia 30 de setembro de 2013..

Vá até a página dos eixos temáticos, escolha o eixo em que deseja inscrever seu relato e clique em “inscrever neste eixo” para inscrever seu relato de experiência.

Participe! Compartilhe sua experiência de trabalho, ensina e aprenda com outros trabalhadores!

Acesse o edital e saiba mais detalhes sobre todo o processo.

Bem comum, esfera pública e ética norteiam conferência de abertura do 2º Congresso

A conferência de abertura do 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, realizado pela Abrasco, de 1 a 3/10, foi proferida pela professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ana Luiza D’Àvila Viana. Com o tema Bem comum, esfera pública e ética: sentidos e nexos da universalidade, ela destacou que vivemos um momento muito importante para a consolidação de um novo projeto de saúde; período em que a atual movimentação social cobra a criação de uma sociedade que não atenda tão somente aos interesses do capital, mas também olhe e atue no sentido de melhorar o bem-estar das pessoas, na forma de serviços básicos, públicos e universais.  O presidente do congresso, Cornelis Johannes van Stralen, foi o coordenador da conferência.

Ana Luiza D’Àvila Viana abordou os três momentos que marcaram a difusão dos sistemas de proteção social: o primeiro, na Europa, no pós-guerra, consolidando o welfare state; o segundo, na Ásia, no final do século XX e primeira década do século XX; o terceiro, ainda em construção e aberto, pois não estão claras até agora quais serão suas características principais, na América Latina, aproveitando seu ciclo de desenvolvimento recente.

Segundo a professora, o modelo latino-americano, ainda em construção e aberto, vem sofrendo com a mercadorização e a financeirização impostas nos últimos 30 anos pela política neoliberal. “No receituário, a incorporação tecnológica de base industrial e a valorização de um grupo de profissionais especializados apenas reforçam a discrepância dos serviços de uma saúde mercantilizada, desigual e desregulamentada”, apontou

Para Ana Luiza, vai depender fortemente dos movimentos sociais, das lutas de rua e da participação cidadã que se estabeleça um novo tipo de proteção social voltada para o futuro mais do que o passado, que seja um ponto de apoio para melhor distribuir os frutos do desenvolvimento. “Vivemos um momento muito importante para essa consolidação, a atual movimentação social, voltada para criação de uma sociedade que não atenda tão somente aos interesses do capital, mas também olhe e atue no sentido de melhorar o bem-estar das pessoas, na forma de serviços básicos, públicos e universais”, destacou ela.

Sobre os desafios da saúde coletiva na atualidade, Ana Luiza expôs que fortalecer sistemas públicos e universais de saúde – depois da avalanche neoliberal que propiciou um intenso movimento no sentido da mercadorização, desregulação e da desigualdade no interior da política de saúde – e construir canais mais democráticos de discussão dos rumos da política, com maior participação social nos espaços decisórios, de forma a neutralizar a presença dos interesses corporativos (do complexo econômico industrial da saúde e de profissionais) nas decisões públicas são alguns dos desafios atuais.

Além disso, ela também apontou como desafios atuais apoiar o desenvolvimento de uma política de CTI na Saúde, com fundos de diferentes áreas, voltada para maior autossuficiência nacional em insumos estratégicos, e criar e fortalecer espaços institucionais democráticos para as decisões referentes ao processo de incorporação tecnológica, com a finalidade de torná-lo um instrumento de conquista da maior equidade no uso dos serviços de saúde. A professora abordou ainda as noções de público e privado e bem comum, além de ressaltar que bem comum é tudo aquilo que não pertence a ninguém. Ana Luiza encerrou sua apresentação questionando qual tem sido o caminho da América Latina e do Brasil nessa lógica.

Fonte site da ENSP – www,ensp.fiocruz.br