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Arquivo Mensal abril 2020

Debate virtual discute estratégias para a APS durante a pandemia de Covid-19

“A Atenção Primária à Saúde (APS) está sendo renegada a um papel secundário no combate da Convid-19”, alertou o médico espanhol e professor da Escola Andaluza de Saúde da Família, Sergio Minué, que participou do debate virtual realizado neste sábado (04/01), pelo Portal da Inovação na Gestão do SUS em parceria com grupo da área da Saúde da Escola de Administração de Empesas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (AEESP FVG – Saúde).

“Os pacientes com suspeita de Covid-19 precisam ser acompanhados pelo médico de referência da APS que conhece a história de saúde desses usuários e que podem fazer um diagnóstico preciso, pois muitos deles apresentam insuficiência cardíaca, depressão ou simplesmente gripe durante a emergência sanitária”, defendeu Minué que acredita no papel de coordenador do cuidado da APS na pandemia. Ele defende também o protagonismo da APS no cuidado de grupos vulneráveis como moradores de rua, de abrigos comunitários, de asilos e em lares de idosos, grupos de risco para a doença respiratória.

Os médicos sanitaristas participantes do debate virtual, Renato Tasca e Adriano Massuda, concordaram com o papel estratégico da APS mas se colocaram preocupados com a possibilidade das unidades de saúde se transformarem em centros de transmissão da Covid-19 corroborando para a expansão da doença.

Sérgio Minué apresentou algumas estratégias para que a APS funcione na sua potencialidade durante a pandemia de Covid-19, sendo a primeira delas a necessária proteção dos profissionais de saúde da APS, por meio do uso de equipamentos de proteção individual (EPI). A segundo ponto apresentado pelo médico espanhol abordou o atributo comunitário da APS. “As zonas especiais de confinamento de pessoas, como asilos e presídios, são fundamenteis serem assistidos pela APS no território”, recomendou Minué.

O terceiro ponto abordado partiu de um problema identificado na Espanha, que segundo ele, foi a má gestão dos recursos humanos durante o manejo clínico da pandemia. “Há diferenças nos perfis dos profissionais de saúde requisitados durante a resposta clínica da doença e essa gestão precisa ser planejada no serviço de saúde”, explicou.

Porém o principal item colocado pelo médico espanhol e o maior desafio do primeiro nível de atenção passa pela reorganização do processo de trabalho da APS. “Para não deixar ninguém de fora e atender todos os pacientes, mesmo aqueles sem a Covid 19, a APS precisa estruturar muito bem a atenção para reduzir os contatos presenciais. Neste momento é muito importante desenvolver métodos de consulta por vídeo, por mensagens no celular ou por telefone entre a APS e o usuário”, defendeu Minué. “Haverá ocasiões em que o contato presencial será fundamental, mas precisa ser organizado para no domicílio do usuário”, completou.

Quando o atendimento remoto ou domiciliar for insuficiente para acompanhar o paciente, o médico espanhol sugere que o serviço de saúde organize sua rede hospitalar para diferenciar os centros de saúde destinados aos pacientes de Covid-19 dos não infectados. “Na Espanha, os centros de saúde voltados para atender os pacientes de Covid-19 fazem um rodízio no território para que os pacientes tenham acesso à assistência mais próximo de casa”, explicou Minué.

Adriano Massuda apontou a necessidade de os órgãos sanitários desenvolverem protocolos de cuidados diferenciados para o ambiente hospitalar e para a abordagem comunitária da Covid-19. “A APS precisa ter uma orientação melhor por meio de protocolos para abordar ações de saúde coletiva e utilizar melhor as ferramentas que dispõem, como os Núcleos de Apoio de Saúde da Família (Nasf), que possuem multiprofissionais a serem utilizados na resposta à doença. Falta uma melhor coordenação do cuidado e integração das ações entre a vigilância epidemiológica com a assistência”, alerta Massuda.

Renato Tasca concordou que a potencialidade da APS neste momento é o seu atributo comunitário, mas destacou que esta atenção precisa ser reorganizada durante a pandemia. “A APS não pode responder da mesma forma durante a pandemia de Covid-19, o nosso modelo de atenção atual precisa se projetar de forma diferente e a humanização virtual se coloca como a principal alternativa”, reafirmou o médico.

Nota publicada no site a APSREDES – https://apsredes.org/debate-virtual-discute-estrategias-para-a-aps-durante-a-pandemia-de-covid-19/

A APS no SUS no enfrentamento da COVID-19 – ações do Comitê Gestor da Rede APS

Neste momento excepcional de muitas incertezas, o comitê gestor da Rede de Pesquisas em APS vem estabelecendo encontros semanais virtuais para diálogos sobre estratégias para o fortalecimento da APS no SUS no enfrentamento da Covid 19.

Para discutir estas estratégias foram constituídos grupos de trabalho que elaborarão análises e propostas a serem apresentadas e debatidas em seminário nacional virtual a ser realizado no dia 16 de abril de 9 às 16hs via  zoom, alinhando-se à iniciativa da Abrasco que divulgou em carta “Sugestões para o fluxo de atendimento de pacientes sintomáticos respiratórios nas unidades de atenção primária (UAP), unidades de pronto atendimento (UPA) e serviços ambulatoriais” 

Foram conformados grupos de trabalho temáticos para informar os participantes e orientar as contribuições da Rede de Pesquisa em APS nos seguintes temas:

  1. Aspectos epidemiológicos da pandemia, panorama internacional, e projeções nacionais;
  2. Atuação das equipes multiprofissionais nos territórios: APS e vigilância epidemiológica, aspectos assistenciais com cuidado cotidiano à distância, ações com foco no domicílio, visita virtual de agente comunitário, estratégias de comunicação digital;
  3. Cuidar de quem cuida – proteção dos profissionais da saúde: abastecimento e distribuição de insumos e equipamentos para proteção dos profissionais de saúde, apoio social, saúde mental, transporte;
  4. Repercussões sociais da pandemia: iniciativas comunitárias solidárias e fortalecimento da ação comunitária das equipes;
  5. Repercussões da pandemia sobre a formação em saúde: consequências para ensino de graduação e pós-graduação do ensino a distância, ferramentas e educação e comunicação a distância;
  6. Entre o biológico e o social no Brasil no contexto da COVID-19, e o papel da Atenção Primária à Saúde;
  7. Necessidades de pesquisa em APS: Quais são as pesquisas que deveríamos desenvolver em atenção primária neste momento?

No dia 24 de março, 16 integrantes do Comitê Gestor da Rede APS reuniram-se virtualmente para organizar o Seminário Virtual da Rede já marcado para o dia 16 de abril. Dadas as circunstâncias atuais, não houve dúvida que o Seminário deveria se concentrar na atual pandemia de COVID-19, juntando experiências e recomendações sobre como a APS pode contribuir no enfrentamento desta grave crise sanitária e social. Durante esta reunião, determinou-se que a Rede produziria um conjunto de recomendações para as equipes de APS nos territórios, além da publicação de um número especial do periódico APS em Revista sobre o tema e a preparação do Seminário Virtual, tendo sido definidos os grupos temáticos de trabalho para orientar as contribuições dos integrantes.

As discussões durante esta primeira reunião virtual foram tão ricas que o Comitê decidiu manter reuniões virtuais semanais durante o período de isolamento social. Surgiu assim a proposta de cada semana ter um convidado especial que pudesse contribuir com as discussões.

A segunda reunião virtual foi realizada no dia 31 de março, com 22 participantes. O foco da reunião foi o tema “APS no enfrentamento ao COVID-19: qual a melhor forma de cuidar evitando o contágio”. O convidado especial desta semana foi Renato Tasca, Coordenador da Unidade de Sistemas e Serviços de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A reunião iniciou com a intervenção de Tasca que trouxe as experiências e problemas do combate à pandemia por Covid-19 na Itália e em duas comunidades autônomas da Espanha (Andaluzia e País Basco). Baseando-se nas experiências europeias, Tasca salientou que o fluxo de atenção à saúde não pode ser igual em todos os locais, nem em todos os momentos, porque não existe uma solução única ou perfeita, e as estratégias devem ser discutidas em cada contexto. Por isso, o importante é analisar de forma rápida qual é a melhor decisão a tomar em cada fase da pandemia e segundo o contexto local. As fases da epidemia indicam quando mudar o paradigma: não pode atrasar muito, mas também não pode adiantar. Com a necessidade de isolamento social para minimizar o contágio, as formas de acesso aos serviços precisam ser modificadas, estabelecendo-se novas formas de cuidado à distância restringindo o acesso direto ao serviço de saúde, mas sem deixar de cuidar.  Ressaltou também a urgência da divulgação dos produtos de pesquisas, debates e estratégias, que não podem ter os mesmos tempos da pesquisa tradicional do contexto pré-pandemia, pois é necessário desenvolver novas estratégias de cuidado com urgência.

A seguir, a professora e médica de família e comunidade, Claunara Schilling Mendonça sintetizou uma experiência de organização da atenção para o atendimento durante a pandemia numa Unidade Básica de Saúde de referência em Porto Alegre. Destacou a necessidade de: organizar pessoal de referência para gerenciar os fluxos; desenvolver formas de cuidado à distância; expor o menos possível o sintomático respiratório a diferentes profissionais na sua atenção; proporcionar equipamento de proteção individual (EPI) para todos os trabalhadores da saúde que estão atendendo; manter a lógica de “cuidar de quem cuida.

Na discussão final com todos os participantes em resumo, concluiu-se ser necessário fortalecer os atributos da APS especialmente a ação comunitária e foram identificados preliminarmente três grandes eixos de ação para as equipes de Saúde da Família em seus territórios: i) vigilância em saúde nos territórios, com apoio ao isolamento de casos, e contatos, educação em saúde, notificação, incentivo ao  isolamento social; ii) apoio aos grupos vulneráveis seja por sua situação de saúde e ou social articulado a iniciativas comunitárias com identificação, apoio e acompanhamento, e articulação intersetorial; iii) continuidade dos cuidados rotineiros da APS (como pré-natal, hipertensos, diabéticos, vacinação)  com novas formas de cuidado cotidiano à distância com disponibilidade de acesso à internet, WhatsApp, telefone, teleconsulta, separação de sintomáticos respiratórios; com cuidados específicos para evitar contágio de profissionais e usuários.

Convidamos a todos para discutir conosco estes temas no seminário dia 16 abril de 9hs às 12 hs e 14 às 16 hs

Desafios da APS no SUS no enfrentamento do Covid-19

9 hs: Mesa Redonda

Panorama da epidemia da Covid 19 no Brasil

Experiência de organização de serviço de APS

Eixos de intervenção da APS: o que é importante fazer?

Proteção e cuidados dos profissionais de saúde

Lições de experiências internacionais

 

14hs Painel – APS no SUS: importância da equipe multiprofissional, território e universalização no enfrentamento da Covid-19

Apresentações das sínteses dos grupos de trabalho da Rede APS

Abertura por Luiz Augusto Facchini: A pandemia e os desafios para o SUS em tempos de austericídio

CONVIDAMOS À PARTICIPAÇÃO NO SEMINÁRIO VIRTUAL DA REDE APS

Data: 16 abril   Horário: 9hs às 12 hs e 14hs às 16 hs   

Ágora Abrasco, uma nova forma da Saúde Coletiva produzir respostas à pandemia

Diante da ameaça à saúde das populações imposta pelo novo coronavírus, que desafia governos, autoridades sanitárias e sistemas de saúde, além de evidenciar vulnerabilidades provocadas pelas formas de produção e pelas condições de vida em sociedades de todo o mundo, a diretoria da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) convida todas e todos para a Ágora Abrasco, uma programação de atividades diversificadas transmitidas pela internet com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da pandemia, compreender fenômenos e propor respostas.

Ágora Abrasco visa, ainda, proporcionar diálogos e debates com diversos públicos, oferecendo um espaço de informação, de escuta e de troca intelectual. Desta forma, a Abrasco se soma aos esforços de construção de alternativas às fake news e às campanhas de desinformação estimuladas e disseminadas por atores políticos no contexto desta pandemia.

A programação acontecerá de quarta a sexta-feira, sempre às 16 horas, e vai se valer da ferramenta de conferências Zoom e da TV Abrasco, canal da Associação no YouTube. São três os formatos, um para cada dia:

Às quartas-feiras, os painéis irão reunir de 4 a 8 pesquisadores e personalidades de áreas distintas para analisar questões aplicadas ou controversas dos campos da Saúde Coletiva, da Ciência, da Educação e das Políticas Públicas, proporcionando diálogos e debates com diversidade e profundidade. O espaço será a ferramenta Zoom, com link divulgado nos canais de comunicação da Abrasco e limite máximo de 100 participantes.

Às quintas-feiras as lives serão transmitidas pela TV Abrasco para análises e conversas diretas e objetivas, com um ou dois pesquisadores da Abrasco, sobre temas candentes das conjunturas, seja da saúde, da política nacional ou internacional. O público poderá interagir com perguntas, dúvidas e comentários por meio do chat, mediado pela Comunicação Abrasco.

Na sexta-feira, a ágora, um espaço aberto que buscará identificar os destaques da semana, esclarecer questões, desmentir fake news, avaliar medidas e propostas. Sem temas pré-programados e voltada à ampla participação dos internautas, a ágora reafirmará a saúde como direito, o conhecimento como ponto de partida, e a diversidade como meta. A primeira edição será mediada por Naomar de Almeida Filho, vice-presidente da Associação.

lançamento da Ágora Abrasco será na terça-feira, 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, com uma mensagem ao vivo da presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo, para a população e os profissionais de saúde. “Neste momento em que vivemos uma crise sanitária, econômica e política sem precedentes é fundamental buscarmos outras formas de encontro e de troca para que possamos refletir e agir diante desse cenário. Por isso, a diretoria da Abrasco propõe essa programação de debates pela internet, explorando a potencialidade dessa ferramenta para uma comunicação mais próxima e com maior diálogo social, para juntos pensarmos respostas efetivas à pandemia sem esquecer da defesa dos direitos e da integridade das pessoas e populações. Assistam e participem” convida Gulnar.

Inscreva-se na TV Abrasco e ative o sino para receber as notificações e não perder nenhuma edição. A partir desta terça, dia 7, às 16 horas, a Saúde Coletiva tem um novo ponto de encontro – a Ágora Abrasco.

Presidentes da Abrasco, SBB, SBMT e Sobrasp enviam carta ao Ministro da Saúde sobre o risco de disseminação da Covid-19 nas unidades básicas de saúde

Em carta enviada na tarde desta quarta-feira, 1º de abril, ao Ministro da Saúde, os presidentes da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO); da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB); da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP), e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), com o apoio de especialistas envolvidos nos diversos aspectos do enfrentamento à pandemia, reconhecem a importância do Manual de Manejo Clínico da COVID-19, elaborado pelo Ministério da Saúde e suas revisões. No entanto, se mantêm preocupados com o elevado risco de disseminação do vírus nos serviços básicos de saúde. A experiência de outros países tem mostrado que minimizar o contato presencial entre profissionais de saúde e usuários com síndrome respiratória aguda grave, bem como evitar aglomeração de pessoas nestas unidades, é crucial para impedir a propagação do vírus, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde sobre a organização da atenção à COVID-19.

“Desta forma, entendemos que o fluxo de pacientes, tal como proposto no referido manual, não protege de forma adequada os profissionais envolvidos no atendimento e usuários que buscam serviços de atendimento nas unidades de atenção primária (UAP), unidades de pronto atendimento (UPA) e serviços ambulatoriais, ficando expostos ao contágio. Por esta razão, sugerimos algumas medidas referentes ao atendimento de pacientes sintomáticos, visando diminuir a exposição ao Sars-CoV-2 nestas unidades, conforme apresentado em anexo a esta carta” finalizam os docentes que presidem as entidades signatárias.

Assinam a carta Gulnar Azevedo e Silva (Abrasco); Dirceu Greco (SBB); Victor Grabois, (Sobrasp), e Pedro Fernandes da Costa Vasconcelos (SBMT). Além do gabinete do Ministro, o documento também foi enviado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS); à Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS/MS); ao Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS); e ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

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