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Arquivo Mensal fevereiro 2017

Risco de desnutrição e internação hospitalar em idosos atendidos na Atenção Básica.

O objetivo deste estudo foi investigar a associação do risco de desnutrição e dos itens isolados da Mini Avaliação Nutricional (MNA®) com a ocorrência de internação hospitalar nos últimos 12 meses em idosos atendidos na atenção básica.

Trata-se de um estudo transversal no qual foram avaliados 1229 idosos atendidos em Estratégias Saúde da Família de sete municípios da região Sul do Brasil. O risco de desnutrição foi avaliado através da MNA® e a ocorrência de hospitalização foi determinada por uma questão do instrumento Probability of Repeated Admission (PRA). Os idosos eram, em sua maioria, mulheres (61,7%), com média de idade de 71,7 ± 7,7 anos. A frequência de risco de desnutrição foi de 23,3% e de hospitalização foi de 32,9%. A frequência de desnutrição e de risco de desnutrição foi duas vezes maior entre os idosos que internaram (36,8% versus 18,6% – P < 0,001).

Houve associação significativa entre hospitalização e 11 (64,7%) dos 17 itens da MNA® avaliados (P < 0,05). Destes, sete itens estavam independentemente associados com a ocorrência de hospitalização na análise multivariada. Observou-se associação do risco de desnutrição, bem como da maioria dos itens isolados da MNA®, com a ocorrência de internação hospitalar em idosos da atenção básica.

Autor: Carolina Böettge Rosa 1 Solange Beatriz Billig Garces 2 Dinara Hansen 2 Ângela Vieira Brunelli 2 Patrícia Dall’Agnol Bianchi 2 Janaina Coser 2 Marília de Rosso Krug 2 Carla Helena Augustin Schwanke 1

Leia artigo20_02_2017

Programa Mais Médicos e a Atenção Primária no Brasil

A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil é o tema da nona edição do boletim do OAPS/CDV, que traz entrevistas com as pesquisadoras Patty Fidelis (ISC/UFF) e Guadalupe Medina (ISC/UFBA) discutindo as principais ameaças aos avanços na organização da Atenção Básica no país, os impactos do Programa Mais Médicos (PMM) para a consolidação da APS e os desafios enfrentados na atual conjuntura brasileira.

Institucionalizado pela Lei 12.871 de outubro de 2013, o PMM foi implantado em 4.058 municípios brasileiros e nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, contando com cerca de 18 mil médicos/as. O programa é objeto de análise de um conjunto expressivo de pesquisas que busca avaliar sua implementação e seus possíveis efeitos em várias dimensões, especialmente no que diz respeito ao provimento emergencial de médicos para a APS. “A grande maioria dos estudos buscou investigar como estes profissionais se distribuíram pelo território nacional, se contribuíram para a diminuição das iniquidades regionais, se houve melhoria dos indicadores de saúde e fortalecimento da APS, como se inseriram no processo de trabalho das equipes, qual a percepção e satisfação dos usuários sobre os médicos do PMM, possíveis mudanças no modelo assistencial. Os resultados parecem sinalizar efeitos positivos em todos estes campos, mas com desafios a serem enfrentados”, aponta a pesquisadora Patty Fidelis.

A análise da Estratégia Saúde da Família (ESF) no contexto da rede de atenção à saúde, disponível no artigo “A posição da Estratégia Saúde da Família na rede de atenção à saúde na perspectiva das equipes e usuários participantes do PMAQ-AB” (Revista Saúde em Debate), indica que, em 2012, 95% dos municípios brasileiros contavam com um total de 33.404 equipes implantadas, um potencial de abrangência de 55% da população. Ainda assim, existiam  disparidades no acesso e na oferta de cuidados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos municípios visitados que refletem, em parte, as desigualdades sociais do contexto brasileiro, com consequências no acesso e uso dos serviços de APS. Já o acompanhamento da Política Nacional de Atenção Básica feito pelo eixo “Estudos e Pesquisas em Atenção Primária e Promoção da Saúde” do OAPS aponta aumento da cobertura populacional da ESF de 2012 até o momento – em 2016, a cobertura estimada foi de 63,6%, com 40.067 equipes de saúde da família implantadas em 5.382 municípios.

Apesar dos avanços, a Atenção Básica enfrenta desafios e ameaças na atual conjuntura, entre elas a renovação do Programa Mais Médicos, que esteve prestes a não ocorrer; a extinção da obrigatoriedade dos Agentes Comunitários de Saúde nas Equipes de Saúde da Família, com sua substituição por técnicos de enfermagem; e, mais recentemente, a aprovação na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) de mudanças nas modalidades de transferência de recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) para estados, Distrito Federal e municípios, com o fim dos blocos de financiamento específicos – Atenção Básica, Vigilância em Saúde, Média e Alta Complexidade, Medicamentos e Gestão – e adoção de um caixa único, de custeio.

Outra medida muito criticada por reforçar a perspectiva de uma Atenção Primária simplificada e desarticulada do sistema de saúde foi a constituição dos Planos de Saúde Acessíveis. “Com a medida, o governo fortalece mais ainda o setor privado, sobrecarregando, mais uma vez, os trabalhadores que terão que pagar por um plano que não oferecerá, certamente, nem escopo suficiente de ações (pois já se anuncia redução no rol de atividades mínimas ofertadas pelos planos de saúde e, justamente por isso, ele tem a cunha de ‘popular’ – é mais barato porque tem menos serviços) e, muito menos, qualidade”, critica Maria Guadalupe Medina, coordenadora executiva do OAPS.

Para acessar o conteúdo completo do boletim e baixar a versão em PDF, clique aqui.

 
 Matéria publicada no Observatório de Análise Política em Saúde -http://www.analisepoliticaemsaude.org/oaps/noticias/?id=555667e3c8ec27d5d6410f44a51543d5
 

 

 

Governo reúne academia e indústria em debate sobre incentivo à pesquisa clínica

Associações, laboratórios privados e públicos se reuniram na última semana para debater um plano de ação de incentivo e melhoria em pesquisa clínica no Brasil. Do evento, realizado pelo Ministério da Saúde, participaram a Interfarma; o grupo FarmaBrasil e a Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC). Entre os pontos discutidos estão as capacitações de profissionais para pesquisa clínica, aumento da infraestrutura para realização de estudos, viabilização de parcerias entre instituições públicas e privadas para realizar levantamentos epidemiológicos e realização de ações de comunicação e de plataformas para a disseminação de informações.

O Encontro aprofunda a discussão iniciada no Fórum Pesquisa Clínica no Brasil, que contou com a presença do Ministro da Saúde, Ricardo Barros, em outubro de 2016. Na ocasião, foi apresentado um panorama da realização de estudos clínicos no país que permitiu a colaboração entre os setores interessados na busca de processos mais ágeis e de melhor infraestrutura para pesquisa clínica. “Naquele momento, nós assumimos um compromisso de alavancar a pesquisa clínica no Brasil e, para isto, vamos envolver todo o setor saúde”, afirmou o secretário da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE/MS), Marco Fireman.

O presidente-executivo do grupo FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri, comemorou a interação entre governo e iniciativa privada em torno da pesquisa clínica. “É muito estimulante ver o governo cumprindo bem seu papel de coordenar, de estabelecer os nortes e dar visibilidade para as ações. O caso da pesquisa clínica é uma questão absolutamente central porque o país começou a entrar numa nova época com novos campos na pesquisa,” afirmou. A iniciativa privada também ressaltou a importância do encontro. “Estou há quinze anos na pesquisa clínica e é a primeira vez que eu me lembro de ver governo, academia e indústria no mesmo ambiente, tentando discutir essa agenda positiva”, completou o representante do laboratório Bristol-Meyers, Rafael Laurino.

A necessidade de diminuição da burocracia e dos entraves regulatórios na autorização da realização de pesquisas com seres humanos também foi um ponto citado pelos representantes dos laboratórios. O Decit propôs levar o debate do plano de ação também à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Nota publicada no site do MS – http://portalsaude.saude.gov.br/

The Commonwealth Found – Brazil’s Family Health Strategy

More than 60 percent of Brazil’s 200 million people are served by a model of primary care with community health workers at its center. Sandy Hausman interview Matthew Harris, M.D., of the Imperial College of London, and Antonio Ribas, who was a manager in Family Health Strategy program for a decade. This podcast in the second in our series on Frugal Innovations with Global Implications.

Download MP3
Podcast Instructions

 

Site – http://www.commonwealthfund.org/ 

Pesquisadora aponta artigos sobre o PMM para qualificar a tomada de decisão

A farta evidência científica sobre o Programa Mais Médicos (PMM) deve ser a primeira fonte de referência para o esclarecimento de dúvidas e o aprofundamento do debate sobre os avanços e os desafios que persistem após a iniciativa completar três anos. Para orientar os novos gestores municipais da Saúde e formadores de opinião, em meio a extensa produção científica sobre o tema, a pesquisadora da Plataforma de Conhecimentos sobre o PMM, Raquel Pêgo, elaborou uma lista de artigos que responde a três eixos de atuação do PMM: carência de médicos nas regiões prioritárias para o Sistema Único de Saúde, a fim de reduzir as desigualdades regionais na área da saúde; fortalecimento da prestação de serviços de atenção básica de saúde; e aperfeiçoamento da formação médica no país. Todos os artigos selecionados foram publicado há dois anos e estão disponíveis na Plataforma de Conhecimentos do PMM.“Desde o início do PMM, os artigos de opinião ocuparam um papel importante no Brasil para a promoção de uma discussão aberta sobre uma política pública que tinha como objetivo corrigir a distribuição desigual dos médicos no país. Porém hoje os artigos científicos trazem muitas evidências sobre os avanços e as possibilidades já alcançadas com a iniciativa, mas que precisam ganhar visibilidade para que o conhecimento chegue até o gestor, especialmente os novos gestores municipais”, explica Raquel Pêgo.

 

Segundo a pesquisadora, no ano de lançamento do PMM (2013), foi registrado na Plataforma de Conhecimentos cerca de 20 publicações. Em 2014, já estavam catalogadas 38, em 2015, 45 publicações e, em 2016, somaram 93 registros de artigos na Plataforma, provenientes de várias instituições acadêmicas do país, sendo que a maior parte deles foram elaborados por pesquisadores da área de saúde coletiva.
“A supremacia dos artigos científicos em relação aos artigos de opinião deveria modificar a natureza do debate. Esperaria uma diminuição dos ataques desqualificadores, corporativistas e valorativos, que em geral sustentam muito dos artigos de opinião, dando espaço para análises mais fundamentadas e próximas da realidade, permitindo entender como se comporta efetivamente o Programa”, observa Pêgo. “Um dos obstáculos que determinados artigos de opinião levantaram e alguns recentemente publicados continuam insistindo na possível dificuldade, apresentada como quase intransponível, de comunicação entre os médicos estrangeiros que não dominam o português. Questiono: esse é um obstáculo real ou fictício? É um obstáculo somente do médico estrangeiro ou também é do médico brasileiro? Ou, esse obstáculo pode diminuir na medida em que o médico está disposto a escutar e se fazer entendido? Que estão dizendo as pesquisas sobre essas questões?”, reflete a pesquisadora.
Para cada estudo selecionado foi extraído do próprio texto os objetivos, estratégia de investigação e resultados da pesquisa. “Os estudos que compõem este trabalho foram divididos entre os de corte nacional e os regionais. Os de corte nacional foram agrupados a partir das seguintes categorias: provimento, produção de serviço, escopo de práticas, infraestrutura, formação”, explica a pesquisadora.

Raquel Abrantes Pêgo é doutora em Ciências Sociais, colaboradora da OPAS-Brasil, professora visitante no Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UNB) e colaboradora da Rede de Pesquisa Análise de Políticas de Saúde no Brasil