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Arquivo Diário 13 de novembro de 2017

Atuação da enfermagem na Atenção Primária é discutida em livro avaliado com nota máxima pela CAPES

Lançado em 2015, o livro “Atenção Primária em Saúde –  Diagnósticos, Resultados e Intervenções de Enfermagem” foi avaliado pela CAPES no ano de 2017 e recebeu a classificação máxima (L4). Apenas 32 dos 617 livros analisados pelo órgão receberam a nota máxima. Em um contexto de ameaça à atuação integral da enfermagem na APS, entrevistamos uma das organizadoras do livro e integrante da Rede de Pesquisa em APS de 2014 a 2017, a Profª. Márcia Regina Cubas, da Pontíficia Universidade Católica do Paraná.

REDE: Quais os motivos para a organização e publicação do livro?

PROFª. MÁRCIA CUBAS: O livro foi resultado de um dos Seminários de Diagnósticos de Enfermagem, onde pesquisadoras discutiram de forma ampla a necessidade de padronização no registro de termos da enfermagem no âmbito extra-hospitalar. Organizamos um livro com 13 colaboradoras, fruto de resultados das pesquisas de mestrado e doutorado, conduzidos por docentes da Universidade Federal da Paraíba, da Universidade de São Paulo e da PUC (Pontífica Universidade Católica) do Paraná.

 

O título principal do livro é Atenção Primária à Saúde. Trata-se de um livro teórico sobre esse nível de atenção?

O livro não tem um conteúdo teórico da APS, pois entendemos que já há outros livros que aprofundam essa temática. O grande diferencial dele é focar na atuação extra-hospitalar da enfermagem, para que os enfermeiros e docentes que se dediquem à atuação na APS tenham possibilidade de acessar padrões de anotação e de assistência por meio de um sistema classificatório denominado Classificação Internacional das Práticas e da Enfermagem (CIPE®).

 

Como foi feita a organização da obra?

O livro está dividido em 4 unidades. A primeira unidade diz respeito à apresentação do método de construção e aplicação de conjuntos terminológicos da CIPE® e, em especial para a APS, da aplicação da CIPE® na intervenção familiar, com a base teórica da enfermagem, conversando com ferramentas interdisciplinares da saúde da família. A segunda reúne diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem dentro da unidade de Atenção Básica, incluindo um capítulo que relaciona o papel da nossa profissão em relação aos eventos adversos pós-vacinação. A terceira diz respeito à atuação da enfermagem nas doenças crônicas não-transmissíveis, destacadamente a diabetes e a hipertensão arterial. Por fim, a última unidade traz à tona o cuidado da enfermagem em diferentes ciclos de vida, incluindo o desenvolvimento infantil, as crianças e adolescentes em situação vulnerável à violência doméstica e o cuidado à pessoa idosa.

 

Recentemente, o juiz Renato Borelli da 20ª Vara do Distrito Federal proferiu uma liminar que proíbe enfermeiros de realizar consultas, exames e prescrição de medicamentos a pacientes. Qual a relação dessa decisão com o conteúdo do livro?

Podemos citar por exemplo os eventos adversos pós-vacinação. 35 por cento desses eventos são considerados leves. O enfermeiro tem total capacidade de agir, sem fazer uso da solicitação de exames ou da prescrição de medicamentos, que são objeto da liminar. É um procedimento da enfermagem essencial para garantir a confiança da população. Sempre que há esse tipo de evento pós-vacinação, a primeira coisa que costuma acontecer é a população contestar a qualidade da vacina utilizada pela equipe e, por consequência, o próprio programa de imunização. Quando uma dor, uma febre baixa, um exantema são devidamente identificados e tratados por um saber padronizado da enfermagem, há um impacto enorme para as ações de saúde pública. É um exemplo básico, mas isso visto numa escala maior, com outras condições de saúde, mostram a relevância do papel da equipe da enfermagem, incluindo o técnico e o auxiliar, na Atenção Primária.