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Arquivo Diário 17 de junho de 2019

Proposta de metodologia para estimar a área de cobertura potencial por equipes de atenção primária

Um estudo desenvolvido e publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), com o apoio de pesquisadores de universidades do Brasil e dos Estados Unidos, descreve uma nova metodologia para definir áreas de abrangência potenciais para todas as equipes de atenção primária à saúde (APS) do Brasil.

A relevância deste trabalho está fundada em um dos pressupostos da APS no Brasil: a delimitação de um espaço geográfico de responsabilidade de uma determinada equipe de saúde. Esse território, mais do que uma extensão geográfica, expressa o perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico, político, social e cultural de uma dada população.

O estudo comenta metodologias já existentes para avaliar o acesso à APS através da utilização de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), como a two-step floating catchment área (2SFCA), e a enhanced two-step floating catchment área (E2SFCA), apontando alguns limites destas no manejo de áreas urbanas e rurais, o que tende a produzir distorções. Assim, identificando uma lacuna nas metodologias para avaliar com confiança o acesso aos serviços de APS, os autores propõem esta abordagem, que procura superar as limitações das técnicas atuais ao estimar as regiões de cobertura das equipes de APS utilizando parâmetros customizáveis de modo idiossincrático para a mesma.

Este estudo metodológico utilizou três conjuntos de dados: uma malha digital de setores censitários, o volume de população vinculada a cada setor, e a geolocalização das Unidades Básicas de Saúde (UBS) existentes no Brasil. Baseando-se na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), os autores identificaram seis regras de parametrização do algoritmo de construção das áreas de captura: os setores localizados deveriam estar à menor distância possível da UBS identificada, no mesmo município desta, e ser contíguos aos demais setores servidos pela mesma, sendo necessário escolher os setores de forma mutuamente excludente; e, em relação à população servida, cada equipe de atenção primária poderia atender um máximo de 4.500 usuários, sendo o volume de adscritos proporcional ao número de equipes atuantes na UBS.

Os autores defendem que esta metodologia pode facilmente ser replicada em outros países das Américas que tiverem coordenadas de geolocalização dos estabelecimentos de saúde, uma malha digital de representação de setores censitários, dados sobre densidade populacional e número de equipes atuantes. Além disso, ressaltam, as oportunidades de pesquisa através da aplicação da mesma são várias: a realização de experimentos naturais, o desenvolvimento de estudos quase experimentais, e a avaliação de políticas de saúde. Apontam também que a aplicação desta metodologia não está restrita a serviços de APS.

Para mais detalhes sobre esta proposta metodológica, convidamos à leitura do artigo na integra.

Por Diana Ruiz e Valentina Martufi – doutorandas que contribuem para a REDE APS