Faça parte da rede aqui!
Fique por dentro das últimas notícias, eventos, debates e publicações científicas mais relevantes.

Arquivo Mensal maio 2017

Periódico internacional discute os efeitos do PMAQ sobre a APS brasileira

 A edição especial de abril a junho de 2017 do periódico americano JACM (“The Journal of Ambulatory Care Management” ) traz à tona a Atenção Primária em Saúde brasileira e apresenta uma série de artigos temáticos sobre o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB).

Partindo da avaliação dos dados produzidos pelos dois primeiros ciclos do programa (2011-2012 e 2013-2014), a coletânea apresenta distintas análises sobre os efeitos da implementação do PMAQ-AB.

Encontram-se nela: a evolução da APS em diferentes localidades e unidades no município do Rio de Janeiro de acordo com os resultados do PMAQ em 2012; o acesso e qualidade do cuidado da diabetes na unidades Estratégia de Saúde da Família; um estudo ecológico e longitudinal sobre a mortalidade do câncer de colo de útero; uma análise sobre a atuação das equipes de Saúde Bucal no território brasileiro; as relações entre o uso de tecnologias de informação e comunicação e a melhora no cuidado à saúde da mulher.

Além destes, o primeiro artigo da coletânea, assinado por James Macinko, professor do UCLA (University of Califórnia, Los Angeles), Matthew Harris da Escola de Saúde Pública da Imperial College de Londres e Marcia Rocha, do Banco de Desenvolvimento Inter-americano, avaliam os efeitos do pagamento por performance do PMAQ na APS brasileira.

Após uma revisão histórica da constituição do Sistema Único de Saúde e a implementação da Estratégia Saúde da Família como política organizativa da APS no país, os autores chamam a atenção para a relevância e abrangência das quase 40 mil equipes de ESF no território brasileiro.

Sistematizam a organização estrutural e processual da implementação do programa no interior da ESF, distinguindo seus ciclos e as formas singulares de aplicação dos instrumentos avaliativos. Diferenciam, assim, o PMAQ de outras experiências internacionais. Destacam, nesse sentido, o fato de não haver pagamento direto às equipes de Saúde por parte do Ministério da Saúde, mas realizado a partir de repasse federal aos municípios.

Os autores afirmam que o PMAQ pode ser o maior programa de pagamento por performance na APS do mundo. Entendem também que o programa oferece uma oportunidade extraordinária para se compreender o pagamento por performance e se analisar outras variáveis significativas da APS. Avaliam que o futuro e o potencial da ESF dependem do contínuo investimento financeiro, técnico e intelectual na APS. Ponderam, no entanto, que tal investimento depende “de um suporte político permanente, que se encontra em dúvida dado ao atual clima econômico e político no Brasil”.

A edição especial do JACM está imperdível para pesquisadores, trabalhadores e gestores inseridos na ESF e em investigações sobre a APS brasileira.

Relatório da reunião 01/05 – Natal

Este relatório, de natureza descritiva, apresenta anotações e comentários registrados pelos participantes durante a Oficina, demonstrando a diversidade dos relatos realizados pelos participantes ao longo da realização da Oficina.  Tendo como temática geral o debate sobre avaliação de impactos do Programa Mais Médicos (PMM) e as dificuldades inerentes a uma atividade sistemática desta natureza, considerou-se que procedimentos desta magnitude são fundamentais para estabelecer referências e balizadores para aperfeiçoamento visando alcançar maior robustez e sustentação conceitual e metodológica das ações do PMM.

Uma das questões abordadas na Oficina foi: “o que significa avaliação de impacto?”. Assim sendo, o debate proporcionado pela temática esteve alicerçado num arcabouço teórico e conceitual que visou orientar o olhar sobre o objeto a ser avaliado.

Relatório – relatorioOficina01_05_2017

Apresentação Rosana Aquino – Aquino_Metodologias de Avaliacao

 

Produção:  transcrição- Inaiara Bragante – organização Márcia Cubas (Aben)

Sistemas Comparados de Saúde: APS nas cidades de Lisboa e do Rio de Janeiro

 

A Atenção Primária é um desígnio para as organizações dos sistemas de saúde que procuram obter os benefícios do acesso universal. Um grupo de pesquisadores, profissionais do setor e gestores do Brasil e de Portugal apresentam, na Revista Ciência e Saúde Coletiva vol.22 no.3 , um conjunto de artigos que descrevem experiências, analisam processos e resultados e destacam limites e perspectivas futuras.

Nos últimos anos, as cidades do Rio de Janeiro e de Lisboa participaram na implementação de Reformas dos Cuidados Primários em Saúde que expandiram serviços, inovaram em mecanismos de governança e deram maior autonomia às equipes técnicas. No Rio, as Clínicas da Família foram criadas em 2009; em Lisboa, as Unidades de Saúde Familiar (USF) – modelos A e B, a partir de 2006. As USF conseguiram mais eficiência, mais acessibilidade, melhor clima laboral, maior satisfação dos cidadãos, em síntese: mais qualidade. No município do Rio de Janeiro, a expansão dos serviços, através da cobertura com equipes completas de saúde da família, passou de 3,5% (dezembro/2008) para 65,0% (dezembro/2016), abrangendo quatro milhões de cariocas.

Questões históricas, políticas, jurídicas, culturais e organizacionais determinam diferenças no desempenho da APS em ambas as cidades. Diferenças que são inspiradoras no potencial de utilização na outra cidade. No período de 2009-2016, o Rio de Janeiro aprendeu com o Sistema Nacional de Saúde de Portugal e utilizou muitos de seus mecanismos de governança em sua Reforma, tais como: a carteira de serviços, indicadores de pagamento por desempenho, gerados por prontuários eletrônicos nas unidades de saúde, seminários de prestação de contas à sociedade/accountability, criação e fortalecimento do Programa de Residência em Medicina e Enfermagem de Saúde Familiar. Também desenvolveu novas ferramentas de gestão, sendo a primeira cidade a utilizar ferramentas de georreferenciamento para definir a área geográfica (mapas do território) de cada microárea e equipe em uma Clínica da Família, além de criar uma rede de promoção da saúde com atividades físicas e expansão das chamadas “Academias Cariocas da Saúde”.

Um aspecto crucial da Reforma em Portugal foi a criação de uma equipe de missão para apoiar o processo de transformação que colocou lado a lado a mudança organizacional e a aposta na formação dos profissionais que iriam participar nesse processo (diretores executivos e conselhos clínicos). A formação envolveu o conhecimento de novos modelos de gestão, de liderança e o desenvolvimento colaborativo de projetos de inovação que ajudaram a envolver outros profissionais no “ambiente positivo” de mudanças.

O futuro das reformas da Atenção Primária no Rio de Janeiro e em Lisboa irá depender muito da atenção que for dada a questões cruciais como a formação e a investigação, o aperfeiçoamento dos sistemas de informação e comunicação, os ganhos de eficiência e de gestão, o desenvolvimento da governança clínica e de saúde, da qualidade e das boas práticas. O futuro depende muito das pessoas, do trabalho em equipe, de uma cultura de saúde, de organização, de intervenção na comunidade, da criação de condições e espaços de trabalho, com profissionais motivados e que gostem do seu trabalho.

Uma nota importante sobre a edição: em respeito às duas tradições, os artigos dos autores portugueses são apresentados em português de Portugal, com suas nuances e riquezas ortográficas, algumas bastante diferentes do português praticado no Brasil.

Autores: Luiz Felipe Pinto1 , Cristianne Maria Famer Rocha2 , Luís Velez Lapão3  , Luís Augusto Coelho Pisco4 

 

Leia revista  completa –

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1413-812320170023&lng=pt&nrm=iso

 

 

Extending primary care hours in Brazil as health policy

The primary care scenario described by Marshall (1) in the United Kingdom is very different from that of Brazil, where access to primary care is a serious problem (2) and the rate of emergency department visits for non-urgent problems is much higher than desirable – situations that are currently complicated by a historical recession, which entails the need for innovative solutions. In the city of Porto Alegre, capital of the southernmost state of Rio Grande do Sul, with a population of 1.4 million (3), 75% of emergency visits are classified as “blue” or “green” according to the Manchester Triage System. This is most likely the result of some health units offering fewer than 30 hours of medical care per week (1), associated with fairly high staff absenteeism.

There is evidence that advanced access reduces wait times for primary care appointments (4), time to third-visit (5), and hospitalization of patients with cardiovascular diseases (6). Also, differently from what is reported by Marshall (1), in other contexts both patients and health professionals seem satisfied with the notion of advanced access (7). Nevertheless, little progress has been made in our city to implement this type of system and improve access to and the quality of primary care.

This was changed as we took office in January 2017. We began an immediate effort to increase the supply of medical consultations and reduce waiting time as well as staff absenteeism. As a first step, on March 24th, one initial primary care facility began to offer extended hours, providing service from 6:00 to 10:00 p.m. from Mondays through Fridays. Laboratory tests, vaccination and dental care are also provided during these hours. New general practitioners (GPs) were hired for this additional shift, reflecting a decision to prioritize primary care as a health policy – something which had not been done before.

Since that day, this first Night and Day Unit has provided more than 1,100 medical consultations (45 consultations/day) during the additional shift. Only 7.5% of these patients were referred to other levels of care – a 92.5% resolution rate, suggesting that the investment in additional GPs will translate into savings down the road. The second Night and Day Unit began to offer the additional shift two weeks later, and has since provided 314 medical consultations during the extended hours, with 89% resolution. At this unit, the number of people seeking care usually exceeded the capacity for 100 consultations during regular hours (on average, 120 people per day). In the first 10 days of extended hours, that number dropped to 110 on most days (73 on one day), reflecting a more even distribution of consultations through the entire period of regular plus extended hours. These pilot units were chosen based on their security level, accessibility, proximity to public transportation, and infrastructure to accommodate the increased number of professionals and consultations.

Although this experience is very new, we expect less overcrowding in emergencies units, as verified in previous studies (1, 8), and hope to decrease unmet demand for primary care in the city. We intend to open six additional Day and Night Units (one for each municipal health region) following evaluation of the initial experience based on demand patterns, resolution rate, and impact on the number of urgency/emergency consultations. Although this is a simple measure, it reflects the decision to address primary care as a health policy: extending hours, increasing the number of GPs, and expanding the portfolio of services. This is the first step towards the implementation of real advanced access, as well as a measure of the value placed on primary care as the main strategy for solving health problems, even in contexts of economic crisis and great social inequality.

References

1. Marshall M. Seven day access to routine care in general practice. BMJ 2017;357:j2142.
2. Harzheim E, Oliveira MMC, Agostinho MR, Hauser L, Stein AT, Gonçalves MR, et al. Validação do instrumento de avaliação da atenção primária à saúde: PCATool-Brasil adultos. Rev Bras Med Fam Comunidade 2013; 8(29):274-84.
3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). @Cidades. Rio Grande do Sul: Porto Alegre. 2017. http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=431490&lang=_EN

4. Ansell D, Crispo JAG, Simard B, Bjerre LM. Interventions to reduce wait times for primary care appointments: a systematic review. BMC Health Serv Res 2017;17(1):295.
5. Rose K, Ross JS, Horwitz LI. Advanced access scheduling outcomes: A systematic review. Arch Intern Med 2011;171(13):1150-9.
6. Degani N. Impact of advanced (open) access scheduling on patients with chronic diseases: an evidence-based analysis. Ont Health Technol Assess Ser 2013;13(7):1–48.
7. Groulx A, Casgrain I, Melancon AP, Huneault L. Adoption of an advanced access model by residents: pilot project at the Gaspe family practice unit. Can Fam Physician 2015;61(1):e66-7, 89–91.
8. National Audit Office. Improving patient access to general practice. 2017. https://www. nao.org.uk/report/improving-patient-access-to-general-practice/

Competing interests: No competing interests

Participação da Rede APS no III Congresso de Política realizado em Natal

No dia 01 de maio, integrantes do comitê coordenador da Rede APS estiveram reunidos para discutir as Metodologias de Avaliação de Impacto do Programa Mais Médicos com enfoque nas abordagens metodológicas para avaliação de impactos do Programa sobre o desempenho dos serviços de saúde e a situação de saúde da população.

A atividade iniciou as 9h com a apresentação dos participantes e após foi aberto um amplo debate sobre o tema.

Na parte da tarde a pesquisadora da UFBA Rosana Aquino fez uma apresentação sobre Metodologias de avaliação de impacto de políticas e programas de saúde, que foi coordenador pela professora e pesquisadora da Ensp/Fiocruz Ligia Giovanella e teve como debatedores o coordenador da Rede APS e pesquisador da Ufpel Luiz Augusto Facchini e o coordenador da OPAS para o Mais Médicos Renato Tasca.

As 16h foi aberto um amplo debate para Delinear as estratégias para o desenvolvimento de uma proposta metodológica para avaliar impactos do PMM .O evento encerrou às 17h e os participantes da rede permaneceram reunidos para discutir ações de melhoria da Rede APS e novos projetos a serem desenvolvidos para o PMM. As atividades encerram 18h30.

No dia 4 de maio a Mesa Redonda 21  O Programa Mais Médicos e a redução da iniquidade no acesso na APS também teve a participação de integrantes da Rede. A coordenação foi conduzida por Ligia Giovanella , os debatedores foram Luiz Fachinni (UFPEL) e Renato Tasca (OPAS). As apresentações foram feitas pelos pesquisadores Leonor Pacheco (UNB), Erno Harzheim, (SMS Porto Alegre), Adriana Falangola (UFPe) e Magda Almeida (SBMFC).