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“Uma xícara de saúde e uma colher de cuidado”:Oficina de Plantas Medicinais para Profissionais da APS no RN

O Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (CBCSH), realizado no mês passado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), proporcionou uma oportunidade para debater e pensar como enfrentar a conjuntura atual, mas também,  em seu papel principal, para compartilhar experiências de pesquisa em saúde.

Entre as apresentações de pesquisas dos grupos integrantes da Rede APS houve a da Professora Cristiane Spadacio, docente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica e Materno-Infantil da Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN), quem apresentou a experiência de um projeto de extensão e pesquisa no Seridó do Rio Grande do Norte (RN).

A proposta foi de uma oficina de educação permanente para profissionais das Equipes de Saúde da Família (ESF) sobre plantas medicinais típicas do sertão da região do Seridó. Sendo uma ação de integração ensino-serviço-comunidade (IESC), esta iniciativa teve o propósito de contribuir para uma apreensão mais abrangente das necessidades de saúde dos sujeitos e das coletividades em seus territórios. “O atual contexto de formação em saúde no Brasil tem se constituído com forte orientação para educação no trabalho. Há um esforço conjunto dos sistemas de saúde e de educação efetivarem a formação ‘nos serviços’ e ‘para os serviços’ de saúde, em especial no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica a Profa. Spadacio. A mesma defende que a IESC como ação pedagógica mobiliza os atributos essenciais e derivados da APS – integralidade, longitudinalidade, orientação comunitária e competência cultural -, e promove a capacitação tanto de profissionais já formados quanto de futuros profissionais, como no caso dos residentes do Programa de Residência em Atenção Básica da EMCM/UFRN, e dos alunos do primeiro e segundo anos de Medicina da EMCM/UFRN que também foram integrados à Oficina, como parte de seus estágios na Atenção Primária à Saúde (APS). “A Oficina “Uma xícara de saúde e uma colher de cuidado” é um exemplo de como, a partir das necessidades de saúde das comunidades, é possível mobilizar formação e assistência”, conclui.

A ideia de desenvolver a oficina como ponte entre a sabedoria tradicional e a científica surgiu através das observações dos profissionais das ESF de três Unidades Básicas de Saúde (UBS Castelo Branco, UBS Walfredo Gurgel e UBS Boa Passagem), nas práticas cotidianas com a população. As experiências dos residentes do programa no campo reforçaram a necessidade de desenvolver esta iniciativa, tendo constatado uma falta de conhecimento dos profissionais de saúde a respeito dessa PIC, e subsequente incapacidade de atender as demandas e necessidades de saúde da população relacionadas a ela. A oficina foi desenvolvida com o objetivo de prover educação permanente e capacitação sobre plantas medicinais para profissionais de saúde, a partir do conhecimento de raizeras dos territórios de abrangência das três unidades. Em representação da comunidade e do saber popular, elas foram convidadas para, junto com os residentes, ministrarem e compartilharem os conteúdos das plantas medicinais com os profissionais, de forma dialógica.

Segundo a Profa. Spadacio a oficina foi um duplo sucesso: além de contribuir para a formação de profissionais, presentes e futuros, impactou positivamente na lógica de funcionamento dos serviços de saúde, tanto assim que os residentes que conduziram a oficina foram convidados a repetir a experiência em outros municípios da região do Seridó. Além disso, será desenvolvida uma linha de pesquisa para sistematizar cientificamente os dados sobre os impactos gerados pela ação.

“Averiguou-se, durante a realização das Oficinas, uma integração dos trabalhadores e profissionais de saúde das unidades, com compartilhamento de experiências pessoais e diversos questionamentos a partir da prática profissional, com demandas de usuários sobre Plantas Medicinais. As raizeiras que participam das oficinas tornam-se figuras legitimadas pelos profissionais, com as quais se pode contar em caso de dúvida ou condução de algum caso”, relata a Profa. Spadacio.

Por Diana Ruiz e Valentina Martufi – doutorandas que contribuem para a REDE APS

Rede APS

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