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Arquivo Diário 30 de novembro de 2020

Pesquisa :Desafios da Atenção Básica no Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 no SUS

O Brasil ultrapassou a triste marca de mais de 100.000 brasileiros mortos pela Covid-19. Uma das mais importantes estratégias para tentar diminuir o espraiamento da pandemia e consequentemente o crescimento do número de mortes é uma ação articulada e uníssona dos milhares de serviços de Atenção Primária à Saúde.

O enfrentamento da pandemia Covid-19, além da garantia do cuidado individual requer uma abordagem comunitária de vigilância da saúde. Os serviços de atenção primária do SUS especialmente, as equipes da Estratégia Saúde da Família, por seus atributos de responsabilidade territorial, orientação comunitária e sua forte capilaridade em todo o território nacional são os mais adequados para esta abordagem. Mais que nunca, faz-se necessária a articulação do individual com o coletivo, a atuação integrada no âmbito das unidades de saúde com os territórios, a comunidade e seus equipamentos sociais.

É importante que a reorganização do processo de trabalho na APS no contexto da epidemia se faça de modo a preservar os seus atributos de acesso, longitudinalidade, coordenação do cuidado, abordagem familiar e abordagem comunitária. Ademais, é necessário manter o contato das pessoas com os profissionais de saúde que cuidam delas diariamente, seja para detectar precocemente a infecção por Covid-19, monitorá-la, atender a qualquer outro problema de saúde, garantindo a continuidade dos cuidados e o apoio social aos grupos vulneráveis, ao mesmo tempo em que se garantem as condições de proteção dos trabalhadores e da população. Dialogando com esta necessidade foi realizada a pesquisa “Desafios da Atenção Básica no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no SUS”, conduzida pela USP, Fiocruz, UFBA e UFPEL tendo sido uma iniciativa da Rede de Pesquisa em Atenção Primária da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), e apoio da OPAS.

A pesquisa teve como objetivo identificar os principais constrangimentos e as estratégias de reorganização da atenção primária à saúde/ atenção básica (APS/AB) utilizadas pelas Equipes de APS/AB no enfrentamento da Covid-19 nos municípios brasileiros. No presente relatório divulgamos os primeiros resultados da investigação, esperando que possam ser utilizados pelos gestores e profissionais, contribuindo para a superação da atual crise sanitária

RelatórioDesafiosABCovid19SUS

Relatório com os resultados  para o estado do Rio de Janeiro 

Confecção do relatório: Juliana Gagno Lima, Ligia Giovanella, Aylene Bousquat,Maria Helena Magalhães de Mendonça,Paulo Henrique dos Santos Mota,,César Luiz Silva Júnior, Fúlvio Nedel,Maria Guadalupe Medina,Luiz Augusto Facchini e  Rosana Aquino

O estudo foi  transversal, por meio de um websurvey entre os dias 25 de maio a 30 de junho de 2020 com o objetivo de identificar os principais constrangimentos e as estratégias de reorganização da APS no SUS utilizadas no enfrentamento da Covid-19 .

Leia o relatório  RelatórioEstadual_RJ_24.10.2020 (1)

Apresentação  APS e COVID_Rio de Janeiro_24.10 (1)

 

Relatório com os resultados para Minas Gerais

APS e COVID19_Minas Gerais_03.11

Artigo em destaque: Expansão da atenção primária à saúde e mortalidade na população urbana pobre do Brasil

Artigo publicado na revista Plos Medicine no dia 30 outubro de 2020 apresenta um estudo de coorte realizado na cidade de Rio de Janeiro que aponta que a expansão da ESF a partir de 2008 na cidade está associada com reduções no risco de morte em populações urbanas pobres.

O estudo de coorte foi realizado com 1,2 milhões de adultos (15-84 anos) de baixa renda, registrados na base de dados do Cadastro Único no período 1 janeiro 2010 a 31 dezembro 2014 residentes na cidade de Rio de Janeiro, Brasil. Os registros do Cadastro Único foram vinculados com os cadastros da Estratégia de Saúde da Família (data de cadastro e utilização); registros de mortalidade 2010-2016 (data e causa de morte) e registros públicos de internações hospitalares. Foi estimado o tempo transcorrido até a morte por todas as causas e por causas especificas definidas, para usuários e não usuários da ESF.

Na coorte 67% (827.250 pessoas) recebiam Bolsa Família e 37,6% (467.155 pessoas) utilizavam os serviços da ESF. Foram analisados 34.091 óbitos: 8.765 (26%) por doenças cardiovasculares; 5.777 (17%) por neoplasias; 5.683 (17%) por causas externas; 3.152 (9%) por doenças respiratórias; e 3.115 (9%) por doenças infecciosas e parasitárias.

Na análise de sobrevivência encontrou-se que em média um usuário da ESF teve um risco 44% menor de mortalidade por todas as causas e uma redução de risco de morte em 5 anos de 8,3 por 1.000 (IC 95% 7,8–8,9, p <0,001) em comparação com um não usuário da ESF. Encontraram-se maiores reduções no risco de morte em usuários da ESF negros ou pardos em comparação com brancos. Também, observaram-se maiores reduções no risco de morte em usuários da ESF com nível de escolaridade mais baixo. Indivíduos em domicílios que recebem o Bolsa Família, também tiveram maiores reduções no risco de morte associadas ao uso da ESF em comparação com famílias não beneficiarias.

Os autores concluíram que a expansão da ESF na cidade do Rio de Janeiro desde 2008 pode estar associada a melhorias importantes na saúde e na redução das desigualdades em saúde nas populações urbanas pobres. Segundo os autores: “o estudo indica que a expansão da ESF no Rio de Janeiro foi associada a reduções substanciais no risco de morte em populações urbanas pobres. Aqueles com menor escolaridade, em domicílios beneficiários do Bolsa Família, ou que eram negros ou pardos tiveram maior redução relativa e absoluta no risco de morte, com evidências de que a ESF reduziu desigualdades sociais na mortalidade. A diminuição na mortalidade associada à utilização da APS foi maior entre aqueles que usam os serviços com mais frequência e por períodos mais longos, aumentando a plausibilidade dos achados.” (Hone et al, 2020:20).

Hone T, Saraceni V, Medina Coeli C, Trajman A, Rasella D, Millett C, et al. (2020) Primary healthcare expansion and mortality in Brazil’s urban poor: A cohort analysis of 1.2 million adults. PLoS Med 17(10): e1003357. https://doi. org/10.1371/journal.pmed.1003357

Acesse o artigo na integra no link a seguir https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1003357

https://journals.plos.org/plosmedicine/article/file?id=10.1371/journal.pmed.1003357&type=printable

Por Diana Ruiz doutoranda ISC/UFBA que contribui para a REDE APS.