Faça parte da rede aqui!
Fique por dentro das últimas notícias, eventos, debates e publicações científicas mais relevantes.

Arquivo Mensal junho 2017

A OMS almeja modelar o futuro da Atenção Primária à Saúde na Europa

O futuro da Atenção Primária à Saúde na região europeia foi prioridade na agenda da reunião inaugural do novo grupo consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) esta semana. O grupo consultor para Atenção Primária à Saúde (Primary Health Care Advisory Group) se reuniu em Almaty, no Cazaquistão, onde delegados consideraram a prontidão e responsabilidade da atenção primária à saúde para envolver futuras necessidade sociais e de saúde na Europa.

Durante os próximos três anos, o grupo terá a tarefa de buscar novos modelos para integrar a atenção primária á saúde com os serviços de saúde pública e assistência social, além de melhorar a coordenação  entre a atenção primária à saúde e outros serviços de assistência à saúde.Com este objetivo, os membros facilitarão a colaboração com setores relevantes e usarão seus conhecimentos para defender o fortalecimento e posição da atenção primária à saúde.

Fonte Univadis – http://www.univadis.com.br/medical-news/596/A-OMS-almeja-modelar-o-futuro-da-atencao-primaria-a-saude-na-Europa#? 

Estudo internacional analisa impactos da expansão da APS brasileira na saúde da população branca e negra

Um artigo publicado em maio de 2017 na PLOS Medicine e que teve repercussão na imprensa na última semana estudou os efeitos da expansão da APS sobre a saúde da população brasileira. Nele, os autores Thomas Hone, da Imperial College de Londres e outros quatro pesquisadores vinculados a institutos de pesquisa do Brasil, analisaram longitudinalmente (entre 2000-2013) a associação entre a expansão da Estratégia Saúde da Família e as iniquidades raciais nas mortes evitáveis pela APS.

Para realizar a análise, o estudo utilizou modelo estatístico de regressão de Poisson comparou a expansão da cobertura da ESF com a evolução da mortalidade por condições sensíveis à Atenção Primária (ambulatory-care-sensitive conditions – ACSCs) na população branca e negra de 1622 municípios brasileiros. Utilizou também outras variáveis na análise, incluindo o desenvolvimento econômico e social dos municípios, dados dos sistemas público e privado de saúde e outras informações populacionais, como a cobertura do Programa Bolsa Família. As fontes do estudo selecionadas foram o DATASUS e o IBGE.

Durante os quatorze anos estudados, tal mortalidade caiu 37,9% na população negra ( de 93,3 para 57,9/cem mil habitantes) e de 34,9% (de 75.7 para 49.2/cem mil habitantes) na população branca. No mesmo período, houve aumento significativo na cobertura da ESF nos municípios analisados. Tal expansão foi associada à redução de 15.4% da mortalidade na população negra e 6.8% na população branca.

O estudo afirma que mesmo se a cobertura da ESF fosse 100% em todos os municípios, a taxa de mortalidade evitável seria 11.7% maior na população negra do que na branca, evidenciando as iniquidades raciais no processo de adoecimento e a importância de políticas específicas para essa população, além da cobertura universal da ESF.

Aprofundando a análise de variáveis, o estudo observou o impacto da cobertura sobre as mortes evitáveis separadamente por diferentes grupos de doença e por dados socioeconômicos. Por exemplo, o estudo afirma que na população negra, a mortalidade por diabetes caiu 2,7% ao ano, enquanto na branca, não houve alteração significativa.

Ao analisar os efeitos da APS sobre a saúde e o desenvolvimento social do país, o artigo reforça a necessidade de ampliação e qualificação da atuação multiprofissional da ESF no território brasileiro. Conforme relatou Thomas Hone à Folha de São Paulo, “dado o número de vidas salvas e as melhorias na saúde e no bem-estar, não podemos ver nenhum cenário onde seja sábio ou rentável a longo prazo reduzir o investimento no programa.”

Boa leitura!

 

Artigo debate a importância da APS e da coordenação do cuidado na estruturação das redes de atenção à saúde (RAS)

A edição de abril de 2017 (vol.22 n.4) da Revista Ciência & Saúde Coletiva traz uma série de artigos sobre os desafios organizativos para o SUS. No editorial, José Mendes Ribeiro e Marcelo Rasga Moreira afirmam que o volume relaciona as políticas de regionalização do SUS com “as suas lacunas federativas; seus mecanismos de governança, participação social e capacidade de governo; o financiamento setorial e as desigualdades sociais; as assimetrias regionais e o acesso a redes, serviços e medicamentos; e as diferentes dinâmicas e percepções de atores políticos”.

Vários artigos da edição relacionam tais questões com a estruturação regional da APS. Num deles, denominado “Atenção primária à saúde e coordenação do cuidado nas regiões de saúde: perspectiva de gestores e usuários”, Aylene Bousquat e autores analisam coordenação do cuidado pela APS, a partir do processo de construção da RAS na região de Barretos, no estado de São Paulo.

Partindo da premissa de que a APS é um dos condicionantes da dinâmica regional da saúde e, consequentemente, fundamental para a configuração das redes de saúde, foi realizado um estudo de caso com triangulação de dados produzidos por abordagens quali e quantitativas. Elencando dimensões e variáveis de análise a partir dos três pilares da coordenação do cuidado (informacional, clínico e administrativo/organizacional), foram analisadas diretamente a percepção dos gestores, utilizando entrevistas e questionários e as experiências dos usuários, através de itinerários terapêuticos tendo como evento traçador o Acidente Vascular Encefálico (AVE).

Os resultados apresentados pelos pesquisadores são bastante densos. Dentre eles, destacam-se reflexões que trazem à tona a fragilidade da APS em se constituir como porta de entrada preferencial no sistema e de oferecer uma atenção à saúde resolutiva. A investigação com os usuários a partir do Itinerário Terapêutico, segundo o artigo, apontou, por exemplo, que a APS não é reconhecida por eles como espaço de tratamento clínico, não é reconhecida como espaço de ações de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e não se configura como ponto regular de cuidado, nem antes nem depois do tratamento do AVE. Nesse sentido, o artigo reforça a ideia de que romper com a lógica compartimentalizada da atenção à saúde não é tarefa fácil.

Traz também à tona uma série de achados sobre a relação entre APS e Atenção Especializada e o mix público-privado na estruturação dos serviços da região em análise. Além disso, chama a atenção para as diferenças entre a perspectiva dos gestores e a experiência dos usuários, no que tange a elementos relacionados à coordenação do cuidado.

Bousquat e as demais autoras e autores finalizam o artigo afirmando que no Brasil, “muito se tem falado sobre o caráter central da APS na constituição das RAS, mas esta é uma relação de mão dupla. Da mesma forma que não existe RAS sem APS robusta capaz de coordenar o cuidado, a APS não consegue exercer seu papel sem um sólido arranjo regional e uma articulação virtuosa entre os três entes federados. Só assim a APS será capaz de coordenar o cuidado, reafirmando que uma coordenação do cuidado fraca é definitivamente um importante obstáculo para a garantia da integralidade, do acesso e da oferta de serviços de saúde de qualidade. ”

Trata-se, enfim, de um interessante artigo dessa recente publicação da C&SC e que alimenta o necessário debate sobre o papel da APS e da coordenação do cuidado para a estruturação das Redes de Atenção à Saúde (RAS).

Impacto social do PMM no estado de Santa Catarina: realidades e perspectivas

Esta nota técnica apresenta uma síntese dos resultados da pesquisa Impacto Social do Programa Mais Médicos no Estado de Santa Catarina: realidades e perspectivas, realizada por pesquisadores do Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, SC, com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina/FAPESC, Edital 2014-1 Universal, e apoio direito da Secretaria de Estado da Saúde/SC. Expõe também as principais dificuldades enfrentadas na execução do projeto e produtos.

O documento foi produzido pela pesquisadora Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima Coordenadora da Pesquisa Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho Universidade do Vale do Itajaí.

 

O Programa Mais Médicos (PMM) é uma plataforma federal, em curso desde 2013, dirigida para a formação de atenção médica para a atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e desenvolvida sob três eixos: provimento emergencial, aumento da oferta de cursos de graduação e residência médica, e novos parâmetros para a formação médica1 . A pesquisa Impacto Social do Programa Mais Médicos no Estado de Santa Catarina: realidades e perspectivas teve por objetivo analisar as mudanças sociais geradas pela chegada de médicos pelo Mais Médicos (MM) em municípios catarinenses. Tratou-se de uma pesquisa mista, executada no período 2015-2017, por docentes do Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI/SC), com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina/FAPESC, Edital 2014-1 Universal, e apoio direito da Secretaria de Estado da Saúde/SC.

Leia  Nota Técnica Rede APS

 

Curso de saúde mental para médicos da atenção primária à saúde e estudantes de medicina

Estão abertas as inscrições para o Curso Ead de Saúde Mental.

O curso é gratuito e tem como público-alvo médicos atuantes na Atenção Primária à Saúde/Atenção Básica (APS/AB) do Brasil e estudantes do último ano de graduação em medicina.

Serão abordados aspectos referentes diagnóstico, a abordagem e o acompanhamento depacientes em saúde mental. Ele será totalmente ministrado na modalidade EAD através da plataforma de ensino e aprendizado à distância Moodle.

O certificado será emitido pelo Portal de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), somente de forma eletrônica, com valor único a ser pago de R$4,00.

Se inscreva aqui

Efeitos da recessão econômica e das medidas de austeridade sobre as políticas de saúde

A profunda recessão que afeta a economia global tem produzido efeitos diretos sobre a organização dos sistemas de saúde em diferentes países do mundo. Nesse contexto, a universalidade e a cobertura de políticas referentes à Atenção Primária à Saúde podem estar ameaçadas.

É o que afirmam Lígia Giovanella e Klaus Stegmüller, em artigo publicado em 2014 nos Cadernos de Saúde Pública da FIOCRUZ, ao analisarem o impacto de reformas após a crise mundial de 2008, nos sistemas de saúde da Espanha, Alemanha e Inglaterra. Analisam os efeitos sobre a universalidade com base na amplitude da cobertura populacional, a abrangência da cesta de serviços e o nível de cobertura por financiamento público.

Os autores diferenciam a realidade do sistema de saúde de cada um dos países e especificam repercussão imediatas e potenciais das medidas de austeridade. Identificam, no entanto, que tais medidas têm reduzido, ou no mínimo estagnado, os gastos públicos com saúde.  Afirmam, no final do texto, que se elas persistirem, poderemos ter em médio prazo “consequências deletérias para a universalidade”.

A análise entre crise financeira, políticas de austeridade e a saúde na Europa tem sido intensamente estudada pela pesquisadora Marina Karanikolos, da London School of Hygiene & Tropical Medicine. Em artigo de 2013 na Lancet, Karanikolos e outros autores afirmam que apesar das pesquisas sobre a turbulência econômica e seus impactos na saúde, a relação entre elas não está totalmente compreendida ainda.

Após analisar três cenários distintos da crise, Portugal, Grécia e Islândia, os autores afirmam que a proteção social sólida pode diminuir efeitos devastadores da recessão econômica, como o aumento importante do número de suicídios. Destacam, no entanto, que ainda que a recessão produza riscos para a saúde da população, a interação entre austeridade fiscal com a proteção social frágil é o que agravou especialmente a crise social e da saúde na Europa. Tais medidas políticas sobre como responder à recessão, afetou diretamente a saúde pública, ainda que representantes oficiais dos sistemas de saúde desses países permaneceram “em grande parte do tempo silenciosos durante a crise”.

Como exemplo desse tipo de impacto, Margarida Gili e autores, em artigo também publicado em 2013 no European Journal of Public Health, investigaram a associação entre a recessão econômica e a frequência de distúrbios do humor, de ansiedade, somáticos, relacionado ao uso de álcool e à alimentação em pacientes de centros de saúde primários na Espanha. Concluíram que a crise econômica aumentou de forma significativa a frequência de alterações na saúde mental da população espanhola analisada, especialmente as famílias experenciando situações de desemprego e dificuldades de pagamento da hipoteca.

O Brasil tem enfrentado uma crise econômica severa. Segundo dados do IBGE publicados em abril de 2017, a parcela de desempregados chegou a 14,2 milhões de brasileiros. Em texto recente publicado na Lancet, Doniec e King, da Universidade de Cambridge e Dall’Alba, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamaram a atenção que a crise econômica e as políticas de austeridade neoliberais no Brasil tem ameaçado a cobertura universal de saúde e os avanços conquistados com a implementação de políticas de APS, como a Estratégia de Saúde da Família. Ainda há, no entanto, poucas pesquisas brasileiras publicadas que relacionem a recessão econômica, as medidas de austeridade e os impactos sobre a Atenção Primária à Saúde.

O SUS das Práticas Integrativas: Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é a denominação dada ao conjunto de práticas de cuidado milenares na China. A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde a década de 1970, incentiva os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a implementarem políticas públicas para uso racional e integrado do recurso terapêutico chinês nos sistemas nacionais de atenção à saúde.

No Brasil, a MTC ganhou mais força ao entrar para a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), em 2006. Apesar da Acupuntura ser a mais conhecida do escopo de métodos, há também Fitoterapia chinesa,Tuina ou Tui Ná, Dietoterapia, Auriculoterapia, Moxabustão, Ventosaterapia e Práticas corporais — exercícios integrados com respiração, circulação de energia e meditação, como Chi Kung, o Tai Chi Chuan e outras artes marciais.

Por meio de um grupo da terceira idade de Blumenau (SC), a rotina de exercícios do Tai Chi começou a ser popularizada no município. “Logo no início da oferta da prática, em 2005, outras pessoas começaram a procurar. Atualmente, as turmas têm usuários de todas as idades”, explica Ethna Unbehaun, coordenadora Municipal das Práticas Integrativas e Complementares da Secretaria Municipal de Promoção da Saúde de Blumenau.

O Tai Chi Chuan consiste em uma sequência de movimentos executados de forma lenta, cadenciada e sequencial, envolvendo práticas de respiração para aumentar e equilibrar o Qi (pronuncia Chi), a força cósmica. O princípio básico envolve concentração no centro básico de energia vital conhecido como dantian (abdômen).

“Sempre tive problemas de hipertensão. Com o Tai Chi consigo manter a pressão regular. Também percebi ótimos resultados no aspecto psicológico porque comecei a interagir com outras pessoas”, conta Zilma Maria, 74 anos, frequentadora assídua.

Os usuários têm acesso por interesse pessoal e/ou por indicação profissional. Após contato com a instrutora de Tai Chi, os pacientes recebem orientações e, se necessitarem, têm o exercício adequado às suas necessidades ou recebem indicações de outras práticas ofertadas pela rede. “Senti mudanças na força muscular e no equilíbrio do corpo. Praticar Tai Chi faz bem para minha mente e todo ser humano deveria fazer. É muito importante para minha vida”, afirma Elvira Laurentis, 72 anos.

O município também tem meditação e hortas de plantas medicinais. Para 2017, a Secretaria Municipal de Saúde fará um diagnóstico da rede para ampliar a oferta das PICS.

Benefícios da prática do Tai Chi Chuan
Para o corpo:
alonga os tendões, relaxa os músculos, estabiliza a pressão arterial, melhora o ritmo cardíaco, regula taxas hormonais (colesterol, triglicerídios, glicose), diminui dores e edemas, tranquiliza o sono, desenvolve a coordenação motora e percepção corporal.
Para a mente: estimula a memória, atenção e concentração, desenvolve a tranquilidade mental, amplia a percepção sensorial, propicia autoconhecimento, diminui o estresse, ansiedade, depressão e fobias.
Para a sociabilidade: possibilita convivência social, desenvolve amizades, divulga informação e conhecimento cultural.
Para o espírito: ameniza a agitação dos pensamentos, auxilia o foco no cuidado consigo e com a sociedade. Traz paz, saúde e harmonia aos participantes.

Boas experiências
Na semana que vem, descubra como a Reflexologia mudou a realidade de Balneário Piçarras (SC). Histórias como a de Blumenau estão em todo o país. Se no seu município há oferta de osteopatia, musicoterapia, quiropraxia, Ayurveda, biodança, dança circular, Terapia comunitária integrativa ou Yoga, envie sua história para o e-mail: educomunicacao.dab@gmail.com. Queremos divulgar experiências bem sucedidas para incentivar outros municípios a investirem na estruturação das PICS, bem como na melhoria da promoção, prevenção e cuidado da população.

Leia também
O SUS das Práticas Integrativas: Arteterapia
O SUS das Práticas Integrativas: Meditação
O SUS das Práticas Integrativas: Naturopatia
O SUS das Práticas Integrativas: Fitoterapia

 

Nota publicada no site DAB/MS – http://dab.saude.gov.br/portaldab/