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Arquivo Diário 17 de julho de 2017

Capítulo de livro internacional reflete sobre os desafios para a implementação de uma APS abrangente no Brasil

Em um dos capítulos do livro “Revitalizing Health for All: Case Studies of the Struggle for Comprehensive Primary Health Care”, Patty Fidelis de Almeida, Lígia Giovanella e Berardo Nunan refletem sobre a implementação da APS abrangente no Brasil.

O texto inicia com um panorama histórico da estruturação do SUS e da APS no Brasil, trazendo à tona suas particularidades e desafios. Enumeram, por exemplo, entraves para a consolidação da APS via ESF, no país: a mudança do modelo curativo e hospitalar consolidado na ditadura militar, as diferentes formas de financiamento e a vasta extensão territorial. Afirmam também que a mudança da nomenclatura de Programa para Estratégia, distancia a ESF de programas seletivos e reforça o potencial de uma APS forte, mais eficiente e ética.

Procuram encontrar características que permitam distinguir os programas seletivos dos que construam uma APS abrangente e situam a coordenação do cuidado como um eixo fundamental nessa transformação. A coordenação do cuidado é descrita no texto como “a organização de diferentes serviços de saúde relacionados a uma intervenção específica de forma que, independente onde esses serviços são fornecidos, eles são sincronizados de forma que atinjam um objetivo comum”.

O estudo apresentado no texto tinha como objetivo descrever e analisar o desenvolvimento de estratégias, ferramentas de coordenação do cuidado, em municípios que eram reconhecidos como exitosos na implementação da ESF, em especial na integração com outros níveis de atenção. Utilizando métodos quali e quantitativos, foram entrevistados profissionais e usuários de 4 grandes municípios brasileiros (Aracaju, Belo Horizonte, Vitória e Florianópolis).

Dentre os vários achados apresentados no capítulo, destaca-se que aproximadamente 60% dos usuários entrevistados das quatro cidades analisadas, afirmaram que tiveram seus problemas de saúde resolvidos, sem a necessidade de encaminhamento a especialistas. Trata-se de um dado que reforça a resolutividade de uma APS abrangente.

Ainda que de forma heterogênea, foram identificados mecanismos para fortalecer e integrar a APS nas cidades analisadas. Dentre eles, destacam-se aqueles que aumentam e qualificam o acesso à ESF; consolidam o papel da clínica na APS como coordenadora do cuidado; aumentam a resolutividade e conectam diferentes modalidades de cuidado dentro do sistema de saúde.

Foram identificadas dificuldade que afetassem o cuidado dentro da APS: comunicação insuficiente dentro da rede; fragilidades na oferta de atenção especializada; pouco uso de protocolos nos fluxos para o cuidado hospitalar; baixa cultura colaborativa entre os diferentes níveis de atenção; baixo prestígio social e profissional no trabalho da APS e desafios referentes ao papel de porta de acesso e coordenador de cuidado na APS.

A conclusão do capítulo reforça a necessidade de compreender o acesso universal e equitativo a saúde como um direito social. Para isso, será necessário uma APS abrangente e resolutiva e tendo a coordenação de cuidado como um de seus eixos fundamentais.

Boa leitura!