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A recessão econômica no Brasil resultou em um número maior de mortes em populações vulneráveis

Artigo publicado na revista The Lancet Global Health, na edição de 10 de outubro, mostra o impacto da recessão econômica no Brasil com o aumento da mortalidade em populações vulneráveis, entre 2012 a 2017, porém em municípios com maiores gastos no SUS e no Bolsa Família as mortes em excesso devidas à recessão foram evitadas.

A recente recessão econômica no Brasil aumentou as taxas de mortalidade adulta em 4,3% entre 2012 e 2017, de acordo com pesquisa publicada esta semana no Lancet Global Health por pesquisadores do Brasil e Reino Unido. A economia do Brasil contraiu quase 8% entre 2014 e 2017, o que resultou em aumento do desemprego e maior pobreza. Os pesquisadores descobriram que isso levou a uma maior taxa de mortalidade, concentrada em negros e pardos, homens, e pessoas em idade ativa.

O estudo examinou as taxas de mortalidade em 5.565 municípios brasileiros entre 2012 e 2017. Os pesquisadores atribuem 31.000 mortes adicionais à recessão. No entanto, nem todas as áreas do Brasil foram afetadas negativamente pela recessão, uma vez que os municípios com maiores gastos no SUS e no Bolsa Família apresentaram nenhum ou pequenos aumentos na mortalidade.

Os autores do estudo concluem que há implicações políticas importantes.  “As recessões parecem particularmente ruins para a saúde em países que não possuem programas de assistência médica e proteção social fortes. É essencial que o Brasil proteja os investimentos no SUS e no Bolsa Família, pois esses programas reconhecidos internacionalmente fornecem proteção vital para a saúde e o bem-estar do país”, afirma o autor principal do estudo, Dr. Hone, do Imperial College London.

“O estudo mostra que a recente recessão foi muito prejudicial à saúde dos brasileiros, com os membros mais vulneráveis da sociedade sendo os mais afetados negativamente. Investimentos no SUS e em programas de proteção social, como o Bolsa Família, são de vital importância para proteger a saúde e o bem-estar dos brasileiros, especialmente durante períodos de dificuldades econômicas”, ressalta Dr. Rudi Rocha, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) e coordenador de pesquisas do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).

Os autores afirmam que esses resultados são consistentes com estudos na Europa, onde o impacto da recessão econômica foi menor em países com fortes programas de saúde e proteção social, incluindo acesso a seguro-desemprego e apoio à reciclagem de habilidades para as pessoas que perdem seus empregos. Por outro lado, muitos brasileiros estão inseridos informalmente no mercado de trabalho, em empregos mal remunerados e sem acesso a seguro. Portanto, é crucial que o financiamento do SUS e programas de proteção social como o Bolsa Família sejam protegidos e não cortados, diz o estudo.

O estudo foi realizado como parte de um programa conjunto Brasil-Reino Unido de pesquisa sobre o sistema de saúde brasileiro. O Dr. Thomas Hone e o Prof. Christopher Millett estão vinculados à Escola de Saúde Pública do Imperial College London. Entre os pesquisadores brasileiros, estão os pesquisadores Mauricio Barreto (Cidacs/Fiocruz), Davide Rasella (UFBA), Rômulo Pases-Sousa (Instituto René Rachou Fiocruz Minas em Belo Horizonte), e  Rudi Rocha (FGV EAESP e IEPS).

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