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Arquivo Mensal junho 2016

Prazo para submissão de trabalhos para o 7º Simbravisa encerra dia 30

Está chegando o prazo final para a submissão de trabalhos ao 7º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária – Simbravisa, que será realizado entre 26 e 30 de novembro, em Salvador, Bahia. O prazo encerra-se em 30 de junho. Clique e faça a sua inscrição e, na sequência, submeta o trabalho.

Os trabalhos devem ser classificados em um dos seguintes temas: ou Relato de Experiência, ou Trabalho Cientifico. As diversas temáticas que compõem o corpo teórico da Saúde Coletiva podem ser abordadas e apresentadas ao evento, desde que em diálogo direto com aspectos da VISA, como em ambiente, desenvolvimento e saúde; cidadania, participação e controle social, movimentos e redes sociais; educação e comunicação; Formação e trabalho; Sistemas de informação; Política, planejamento e gestão; Promoção da saúde e intersetorialidade, entre outros. Clique e confira a lista completa e outras informações.

Curta Visa: Junto com a submissão de trabalhos estão abertas as inscrições para o Curta Visa, voltado para estudantes do ensino médio e superior (graduação) acima de 18 anos explorarem as temáticas da Vigilância Sanitária em formatos e propostas audiovisuais. O prazo para a inscrição dos vídeos é até 30 de agostoClique e saiba mais.

Revista científica JMPHC recebe artigos em APS

A JMPHC Journal of Management Primary and Health Care” é uma revista científica jovem mas que mostra seu valor no âmbito acadêmico pelos seus diferenciais:

a) Exercício da interdisciplinaridade constitutiva do campo da saúde coletiva;

b) Amadurecimento qualitativo de suas publicações.

Chamada para artigos

A revista “Journal of Management Primary and Health Care” convida a toda comunidade científica para participar da construção de sua mais nova edição.

Atualmente a aceitação de artigos se dá em caráter de fluxo contínuo e tem como foco de interesse o tema Saúde Coletiva/Pública e áreas afins resultado das reflexões de todas as áreas do conhecimento.

As contribuições podem ser feitas através de 5 modalidades:

·       Artigos Originais

·       Ensaios Críticos

·       Revisão da Literatura

·       Seminários, Simpósios e Mesas Redondas

·       Resenhas

Para maiores informações consulte: www.jmphc.com.br

Editores JMPHC

Prof. Leonardo Carnut
Prof. Carlos Leonardo Figueiredo Cunha
Profa. Juliana Faquim

 

 

Nova plataforma reúne dados da Capes e da pós-graduação brasileira

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) lançou, no ínicio do mês, o novo Sistema de Disseminação de Informações (SDI), ferramenta que compila dados da agência e da pós-graduação brasileira. Entre as novidades oferecidas pelo sistema está a possibilidade de consultar todos os bolsistas da agência por meio de diferentes indicadores. Um dos principais módulos do SDI é o novo portal Transparência Capes, no qual é possível pesquisar os bolsistas da Capes por nome, CPF, instituição de ensino ou por programa da agência. Os dados são classificados por nível de ensino e programa de pagamento de bolsas e auxílios da Capes, extraídos dos sistemas de pagamento de bolsas no país, bolsas no exterior e auxílio à pesquisa.

Na plataforma Dados Abertos é possível encontrar informações sobre a pós-graduação e outros temas relacionados à educação brasileira. Os dados estão processados em formatos que permitem a sua reutilização e redistribuição livremente por qualquer pessoa ou instituição para elaboração de documentos, planilhas, tabelas, gráficos e outras finalidades.

Outra novidade do Sistema de Disseminação de Informações é a atualização do Banco de Teses e Dissertações da Capes, que disponibiliza resumos e textos integrais, quando autorizados, de todas as teses de doutorado e dissertações de mestrado apresentadas no Brasil. Por enquanto, a ferramenta tornou disponíveis as informações de 2013 a 2016, mas o objetivo é, em breve, ter o histórico dos trabalhos de conclusão de pós-graduação no país até 1987.

A disponibilização desses dados visa atender a política de Transparência Ativa, um dos principais pontos da Lei nº 12.527/2011, também conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI). A divulgação proativa de informações de interesse público, além de facilitar o acesso das pessoas e de reduzir o custo com a prestação de informações, evita o acúmulo de pedidos de acesso sobre temas semelhantes.

Fonte(s): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)

A destituição de uma Constituição

Região e Redes entrevistou o economista Luiz Gonzaga Belluzo que divulgamos abaixo.

Enquanto na Europa discutem-se políticas de aumento de salário mínimo e nos Estados Unidos o presidente Barak Obama ensaia uma ampliação do acesso aos serviços de saúde, no Brasil, apesar de todas as suas desigualdades, colocam-se propostas de privatização e fragmentação do SUS. A crítica do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor das Faculdades de Campinas (Facamp), está nesta entrevista exclusiva que concedeu à pesquisa Região e Redes. “O que precisa é reforçar o SUS, ou as pessoas vão morrer sem atendimento”, exclamou. Capitalismo, democracia, política nacional e conjuntura internacional também são alguns dos temas abordados na conversa.

Região e Redes – Depois da segunda guerra (pós 1945) o mundo viveu durante décadas uma possibilidade de conciliação das questões econômicas e sociais. A partir dos anos 1980 e, com mais força, após a crise iniciada em 2007 (que se intensificou no Brasil a partir de 2014), parece haver um choque entre a economia e as questões sociais. Isso é conjuntural ou algo definitivo?

Luiz Gonzaga Belluzzo – Estamos nos referindo, eufemisticamente, ao capitalismo e à democracia. O que se conseguiu articular no pós-guerra foi a domesticação do capitalismo e a ampliação da democracia. Esses dois movimentos caminharam de mãos dadas. Depois de 1945 surgiram as primeiras experiências de direitos universais, como o National Health Service (NHS), na Inglaterra. Na Itália, que vivia situação de penúria, os salários tiveram aumentos contínuos, como bem mostra o filme “A classe operária vai ao paraíso”. As pessoas começaram a se apresentar como consumidores. Houve uma sucessão de “milagres”, o italiano, o alemão. Na Alemanha criaram a economia social de mercado, que conseguiu recuperar rapidamente o país. Conseguiu-se naquele momento colocar o conflito social embutido no pós-guerra dentro da democracia. E as democracias funcionaram muito bem, com os partidos defendendo a Constituição. Foi um período de mútua fertilização dos arranjos capitalistas, mas conseguiu-se estruturar um capitalismo mais controlado e menos danoso para as pessoas.

RR – E o Brasil?

LGB – O Brasil foi o país que mais se beneficiou da expansão capitalista do século 20 porque foi receptor de investimentos internacionais, por conta das políticas nacionais, desde Getúlio [Vargas], mas, sobretudo, por Juscelino Kubitschek. O Brasil era uma espécie de China daquele momento econômico, mas no avanço da universalização das políticas ficamos muito atrás. Só conseguimos e fizemos isso com a Constituição Federal de 1988, que agora querem desmontar. É isso que estão dizendo: a democracia não cabe no orçamento. Como se orçamento não fosse uma peça importante do debate democrático. O orçamento é fundamental! Aliás, o debate democrático deve se concentrar, em boa medida, no orçamento. Como é que se usa o orçamento como instrumento de universalização dos direitos?

RR – A democracia como mediadora de conflitos…

LGB – O que está em discussão hoje é de outra ordem. Querem colocar o orçamento a serviço dos mercados. Esta é a questão central. Quando se debate a composição do gasto público, jamais se introduz o quanto se tem despendido com os juros da dívida. Esta questão não entra, porque os juros não fazem parte do debate. Esse tema fica ali escondido, apesar de o maior gasto do orçamento ser com juros. Temos aí um conflito que não é técnico, mas sim social.

Essa proposta do governo “Uma ponte para o futuro” é um atentado aos direitos sociais escassamente conquistados recentemente. Qualquer pessoa com um mínimo de noção está preocupadíssima, porque se percebeu que houve melhoras. Mas as pessoas querem mais.

Aí vem uma questão importante que é a mediação da democracia. Não é a mais perfeita, mas é a melhor forma que encontraram para a mediação de uma sociedade que está afundada em conflitos de interesses. Isso é importante afirmar porque os interesses não convergem naturalmente e é a democracia que tem de fazer essa recomposição. Mas o que nós estamos assistindo hoje, mais que a política econômica, é a ideia de que você pode propor um programa sem atentar para a natureza conflitiva que temos nessa sociedade hoje. É um conflito que está expresso nas manifestações pelas ruas. Os jovens não concordam em sua maioria. Colocou-se 10 milhões de jovens no ensino superior e eles sabem o que receberam. Não adianta vir com uma proposta tecnocrática, porque isso não vai passar assim fácil. É esse momento que nós vivemos, de ressurgimento claro da luta entre a democracia e o capitalismo que estão querendo impor no Brasil. A “ponte para o futuro” não vai levar a lugar algum. Eles estão pensando num mundo que não vai existir mais daqui a 10 anos.

RR – Por quê?

LGB – Por várias razões. Uma delas, porque isso tudo está maltratando uma parte importante da população, que está indo para o trabalho precário. É impressionante como as ocupações de baixa produtividade nos serviços cresceram. E digo que o Brasil está atrasado também porque nós não chegamos a alcançar um patamar de mais estabilidade e já partimos para uma tentativa de atender às vontades dos mercados, mas isso não vai dar certo. Não tem nenhum fundamento social. A menos que se queira repetir de forma tosca o que já foi feito, como controlar sindicatos, dos salários e dos movimentos sociais. Senão não vão segurar essa peteca. Nós, que por tantas vezes soubemos caminhar na mão da história, estamos caminhando na contramão, por mais de 30 anos.

RR – Algumas das propostas colocadas como alternativas à crise vão no sentido de destituir uma Constituição que está em processo de implementação. O SUS é um exemplo cristalino. Os 26 anos do sistema não foram suficientes para colocá-lo como um direito pleno como descrito na carta de 1988…

LGB – Exatamente! É a destituição de uma Constituição. Com propostas contrárias a que vários países do mundo têm feito. Na Europa se discute políticas de aumento de salário mínimo, nos Estados Unido o presidente Obama ensaiando uma ampliação do acesso aos serviços de saúde. As propostas colocadas para o Brasil são inviáveis, sobretudo num país com as desigualdades do Brasil. O SUS é fundamental para o Brasil, porque apesar de todas as deficiências que conhecemos, é um dos programas mais universais que se tem em matéria de saúde dentro de um país em desenvolvimento. Ele precisa de aperfeiçoamentos, mas se você perguntar para as pessoas que usam o sistema, elas falam da diferença de antes. Fazer essa privatização e fragmentação no SUS é um desatino, é um crime. As pessoas vão morrer sem atendimento. O que precisa é reforçar o SUS. Agora estão propondo a desvinculação das receitas para a saúde e educação. Por que acham que se vinculou? Porque se não tiver obrigação legal os políticos preferem fazer uma ponte sobre um rio seco do que investir em saúde.

Para a educação é a mesma coisa. Eles falam em educação fiado. Eles não sabem nem o que é e nem como fazer. Não têm a menor noção. Eu falo da minha experiência pessoal de 50 anos nessa área, no público e no privado, e sei como isso funciona. Eles não sabem. A educação é a formação integral de cidadãos. Não é só formar especialistas como estamos formando. Esse é um debate que está no mundo. As duas questões, saúde e educação, são alguns dos temas mais republicanos que se tem. São questões centrais que deviam mobilizar todos os cidadãos.

RR – As propostas para esses dois sistemas que a Constituição consagrou como universais não são adequadas para combater as profundas desigualdades que assolam o Brasil. Como seria uma política correta nessas duas áreas de modo a contribuir com a construção de um país mais igualitário e equânime?

LGB – Vamos voltar à discussão inicial do orçamento e seu financiamento. Há uma convergência no mundo inteiro entre o sistema tributário progressivo e a redução da desigualdade. Em todos os países se observa isso. No Brasil, tivemos um avanço das políticas sociais via gastos do orçamento, mas o orçamento continua a ser financiado pelos mesmos: os mais pobres. Quem ganha até cinco salários mínimos no Brasil paga pelo menos 56% de sua renda em impostos, em grande parte impostos indiretos.

Quando se discute a questão fiscal, deixa-se de discutir o modelo tributário brasileiro do ponto de vista da equidade fiscal. Além do que, existem inúmeras maneiras de escapar das obrigações fiscais no espaço jurídico e político brasileiro. Segundo, a receita tem hoje cerca de 500 bilhões de dólares no exterior.

A discussão que importa precisa tratar de quem paga e quem recebe. É uma discussão democrática. Estamos todos na mesma sociedade, ou eles pensam que são Robinson Crusoé? Eles vivem do nosso trabalho, da nossa atividade. Essa é uma discussão fundamental neste momento.

RR – Como se resolve isso com um Congresso de senhores ricos, conservadores, representantes dos interesses financeiros mais diversos, portanto, diretamente interessado em manter uma carga tributária como a atual, regressiva?

LGB – Tem o estudo chamado Progressividade tributária: a agenda esquecida, de Rodrigo Octávio Orair e Sergio Wulff Gobetti, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que não tem espaço no debate público, mas é fundamental compreender, porque hoje em dia os que parecem que mais recebem são os que verdadeiramente mais pagam.

Agora, a saída dessa situação, se o Parlamento não consegue, é transferir o debate para as ruas e todas as partes interessadas. É uma obrigação cidadã fazer esse debate crucial. É verdade que o Congresso brasileiro é a expressão das oligarquias regionais. Que representa o povo brasileiro é uma conversa mole. E o povo não tem escolhas, afinal, os candidatos são selecionados pelas burocracias partidárias e essas burocracias são esses que querem controlar o Brasil a qualquer custo. Quem acha que eles vão fazer reforma politica? Não vão! Eles são fruto disso. Isso é uma ilusão.

RR – Como as elites políticas veem a democracia brasileira?

LGB – Com um olhar primitivo do que é, de fato, democracia. Sempre queremos resolver tudo na mão grande, sem considerar os diferentes olhares que nos cercam e que precisam ser mediados para que a sociedade possa superar os seus problemas a partir da discussão de pontos de vista distintos. A democracia é muito complicada e tem custo. O Estado democrático tem o dever de decidir a favor do que é o interesse da maioria. Mas aqui não, estamos vendo o Estado sendo capturado pelos interesses da minoria. É o que estamos assistindo.

RR – O linguista e filósofo Noam Chomsky disse recentemente em entrevista ao jornal espanhol El Mundo que “está diminuindo o apoio às democracias formais, porque não são verdadeiras democracias. Não é de se estranhar que as pessoas não estejam entusiasmadas com esse tipo de democracia”. Você concorda com essa colocação?

LGB – O Chomsky está apontando para um fenômeno que hoje é universal, porque está se manifestando de forma muito mais clara na Europa e agora nos Estados Unidos e a eleição americana é uma prova disso. Se fosse possível juntar os eleitores do [Donald] Trump e do [Bernie] Sanders, eles ganhariam com uma maioria esmagadora. De forma diferente, eles exprimem a mesma coisa. É preciso entender esse fenômeno Sanders-Trump. Uma pesquisa da CNN diz que 57% dos americanos trabalhadores votam no Trump porque não estão felizes com a situação que estão vivenciando.

Voltando um pouco, a democracia nunca foi tão forte na Europa e nos EUA como quando foi possível conciliar a difusão dos direitos com o funcionamento da economia. Quando se conseguiu juntar isso, se deu o Estado de Bem Estar, aquele período chamado de 30 anos gloriosos. Acontece que nos últimos 30 anos, tem-se passado por um processo de dissolução que está no seu ápice hoje e que afeta a democracia formal, porque isso vai solapando a adesão das pessoas ao processo democrático porque faz as pessoas rejeitarem e procurarem outras soluções. Afinal, vai se concentrando o poder de decisões nas burocracias, cada vez mais controladas pelo dinheiro e pelas grandes corporações e assim vai-se encurtando o espaço para a decisão democrática e acantonando os indivíduos em espaços onde as pessoas não têm poder de deliberação.

No Brasil isso também tem acontecido. Só que por aqui é pior porque estamos fazendo de maneira atrasada e obsoleta. Isso não vai dar certo. Não tem nada a ver com o que foi criado nos últimos anos no imaginário social de que é preciso não apenas preservar os direitos conquistados, mas também ampliá-los. Esse golpe não é contra o PT, mas contra o que eles imaginam que o PT representa. É um golpe conservador, de direita, pobre de ideias, inviável do ponto de vista econômico. O que eles estão fazendo não vai prosperar, não tem a mínima chance de prosperar. Temos observado no Brasil uma degradação do debate cultural. As pessoas repetem coisas que já estão obsoletas e não valem mais nada. Todos sabem que as medidas conservadoras, ditas de austeridade, não encontram nenhum apoio das populações.

RR – Essas políticas fortalecem a ideia de que o indivíduo é o único responsável pelo seu sucesso ou fracasso…

LGB – Sim. Essa narrativa da austeridade afetou muito a subjetividade, porque é algo ambíguo. É claro que nos últimos anos houve um reforço da ideia de que o indivíduo tem o seu próprio capital humano e tem de valorizá-lo e se ele fracassar a responsabilidade é só dele. Mas é importante entender que se construiu essa subjetividade neoliberal, mas que agora essa linguagem começa a desmoronar junto com todos os componentes do edifício neoliberal.

Veja a questão do Brexit [abreviação das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída) para designar a saída do Reino Unido da União Europeia] na Inglaterra. A questão não é se eles saem ou ficam na União Europeia, mas sim é uma discussão de uma Inglaterra vista como espaço democrático, onde as questões são decidas no Parlamento, e a Europa vista como espaço tecnocrático onde as decisões são tomadas em Bruxelas. Os ingleses contrários a manutenção do país na UE não querem ficar a mercê de uma burocracia irresponsável. O ator MIchael Caine acabou de dizer que “não quer ser controlado por uma burocracia sem rosto”. Então, eu diria que estamos diante de um momento de transição, que pode durar muito tempo, mas é irreversível porque essa visão de mundo neoliberal é insustentável. No caso dos EUA prometem que o indivíduo trabalhando duro será bem sucedido e não entregam essa promessa. Esse que é o problema.

RR – A agenda que está posta como alternativa à crise ataca alguns dos pilares da democracia e do que restou dos Estados de Bem-Estar Social: a previdência social, a educação e a saúde universais. Como você vê esses constantes ataques ao ideal de solidariedade que foi fundamental na construção das sociedades mais justas e civilizadas que o mundo conhece?

LGB – Vejo que isso tem umas cores, umas marcas bem brasileiras, que têm a ver com a história social do Brasil. Se tomarmos vários momentos ao longo da história do desenvolvimento, da industrialização e da transformação da sociedade brasileira nós temos de tempos em tempos uma reação conservadora, retrógrada que se exprime em tentativas autoritárias de impedir o avanço da sociedade. Somos uma sociedade profundamente antidemocrática, preconceituosa e mais que isso, culturalmente deformada. Estamos assistindo hoje uma degeneração do que já é degenerado. Aqui não prosperaram os ideais de democracia e Estado de Direito. Tudo é feito com truculência, com arbitrariedade, mesmo aquilo que pretensamente é feito em nome da lei. Sempre com a ideia de que nós sabemos mais do que vocês, por isso você tem que ficar no seu lugar. No Brasil, o que está em curso não é a diminuição da intervenção do Estado na economia, mas sim a apropriação do Estado.

RR – Quanto disso tem a ver com a educação? Por quê?

LGB – Mais que a educação formal é a cultura. É a vida cultural. Nós tivemos uma vida cultural muito rica durante a ditadura pelo lado dos artistas, dos intelectuais, que está se empobrecendo neste momento. E isso reflete mudanças de outra natureza que chegaram aqui e foram incorporadas a essa pobreza em que as classes médias brasileiras vivem. Isso tem a ver sim com o sistema educacional e não acho que seja um fenômeno brasileiro, mas aqui ele pega mais duro. Tenho lido muito sobre a educação na Europa e nos Estados Unidos e esse fenômeno está ocorrendo.

Temos visto aqui no Brasil um movimento por “escolas sem ideologias”. Se o filósofo espanhol José Ortega y Gasset, conservador, ouvisse isso ele morreria, porque ele dizia que temos que permitir que os estudantes tenham acesso a todas as tendências, todas as visões de seu tempo. Esse é o sistema educacional que presta. Não é uma questão de doutrinar, mas de discutir o que chamam de ideologias. Nós todos somos portadores de visões do mundo.

 

 

Começa segunda edição do curso de aperfeiçoamento do NASF

A segunda edição do Curso de Aperfeiçoamento em Apoio Matricial na Atenção Básica com ênfase nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) começa em todo o país com a realização dos primeiros encontros presenciais entre os dias 28 de junho e 30 de julho.

O curso é ofertado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com os Departamentos de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) e de Gestão da Educação na Saúde (DEGES/SGTES/MS) do Ministério da Saúde.

Foram selecionados dois mil profissionais que atuam em equipes NASF, equipes de Saúde da Família e também profissionais que atuam na gestão da Atenção Básica em Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde dos 27 estados brasileiros.

O curso tem duração de seis meses – carga horária mínima de 180 horas – na modalidade à distância com atividades presenciais mensais. Nesta edição de 2016 o curso conta com a colaboração das instituições que compõem a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscolas) para o desenvolvimento das atividades presenciais e intercâmbio de saberes e experiências.

Veja relação das datas dos encontros presenciais.

Nota publicada site DAB/MS –http://dab.saude.gov.br/portaldab/

Uso de fitoterápicos e plantas medicinais cresce no SUS

Os brasileiros estão, cada vez mais, apostando em tratamentos à base de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos: entre 2013 e 2015 a busca por esses produtos no Sistema Único de Saúde (SUS) mais que dobrou, crescendo 161%. Há três anos, cerca de 6 mil pessoas procuraram alguma farmácia de atenção básica para receber os insumos; no ano passado essa procura passou para quase 16 mil pessoas. A iniciativa, criada pelo Ministério da Saúde para garantir o acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no país, já está presente em cerca de 3.250 unidades de 930 municípios brasileiros.

“Os fitoterápicos têm uma participação importante no mercado de medicamentos porque eles refletem também nossa cultura, nossa tradição e História. Além disso, são medicamentos de baixo custo aos quais parte da população está habituada, pois aprendeu a usá-los com seus avós e pais. É importante que possamos ampliar o acesso a fitoterápicos no SUS”, afirmou o ministro Ricardo Barros nesta quarta-feira (23) durante o evento que marcou uma década da política no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF).

Saiba mais sobre a política nacional de fitoterápicos acessando a Web Rádio Saúde aqui e aqui.

Na celebração foi lançado carimbo comemorativo e selo personalizado em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). As duas mil unidades do selo serão distribuídas em correspondências do Ministério da Saúde. O carimbo ficará disponível pelos próximos 30 dias na agência dos Correios da Câmara dos Deputados; após esse prazo, ele será integrado ao acervo do Museu Postal da ECT.

INDICAÇÕES – Em média, por ano, a política beneficia 12 mil pessoas, as quais utilizam medicamentos fitoterápicos industrializados, fitoterápicos manipulados, drogas vegetais e planta medicinal fresca. Atualmente, o SUS oferta doze medicamentos fitoterápicos. Eles são indicados, por exemplo, para uso ginecológico, tratamento de queimaduras, auxiliares terapêuticos de gastrite e úlcera, além de medicamentos com indicação para artrite e osteoartrite.

De acordo com o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), os fitoterápicos mais utilizados na rede pública são o guaco, a espinheira-santa e a isoflavona-de-soja, indicados como coadjuvantes no tratamento de problemas respiratórios, gastrite e úlcera e sintomas do climatério, respectivamente.

Os produtos fitoterápicos e plantas medicinais, assim como todos os medicamentos convencionais, são testados para o conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, e também para garantir  a qualidade do insumo. Cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e às Vigilâncias Sanitárias Municipais e Estaduais o controle desses medicamentos.

PROGRAMA NACIONAL – Em 2006 foi publicada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto nº 5.813/2006), que está completando 10 anos de sua publicação. Suas diretrizes foram, em seguida, detalhadas no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (Portaria Interministerial nº 2.960/2008). O objetivo da Política e do PNPMF é “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”.

INVESTIMENTOS – Desde 2012, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, investiu mais de R$ 30 milhões em 78 projetos de plantas medicinais e fitoterápicos no âmbito do SUS.

Os projetos têm o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva nos municípios, estados e Distrito Federal, especialmente a oferta de fitoterápicos aos usuários do SUS. Os 78 projetos que já receberam recursos federais estão distribuídos por todas as regiões do país e foram estruturados a partir dos editais do Ministério da Saúde. Até o momento, são 31 iniciativas de arranjo produtivo local, 44 de assistência farmacêutica e três de desenvolvimento e registro sanitário de medicamentos fitoterápicos da Relação Nacional de Medicamentos (Rename) por laboratórios oficiais públicos.

CURSO PARA MÉDICOS – O Ministério da Saúde realizou, em 2012 o primeiro curso de Fitoterapia para Médicos, na modalidade de Educação à Distância (EAD). A primeira turma capacitou 300 profissionais de todas as regiões do país. Neste ano, uma segunda turma deverá fazer o curso, com previsão de 600 vagas para médicos de todo Brasil. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre o tema e sensibilizar profissionais de saúde e população para esta opção terapêutica, permitindo o acesso da população brasileira aos fitoterápicos com eficácia, segurança e qualidade.

Além disso, o Ministério da Saúde, por meio de eventos, busca promover a integração entre os setores produtivo, serviços de saúde, academia, Anvisa e demais ministérios, a fim de identificar as potencialidades para produção de medicamentos fitoterápicos.

NAS FARMÁCIAS – Atualmente, o mercado brasileiro comercializa diversos medicamentos fitoterápicos, simples e associados, com atuação em várias áreas do organismo humano. Para o Sistema Nervoso Central, por exemplo, são comercializados a Passiflora sp., Valeriana officinalisHypericum perforatumPiper methysticum Melissa officinalis.

Grupos de pesquisa sobre saúde mental vêm realizando estudos com medicamentos fitoterápicos indicados para tratamentos de doenças psiquiátricas, os quais demonstram resultados positivos. Por exemplo, estudos demonstram a superioridade da Passiflora incarnata em relação ao placebo no tratamento de sintomas da ansiedade, sendo suas conclusões classificadas como preliminares.

Posição semelhante é encontrada na monografia da Comunidade Europeia, que considera preliminares as evidências de eficácia ansiolítica da Passiflora, porém reconhece seu uso estabelecido tradicionalmente para “alívio de sintomas discretos de estresse mental e auxílio ao sono”.

Nota publicada no site do MS –

Medicina de Família: Agora mais do que nunca

Aproximadamente 3,3 mil trabalhos científicos e atividades culturais vindos de 78 países. Os números expressivos demonstram a magnitude da 21ª Conferência Mundial de Médicos de Família da World Organization of Family Doctors (Wonca), que acontece entre 2 e 6 de novembro no Rio de Janeiro (RJ), pela primeira vez no Brasil. A cidade-sede do evento possui uma das coberturas de APS mais exitosas atualmente.

Para o presidente do congresso e diretor científico e de Desenvolvimento Profissional Contínuo da SBMFC, Gustavo Gusso, trata-se de um momento muito importante para o País, pois trará visibilidade e muitos ganhos científicos à medicina de família e comunidade. “Com a realização do congresso aqui, conseguiremos trazer o poder político para mais perto, a partir de uma maior atenção do Ministério da Saúde”, prevê.

Ao longo dos anos, a MFC se desenvolveu muito no Brasil. O modelo é tido como exemplo para outras nações em desenvolvimento e inovador em termos de medicina comunitária. “Temos mais de 40 mil equipes de saúde em todo o País, abrangendo mais de 100 milhões de pessoas”, afirma Gusso.

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, acredita que a realização do Wonca no Rio de Janeiro é uma excelente oportunidade de mostrar a reforma de atenção primária na cidade. “Em 2009, tínhamos a menor cobertura de saúde da família do País e hoje já estamos chegando a 50%. Nossa meta até o Wonca é que 70% da população carioca seja coberta pelo Programa Saúde da Família”, diz. Durante o Wonca, Soranz fará uma conferência sobre a reforma da APS no Rio de Janeiro, quando apresentará os resultados de indicadores de saúde da cidade e os modelos de pagamento por performance, de processo de trabalho e de gestão do conhecimento com a residência médica. De acordo com o secretário municipal de Saúde, o Rio de Janeiro é hoje o maior centro formador de médicos de família e comunidade do País, com 150 residentes atuando na rede. “Estamos disponibilizando mais de mil vagas para visitas às unidades de saúde em toda a cidade e esperamos que todos tenham a oportunidade de ver de perto esses locais.”

O presidente do 21º Wonca acrescenta que, além da rica troca de experiências científicas e do desenvolvimento da medicina familiar como disciplina acadêmica, os conferencistas do evento poderão desfrutar desse momento de encontro, rever amigos e desfrutar o Rio e suas belezas naturais. “É possível ser feliz, aproveitar a vida e ao mesmo tempo ser um médico de família de alto padrão. Podemos aprender juntos.”

Abordagens científicas

Um dos temas trazidos para o centro das discussões do Wonca 2016 será o excesso de medicalização. O diretor do Centro Nórdico de Cochrane em Copenhagen, Dinamarca, Peter Gotzsche, abordará o assunto, com a conferência Por que tão poucos pacientes se beneficiam dos medicamentos que tomam e por que muitos são mortos por eles?.

O convidado, que tem experiência em ensaios clínicos e assuntos regulatórios na indústria farmacêutica, conta que os medicamentos receitados pelos próprios médicos são a terceira causa de morte no mundo, depois das doenças vasculares e do câncer. Segundo Gotzsche, metade dos indivíduos morre em decorrência de efeitos colaterais causados pelos medicamentos.

O desenvolvimento da MFC também está entre os destaques do programa preliminar da Conferência. A experiência, as oportunidades e desafios da especialidade na China serão apresentados pelo professor e presidente da Peking Union Medical College, em Pequim, na China, Yi-Xin Zeng. A diretora do Programa de Saúde Global do Departamento de Medicina de Família e Comunidade da Universidade de Toronto, no Canadá, Katherine Rouleaucontará histórias, estratégias e sugestões para o avanço da especialidade no mundo por meio das parcerias internacionais.

A presidente eleita da Wonca, Amanda Howe, acredita que a Conferência Mundial será uma oportunidade de celebração do crescimento da medicina de família em todo o mundo e do trabalho da Wonca em prol da especialidade e da saúde da população em geral. Em sua conferência, a médica inglesa apresentará boas razões para o sucesso da MFC.

Na ocasião do congresso, Amanda também tomará posse da presidência da entidade. De acordo com ela, é uma alegria que isso aconteça no Brasil, ao lado de colegas de todo o mundo. “Será um grande desafio, assim como já é o nosso dia a dia, quando levantamos de manhã e nos capacitamos, trabalhamos em nossos consultórios, cuidamos de famílias e equipes, atualizamo-nos e buscamos prestar serviços de qualidade”, define. No site do Wonca 2016, você confere a programação preliminar de conferências e o currículo dos convidados confirmados até o momento:

http://migre.me/u5S8c

Movimentos de jovens médicos

Os movimentos de jovens médicos de família da Wonca e da Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de MFC (ALASF) estão preparando uma programação especial para o Wonca 2016. A intenção é integrar estudantes, residentes e jovens médicos de família de todo o mundo durante o evento, por meio do compartilhamento de conhecimento e fortalecimento de vínculos. Há pré-inscrição em oportunidades pré-congresso para estudantes, residentes e jovens médicos de família e comunidade com até cinco anos após completar a residência. No documento (link abaixo), você pode expressar seu interesse por alojamento, inscrição no evento de Ligas Acadêmicas de MFC-ALASF, no pré-congresso de jovens médicos de família e comunidade – Waynakay (que acontece nos dias 1º e 2 de novembro) e estágio de observação por uma semana em uma unidade de atenção primária.

As pré-inscrições vão até 15 de junho, por meio do link:

http://migre.me/u5S7N

Mais informações sobre os movimentos:

http://alasfmfc.wix.com/alasf
http://waynakaybrasil.wix.com/jovensmfc

Integrantes do comitê realizam reunião virtual para finalizar regimento interno

Integrantes do comitê da Rede de Pesquisa APS realizaram ontem, 21 de julho, uma reunião virtual por meio do sistema do UNASUS  com o objetivo de finalizar o regimento interno da REDE.

O encontro aconteceu  das 15h às 18h e foi conduzido por Maria Guadalupe Medina da UFBA e  contou com as presenças de Ligia Giovanella, Márcia Fausto , Maria Helena Mendonça e Patty Fidelis da ENSP/FIOCRUZ, do secretário executivo da ABRASCO Dr.Carlos dos Santos Silva, Elaine Thumé e Elaine Tomasi da UFPEL, Sandro Rodrigues Batista da UFGO e SBMFC, Fúlvio Nedel da UFSC , Maria José Evangelista do CONASS, Márcia Guimarães da UFF e Inaiara Bragante gestora da Rede APS.

A discussão da necessidade de um regimento interno surgiu em reuniões anteriores da Rede APS e foi produzido pela pesquisadora Mara Guadalupe Medina com revisão de Allan Queiroz Barbosa e Fúlvio Nedel.

Ontem, o documento foi novamente discutido e finalizado. Será repassado para os demais integrantes do comitê  que não estavam presente bem como para a assessoria jurídica da ABRASCO.

A Rede de Pesquisa APS tem direcionado suas ações para a produção da Revista Ciência & Saúde Coletiva com pesquisas sobre o Programa Mais Médicos.

 

Multimorbidade em adultos

Neste artigo, a ocorrência e os padrões de multimorbidade foram avaliados em uma amostra de 2927 adultos representativa da população adulta (20 anos ou mais) da cidade de Pelotas-RS. A multimorbidade foi avaliada por uma lista de 11 doenças, baseadas em diagnóstico médico, Patient Health Questionnaire 9 para depressão e o Anatomical Therapeutic Chemical index. A ocorrência de multimorbidade foi de 29.1% (IC95%: 27.1; 31.1) para ≥2, e 14.3% (IC95%: 12.8; 15.8) para ≥3 morbidades. Dois padrões de morbidades (cardiometabólico/problemas articulares; e doenças respiratórias) foram observados. A alta frequência e os padrões observados contribuem para a relevância do problema no país e a necessidade de incluir a multimorbidade nos protocolos clínicos.

O artigo pode ser acessado no seguinte link: http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00038-016-0819-7

Além disso, estamos iniciando um grupo de pesquisa sobre multimorbidade no Brasil que objetivará avaliar, entre outros aspectos, a ocorrência e padrões da multimorbidade, a avaliação dos determinantes e consequências do problema e a validação de instrumentos. Assim, convidamos pesquisadores interessados na temática para ingressar no grupo. Maiores informações podem ser obtidas pelo  e-mail: nunesbp@gmail.com.

Reference: Nunes BP, Camargo-Figuera FA, Guttier M, de Oliveira PD, Munhoz TN, Matijasevich A, Bertoldi AD, Wehrmeister FC, Silveira MP, Thumé E, Facchini LA. Multimorbidity in adults from a southern Brazilian city: occurrence and patterns. Int J Public Health. 2016 Apr 22. [Epub ahead of print]