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Arquivo Diário 14 de agosto de 2017

Cofen se manifesta contra a reformulação da PNAB

O Conselho Federal de Enfermagem vem expressar o seu posicionamento em relação à reformulação da Politica Nacional da Atenção Básica – PNAB.

Por mais de 20 anos a Estratégia de Saúde da Família – ESF tem sido a protagonista como orientadora da expansão e consolidação da Atenção Básica nas redes de serviços do SUS.

O sucesso da expansão da atenção básica no país nos últimos anos e seus efeitos positivos no acesso a serviços de saúde e na saúde da população decorre da continuidade da indução financeira da Estratégia Saúde da Família, sustentada ao longo do tempo e gerando resultados de pesquisas que evidenciaram, sistematicamente, a superioridade do modelo assistencial da Saúde da Família quando comparado ao modelo tradicional.

Embora a minuta da PNAB afirme a Saúde da Família estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica, o texto na prática rompe com sua centralidade na organização do Sistema Único de Saúde – SUS, instituindo financiamento específico para outros modelos na atenção básica, além daquelas populações específicas já definidas na atual PNAB como ribeirinhas, população de rua.

Ao financiar com PAB variável a atenção básica tradicional, a proposta de reformulação da PNAB ameaça a ESF, como prioridade nos governos municipais, pois, num contexto de retração do financiamento e sem perspectivas de recursos adicionais, é muito plausível estimar que o financiamento destas novas configurações de atenção básica será desviado da Estratégia Saúde da Família, flexibilizando  as regras para formação e atuação das equipes de atendimento nas unidades básicas de saúde,   porta de entrada do SUS.

Além de incorporar a implementação da “relação nacional de ações e serviços essenciais e estratégicos da AB” a serem oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde. Este dispositivo também denominado “carteira de serviços” ou “cesta básica de serviços” tem sido utilizado para definir oferta seletiva de procedimentos, em resposta simplificada às demandas de cobertura universal das agências internacionais.

Consideramos que no contexto atual de crise econômica do país, a Atenção Básica forte, eficiente e resolutiva, contribui para reduzir desperdícios no Sistema Único de Saúde e, é a efetiva garantia dos princípios de universalidade e integralidade.

Neste sentido defendemos que qualquer reformulação na PNAB, seja precedida de analises técnico-científicas com amplo debate nacional entre gestores, usuários, profissionais e representantes da sociedade civil organizada.

Nos manifestamos pela manutenção da PNAB 2011.

Nota publicada na página do COFEN – http://www.cofen.gov.br/cofen-se-manifesta-contra-a-reformulacao-da-pnab_54159.html

Debate da Reformulação da PNAB extrapola as entidades e reforça a importância da APS para o país

Nas últimas semanas, a reformulação da Política Nacional de Atenção Básica foi o principal debate relacionado à saúde no país. Após o lançamento da Consulta Pública para Reformulação na PNAB, decidido na Comissão Intergestores Tripartite no dia 27 de julho, diversas entidades relacionadas à Reforma Sanitária e a construção da APS no Brasil se posicionaram a respeito da pauta.

No final de julho, a ABRASCO, o CEBES (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde) e a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz divulgaram uma nota contrária à iniciativa. No dia 3 de agosto, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) vieram a público através de seus presidentes para reafirmar a necessidade da reformulação da política. Quatro dias depois, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade também publicou um documento com análises críticas e contribuições à proposta, colocando-se “à disposição para o debate” e posicionando-se “contra qualquer forma de retrocesso da atenção primária brasileira”.

O debate extrapolou as entidades na área da saúde e chegou à imprensa. O programa Bom dia Brasil da TV Globo noticiou as mudanças propostas na APS e entrevistou o coordenador da Rede de Pesquisa em APS  na ABRASCO, Luiz Facchini.  O professor afirmou na entrevista que “recursos que hoje são destinados exclusivamente à Estratégia Saúde da Família sejam divididos com outras modalidades de atendimento e fragilizando essa modalidade bem-sucedida”.

Nesta semana, a Revista Época e o jornal Estado de São Paulo também noticiaram o debate, ouvindo tanto representantes do Ministério da Saúde quanto membros de entidades contrárias às propostas. À Época, a professora Ligia Giovanella, da ENSP-Fiocruz e também da Rede de Pesquisa em APS criticou a dimensão seletiva que a APS pode assumir com a lista de serviços essenciais e estratégicos. Num contexto de cortes, Giovanella afirmou que um dos riscos é que “a lista mínima se torne, na prática, a lista máxima”.

Ao Estadão, o Professor Facchini trouxe à tona a dimensão do financiamento e criticou o valor do Piso de Atenção Básica (PAB), estabelecido pela PNAB. Segundo ele, uma das mudanças necessárias à APS no país e que não consta nessa proposta da reformulação da PNAB, é o aumento desse piso. “O PAB fixo é muito baixo. O governo deveria aumentá-lo para apoiar investimentos na rede básica de saúde e articular o Saúde da Família com as unidades tradicionais”, afirmou.

A repercussão do debate evidenciou a importância do tema, especialmente no contexto de uma série de reformas que o atual governo federal vem implementando no país. A Consulta Pública foi prorrogada por mais 3 dias e encerrada no dia 10 de agosto, devido às mais de 5 mil submissões ao formulário eletrônico disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

A Rede de Pesquisa em APS da ABRASCO vem participando ativamente desse debate e da construção de um SUS público, universal e de qualidade! Acesse nossa página, acompanhe, divulgue e participe!