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Arquivo Diário 23 de agosto de 2022

13o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva: 5.578 resumos aprovados

Abrascão divulga resultados: 5.578 resumos aprovados, sendo 1.008 comunicações orais e 4.570 apresentações assíncronas curtas.

Ao todo, 85% dos resumos submetidos foram aprovados, garantindo assim os critérios de qualidade dos congressos da Abrasco e ampliando a participação da comunidade na Saúde Coletiva.

Para consultar mais informações sobre a aprovação do resumo submetido, acesse a página oficial do congresso através do link (https://www.saudecoletiva.org.br/) ou clique aqui.

A programação parcial do evento já está disponível no site e pode ser conferida através da imagem abaixo:

Abrasco na Imprensa: Pesquisadores alertam sobre suspesão do uso de máscaras em aeroportos

Em entrevista para a Folha de S. Paulo, abrasquianos alertam para decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que suspende a necessidade do uso de máscaras em aviões e aeroportos no Brasil. A matéria ouviu o vice-presidente da Abrasco, Claudio Maierovitch e a abrasquiana Ethel Maciel sobre a suspensão da obrigatoriedade da medida sanitária

O vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Claudio Maierovitch, diz que do ponto de vista científico, retirar a obrigatoriedade significa facilitar a transmissão do vírus. “Não entendo por que tamanha pressa em tirar um instrumento que comprovadamente funciona para frear isso”, afirma o epidemiologista, que ressalta que a média móvel de mortes provocadas pelo coronavírus —atualmente, 176 por dia— ainda é alta.

A abrasquiana e integrante da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, Ethel Maciel, professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), entende que faz sentido realizar o debate agora sobre a obrigatoriedade ou não do uso. “Já esperávamos que no final de julho ocorresse a diminuição da onda da variante ômicron. De todos os momentos que passamos [na pandemia], esse é o mais oportuno para a discussão”, afirma.

“Diria que o transporte aéreo é um dos únicos lugares do Brasil que tivemos a colocação de filtros HEPA [‘alta eficiência de filtragem de partículas do ar’, em português], investimentos de melhoria de qualidade do ar. Porém, ainda que haja esse filtro, se você estiver em um ambiente fechado, é melhor se proteger com a máscara”, recomenda Maciel.

Para os pesquisadores, apesar da baixa na transmissão do vírus, o uso de máscara ainda é uma alternativa eficiente para a prevenção da Covid-19 e de outras infecções respiratórias: “É uma medida barata, simples, efetiva e que não tem efeitos colaterais, nem impactos negativos sobre a autonomia das pessoas. Então, ela deveria ser a última a ser retirada”, finaliza Maierovitch.

Leia a matéria completa, publicada em 17 de agosto de 2022

Esquenta Abrascão debate impacto da ultradireita nas áreas da saúde e economia

A pandemia do coronavírus trouxe à tona diversas reflexões, dentre elas a relação entre capitalismo, doença e política de saúde. A crise sanitária do Brasil na contenção do Covid-19 foi consequência do desmonte da saúde pública e do crescimento do neofascismo, além de ter acarretado no cenário da fome na qual o país se encontra atualmente.

Dessa maneira, é ainda mais evidente que saúde e democracia são essenciais para a manutenção uma da outra, bem como de todos os avanços civilizatórios alcançados e novos tempos a serem construídos.

A partir dessa perspectiva, o Esquenta Abrascão traz à roda da TV Abrasco esse debate estratégico que reúne geopolítica, economia e saúde.


Esquenta Abrascão – Economia Política da Saúde: APS, ultradireita e o debate crítico na contemporaneidade

Data: 30 de agosto

Horário: às 16 horas

Convidados:

Lúcia Guerra – Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém (UFOPA)

Leonardo Carnut – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo (UNIFESP)

Mariana Alves Melo – Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, (COSEMS-SP)

Celso Zilbovicius – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO/USP) e GT Saúde Bucal Abrasco.

Thaisa Simplício Matias – Movimento Social: Frente Nacional Contra Privatização da Saúde – Seccional Campina Grande, Paraíba (PB)

Coordenação:

Áquilas Mendes – Membro da Comissão de Política, Planejamento e Gestão Abrasco. Universidade de São Paulo (USP)

Assista à transmissão na TV Abrasco:

Inscreva-se no Canal e clique no sino para receber a notificação do início da sessão:

“Projeto para o SUS não é uma utopia” – perspectivas para a saúde pautaram Esquenta Abrascão

Para que o direito à saúde seja assegurado, é necessária a construção de um sistema de saúde universal e gratuito, além de garantir a qualidade de seus serviços. A partir dessa compreensão, o Esquenta Abrascão do dia 09 de agosto debateu os desafios persistentes para o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e perspectivas para garantir melhor acesso da população brasileira.

Para os convidados, as maiores dificuldades em se fortalecer o Sistema Único de Saúde advêm da falta de políticas públicas voltadas para a área. “Precisamos olhar para o enfrentamento da privatização e para a falta absoluta de um plano que pudesse minimamente organizar o trabalho do SUS a partir da dimensão do trabalho público”, resumiu Dário Frederico Pasche, um dos coordenadores do debate.

Além desse problema a ser superado, os participantes ainda refletiram sobre os efeitos da desigualdade entre as regiões do país no acesso aos serviços de saúde, a importância de se pensar em interseccionalidade, a estrutura atual do SUS, sua eficiência e a necessidade de informação pública transparente dos dados, e reforçaram a importância de se entender a saúde enquanto um projeto.

“Quando a gente fala de agenda, a gente tem que ter um projeto aterrissado. E isso não é simples. Temos um imaginário de SUS igualitário e na realidade vemos leitos sendo reduzidos. Temos desafios estruturais no Brasil, e o maior deles é a desigualdade.”, afirma Lígia Bahia.

O debate também abriu espaço para proposta de resoluções para esses problemas: dar incentivo à dedicação exclusiva ao SUS de serviços contratados, a organização de serviços públicos especializados em toda a área de saúde, estender a cobertura às populações indígenas residentes em área urbana e a ampliação de equipamentos e tecnologias.

A mesa contou com a presença de Lígia Bahia (UFRJ e Comissão de Política, Planejamento e Gestão/Abrasco), Luiz Augusto Facchini (UFPel e Rede APS), Luiza Garnelo (ILMD/Fiocruz Amazônia e GT Saúde Indígena/Abrasco) e Diana Anunciação Santos (UFRB, GT Racismo e Saúde/Abrasco e vice-presidente da Abrasco); sob mediação de Marilia Louvison (FSP/USP, vice-presidente da Abrasco), Martinho Silva (IMS/Uerj e GT Violência e Saúde/Abrasco) e Dário Frederico Pasche (UFRGS, Comissão de Política, Planejamento e Gestão/Abrasco).

Assista a transmissão completa abaixo:

Perspectivas do pensamento crítico para sistema de saúde brasileiro no Esquenta Abrascão

Por compreender que a América Latina e o Caribe precisam apostar em novas alternativas para a garantia do direito humano à saúde, a Abrasco participou da II Conferência Latino-americana e caribenha de pensamento crítico na Saúde, promovida pelo Conselho Latino-Americano e Caribenho de Ciências Sociais (Clacso) no último mês de junho – clique e confira a matéria que traz as sessões transmitidas pela TV Clacso.

Para dar continuidade a esse debate, o Esquenta Abrascão traz para a programação a sessão “Refundação dos sistemas de saúde na América Latina e Caribe à luz do pensamento crítico latino-americano – para pensar o caso brasileiro”, numa ação em parceria entre o Grupo de Trabajo Salud Internacional/Clacso – Equipe Brasil e seus integrantes associados à Abrasco.


Esquenta Abrascão – Refundação dos sistemas de saúde na América Latina e Caribe à luz do pensamento
crítico latino-americano – para pensar o caso brasileiro

Data: 23 de agosto

Horário: Às 16 horas

Palestrantes:

Gonzalo Basile – GT Salud Internacional CLACSO; FLACSO República Dominicana

Leonardo Matos – IESC/UFRJ; Movimento Pela Saúde dos Povos; GT Salud Internacional
CLACSO

Julieta Elisa Paredes Carvajal – Responsável das Relações Internacionais do Feminismo
Comunitário de Abya Yala, Bolívia. Doutoranda em Psicologia da USP

Alexsandra Rodrigues de Lima – Movimento Sem Terra

Debatedora:

Adelyne Pereira – ENSP/Fiocruz; Comissão de Política, Planejamento e Gestão da
Abrasco; GT Salud Internacional CLACSO

Coordenadora:

Leny Trad – FASA/ISC/UFBA; GT Racismo e Saúde da ABRASCO; GT Salud Internacional
CLACSO

Organização:

GT Salud Internacional CLACSO (Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales) – equipe
Brasil e membros da Abrasco

Asssista à transmissão na TV Abrasco

Inscreva-se no Canal e clique o sino para receber a notificação do início da sessão:

APS no enfrentamento da Covid-19: no território ou no consultório?

A pesquisa “Desafios da Atenção Básica no enfrentamento à pandemia de Covid-19 no SUS” consistiu em estudo transversal no formato de inquérito, com uma amostra aleatória de 945 UBS brasileiras, com representatividade em nível nacional e para cada uma das cinco regiões brasileiras. As Informações foram coletadas entre 15 de julho e 12 de novembro de 2021 em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. Os principais resultados foram apresentados em seminário que chamou a atenção para a necessidade de atuação das equipes de APS no território em na UBS, na abordagem individual e na abordagem coletiva. O seminário está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=aQTb-Indgpc&list=RDCMUCZsVg7kvQGv7-fuoGsWKyuw&start_radio=1.

A pesquisa desvela reflexos diretos da pandemia, com aumento da demanda de trabalho em 86% das UBS do país (em 56% houve grande aumento e em 30% houve aumento da demanda de trabalho). A quase totalidade das equipes (87,5%) informou estar sobrecarregada (48%) ou muito sobrecarregada (39%). No entanto, os profissionais tinham acesso a apoio psicológico em somente 47% das UBS. É importante lembrar que o aumento da sobrecarga laboral já ocorria antes do advento da pandemia, desde a PNAB 2017, com diminuição do número de ACS, abandono dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família (NASF) e redução de financiamento para  Estratégia Saúde da Família.

Os resultados ressaltam o importante papel que a Atenção Primária à Saúde (APS) brasileira vem desenvolvendo, principalmente as equipes da Estratégia Saúde da Família, a despeito das dificuldades do cenário pandêmico e da ausência de coordenação nacional.

No seminário, os debatedores ressaltaram a importância destes resultados para a orientação de estratégias para o enfrentamento das novas demandas e o fortalecimento da orientação comunitária, da vigilância à saúde e territorialização.

“Precisamos vencer os desafios que estão colocados na APS superando as desigualdades regionais, a desarticulação da coordenação nacional e o desmonte de um componente estratégico e fundamental que ocorreu na AB durante esses últimos anos que foi muito sentido durante a pandemia. Eu me refiro ao desmonte da organização e estruturação dos NASF que com o novo modelo de financiamento da atenção básica os recursos destinados à indução de organização dos NASF foram incorporando para  financiamento das equipes mínimas. Equipes multiprofissionais que seriam muito importantes no enfrentamento da pandemia.”

Nésio Fernandes (CONASS)

 

“O ACS quando está no território cumpre melhor toda a perspectiva de trabalho que está posta para a Estratégia de Saúde da Família e para o trabalhador. O cumprir melhor significa dialogar com mais capacidade com essas dimensões que a pesquisa abordou (o cuidado, a vigilância, o monitoramento, o apoio social). O ACS exerce um cuidado no seu nível, com acompanhamento de pacientes, promoção a adesão de cuidados, atenção ao aparecimento de sintomas, leva as informações das equipes; tem papel importantíssimo na vigilância. Pensar vigilância em saúde no nosso país e nas nossas condições sanitárias é pensar em estar no território. […] Retirar o ACS do território é desarticular a possibilidade de considerar a determinação social do processo saúde-doença como uma diretriz.”

Angélica Fonseca (EPSJV/Fiocruz)

 

“A pesquisa da Rede APS com ondas no ano de 2020 e 2021 retrata o papel da APS e traz questões muito importantes, principalmente a riqueza dos dados nacionais de um país que possui dimensões continentais e extremamente desigual. O estudo revela a capacidade de resiliência e de resistência da APS não só a esse governo federal, mas resistir desde 2016 o processo de desconstrução de políticas.”                                                                                  Adriano Massuda (FGV-USP)

 

Principais resultados da pesquisa

Acesso a internet e computadores: O acesso à internet tem marcadas diferenças regionais, com piores condições na Região Norte, na qual apenas 58% das UBS referem possuir internet com qualidade adequada para as suas atividades, frente à média nacional de 76%. Apenas metade das UBS tem telefone fixo e somente 28% dispõem de celular. Os profissionais usam celular privado frequentemente para atividades de trabalho em 63% das UBS. A disponibilidade de computador com câmera e microfone e com conexão de internet, item essencial para a realização de consultas e acompanhamentos online, foi reportado por 27,5% das UBS 

Vigilância em Saúde: Neste estudo, sete das dez ações de Vigilância em Saúde (VS) investigadas apresentaram diferenças significativas entre as regiões do país. Ainda assim, em todo o país, as atividades de Vigilância em Saúde sob governabilidade das equipes das UBS mostraram um desempenho bom (busca ativa e acompanhamento de quarentena: 82%) e até mesmo ótimo (incentivo ao isolamento; monitoramento de casos e atividades educacionais: 87% ou mais das UBS realizam). As atividades que dependiam da gestão (testes, sistemas de informação) tiveram piores resultados.

Organização do trabalho e fluxos Covid: Diante da severidade da pandemia, 30% das UBS atendiam a casos graves, com porcentagens mais elevadas na região Sul (48%) e menores no Nordeste (20%). Para o cuidado dos usuários houve a introdução de diversas e novas modalidades de acompanhamentos de usuário. A maioria das UBS utilizou principalmente telefonemas (85%), exceto no Norte, onde as visitas domiciliares foram a modalidade mais frequente de acompanhamento (77%). Chama a atenção a menor proporção de visitas domiciliares no Sul (59%) e Centro-Oeste (58%). A região Nordeste destaca-se pelo uso de videochamadas (27%), superior à média nacional.

Continuidade do cuidado: Embora as UBS tenham mantido ações para continuidade do cuidado, houve diminuição da oferta de consultas para usuários portadores de doenças crônicas em 60% das UBS no país, sem diferenças significativas entre regiões. Tal redução teve impacto negativo, prejudicando o cuidado em cerca de um terço das UBS no país (34%).

Apoio Social: As atividades de apoio social no território da UBS foram a dimensão com o menor desenvolvimento no enfrentamento da pandemia. Não obstante, em 30% das UBS, foram empreendidas iniciativas de articulação com movimentos sociais e em 42%, houve articulação com outra organização ou instituição. 

Dificuldades no enfrentamento da Covid-19

Os resultados indicam a necessidade de grandes investimentos no SUS e na APS, em especial para o atendimento de pessoas com  Covid longa e dar conta do acúmulo das condições crônicas nos últimos dois anos. Para o controle da pandemia, é imprescindível ativar ainda mais os atributos comunitários das equipes; ampliar a associação às iniciativas solidárias das organizações comunitárias e articular-se intersetorialmente para apoiar a população em suas diversas situações de vulnerabilidade. É necessário também garantir a continuidade das ações de promoção, prevenção e cuidado, criando novos processos de trabalho para a vigilância em saúde e para a continuidade da atenção para quem dela precisa.

Disparidades regionais

Internet, disponibilidade de testes e EPI são bastante diferentes entre as regiões. A região Sul em geral apresentou melhores resultados na disponibilidade de equipamentos, principalmente em relação às regiões Norte e Nordeste.

Em outra direção, as UBS do Nordeste foram o destaque positivo da pesquisa na temática da Vigilância em Saúde com maior presença em ações no território e participação dos ACS.

 

A pesquisa foi coordenada por Aylene Bousquat (USP), Ligia Giovanella (Fiocruz) , Luiz Augusto Facchini (UFPel), Maria Helena Magalhães de Mendonça (Fiocruz), Geraldo Cury (UFMG), Fúlvio Nedel (UFSC). Teve o apoio financeiro da OPAS e Umane.

O relatório completo pode ser consultado clicando aqui (ou pelo link: https://redeaps.org.br/wp-content/uploads/2022/08/Rede-APS.-Relatorio-Pesquisa-Desafios-da-Atencao-Basica-no-enfrentamento-da-pandemia-Covid-19-2021-1.pdf) .