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Arquivo Mensal abril 2018

A implantação de um curso de medicina no semiárido nordestino

A implantação de um curso de medicina situado na cidade de Caicó (RN), no semiárido nordestino – a 280 quilômetros da capital do estado – e seus tensionamentos nos sistemas de saúdes locais. É esse o tema do relato feito por Lucas Pereira de Melo e outros sete autores, publicado em setembro de 2017 na Revista Interface.

A experiência institucional e curricular do curso de Medicina na da escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM), da UFRN, que teve início de sua implantação em 2012. Partindo da missão constitucional do SUS de ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde, a inadequação da formação médica às necessidades do SUS e da população e o lançamento do Programa Mais Médicos em 2013, o artigo descreve o processo de construção do projeto pedagógico do curso. A partir de uma série de reuniões e audiências públicas nos municípios da região de inserção da EMCM, havia o objetivo inicial de produzir um currículo “mais sensível às realidades locais e às necessidades de saúde da população”, com módulos, por exemplo, vinculados à Saúde Ambiental e a inserção dos graduandos nas comunidades da área.

Destaca também a iniciativa política da UFRN de garantir o acesso de estudantes da própria região do entorno da faculdade ao curso. A partir de um instrumento denominado Argumento de Inclusão Regional, os estudantes que terminaram ensino médio em localidades vizinhas ao campus ganhavam um bônus de 20% na nota do Sistema de Seleção Unificada (SISU). Com essa política, os pesquisadores afirmam que atualmente 67,5% dos alunos do curso são oriundos de munícipios do sertão potiguar e paraibano.

Destacam também a prioridade que a formação e o desenvolvimento docente tiveram nesse processo. Foram realizados uma série de cursos e oficinas sobre metodologias de ensino e disponibilizadas vagas do Mestrado Profissional para a titulação de todos os docentes do campus.

O projeto curricular do curso foi dividido em eixos pedagógicos estruturantes: o Ensino Tutorial, as Habilidades Clínicas, Morfofuncionais e de Comunicação e a Integração Ensino-Serviço-Comunidade. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, o curso tem a primeira fase de Fundamentos da Prática Clínica, com 31 módulos interdisciplinares nos quatro primeiro anos da graduação, a partir dos eixos de ensino tutorial, de habilidades e na comunidade.  E, posteriormente, a segunda fase, com os dois anos finais de Internato Médico.

Os três eixos englobam sessões tutoriais, conferências semanais e oficinas práticas de habilidades e atividades inseridas diretamente em serviços do SUS. Diferentes formas de avaliação são descritas para cada um dos eixos foi desenvolvida, mediante as características do processo formativo das modalidades de ensino.

Os autores apontam obstáculos a implementação do projeto como a resistência ao modelo pedagógico baseado em metodologias ativas de aprendizagem, o comprometimento insuficiente de docentes com o curso e a sobrecarga dos estudantes e do trabalho docente.

Destacam também, além da graduação, a constituição de programas de Pós-Graduação, com funcionamento de dois cursos de Residência Médica (Cirurgia e Medicina de Família e Comunidade) e dois de Residência Multiprofissional em Saúde (Atenção Básica e Saúde Materno-Infantil), totalizando 71 vagas anuais.

Além disso, trazem à tona a prioridade na construção da Extensão Universitária no processo, com um total de 24 projetos, 5 cursos e 2 Programas de Extensão entre 2014 e 2016. Aponta-se aqui estas iniciativas como o elo entre a universidade e a comunidade, com suas complexas necessidades de saúde. Temas como a pesquisa, a titulação do corpo docente e a estrutura do campus também são abordados no relato.

Em suma, o artigo relaciona a implantação de um curso de Medicina inserida na luta em defesa dos princípios do SUS. Segundo os autores, “apesar de todas as potencialidades e conquistas, ainda são grandes os obstáculos e desafios a serem vencidos para que a EMCM-UFRN funcione em toda a sua capacidade e plenitude”.

Boa leitura!

 

ANS lança projeto para estimular atenção primária em saúde

 ANS lança projeto para estimular atenção primária em saúde 

 Iniciativa visa melhorar o cuidado incentivando estratégias de prevenção e fortalecendo assistência básica na saúde suplementar 

 

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apresentou nesta quinta-feira (26/04) o Projeto de Atenção Primária à Saúde (APS). A iniciativa prevê a concessão, por intermédio de entidades acreditadoras independentes, de um selo de qualidade às operadoras de planos de saúde que cumprirem requisitos pré-estabelecidos. O objetivo de instituir o selo APS é estimular a qualificação, o fortalecimento e a reorganização da atenção básica, por onde os pacientes devem ingressar no sistema de saúde. O projeto propõe ainda a implementação de modelos adequados de remuneração de prestadores, com foco no cuidado do paciente, e a adoção de indicadores para monitoramento dos resultados em saúde. A proposta da ANS é que a adesão seja voluntária.

O Projeto APS pretende envolver a coordenação e a integração do cuidado em saúde centrado no paciente, incentivando o desenvolvimento de estratégias de cuidado integral, especialmente de doenças crônicas não-transmissíveis mais prevalentes em adultos e idosos, tais como, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias e câncer. Doenças e condições ligadas ao ciclo de vida (de crianças e adolescentes), à maternidade e ao período perinatal, além de doenças emergentes, como depressão e quadros de demência e doenças bucais mais prevalentes, como cárie e doença periodontal também poderão ser tratados no programa.

“Estamos propondo a desconstrução de um modelo vigente por décadas, e que tem se mostrado ineficaz. Hoje, o paciente começa o atendimento em uma instância de maior complexidade (hospital) e não encontra organização e linearidade no cuidado. Dessa forma, recebe uma assistência fragmentada e que acaba gerando também muitos desperdícios ao longo do sistema”, explica o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar. Com a implementação do projeto, espera-se a ampliação do acesso dos beneficiários a médicos generalistas; a vinculação dos doentes crônicos a coordenadores de cuidado; a redução das idas desnecessárias a unidades de urgência e emergência e das internações relacionadas a casos que podem ser resolvidos na atenção primária; e a ampliação da proporção de usuários que fazem uso regular de um mesmo serviço de saúde. Esses itens serão medidos através de indicadores específicos.

“Estima-se que atenção primária resolva de 80% a 85% dos problemas de saúde da população, ou seja, é um nível fundamental da assistência que precisa ser incentivado e aprimorado para que tenhamos melhores resultados em saúde e para que todo o sistema funcione bem. Além da melhoria do cuidado, a implementação de estratégias de atenção primária contribui para a sustentabilidade do setor, já que são capazes de reduzir custos ao focar em prevenção e promoção da saúde”, analisa a Gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial, Ana Paula Cavalcante.

Para elaborar a proposta do Projeto APS, a ANS está utilizando experiências bem-sucedidas que já vem desenvolvendo em conjunto com operadoras e prestadores de serviços de saúde, como os projetos Parto Adequado, Idoso Bem Cuidado e OncoRede. A proposta também é inspirada em experiências desenvolvidas em outros países, como Reino Unido e Canadá, baseadas em premissas como acolhimento, coordenação e integralidade do cuidado, orientação ao paciente e à comunidade, cuidado multiprofissional e foco em promoção, prevenção, reabilitação e cuidados paliativos. “Partimos de necessidades identificadas para melhorar o cuidado aos pacientes com condições crônicas, reconhecendo a importância da reorientação dos modelos de prestação e remuneração de serviços na saúde, contando com os resultados já factíveis atingidos em outros projetos que estamos desenvolvendo. Estamos confiantes que teremos muitas adesões de operadoras interessadas em melhorar a qualidade da atenção prestada a seus beneficiários”, avalia o diretor.

Os requisitos que devem ser cumpridos pelas operadoras interessadas em participar do projeto se enquadram em seis eixos: planejamento e estruturação técnica; ampliação e qualificação do acesso; integração e continuidade do cuidado; interações centradas no paciente; monitoramento e avaliação da qualidade; e modelos inovadores de remuneração baseados em valor.

Antes de ser implementado, o projeto ainda será submetido à participação social para que o setor de saúde suplementar e a sociedade de maneira geral possam conhecer em detalhes as propostas e contribuir com sugestões. A previsão é que a iniciativa possa começar a ser executada ainda este ano.

Parceria com BNDES

A ANS também pretende firmar uma parceria com o BNDES como forma de fomentar projetos em APS na saúde suplementar por meio de recursos destinados à implementação de estruturas necessárias de atenção primária. “Estamos trabalhando nessa parceria com o BNDES como forma de incentivo para as operadoras se adequarem ao modelo APS”, reforça Aguiar.

 

Gerência de Comunicação Social da ANS
Contatos: (21) 2105-0034, 2105-0044, 2105-0074 e 2105-0075

Especialistas de quatro países defendem sistemas de saúde pública

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) reuniu especialistas de quatro países, nesta terça-feira (24), em Brasília, para debater os principais desafios em termos de financiamento e sustentabilidade de sistemas públicos que tem como princípio o acesso universal da população à saúde, como é o caso do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, criado em 1988 pela Constituição Federal.

Em comum, Inglaterra, Portugal, Canadá e Costa Rica também têm sistemas de saúde predominantemente de caráter público e gestão estatal. Para o britânico Thomas Hone, do Departamento de Atenção Primária e Saúde Pública do Imperial Collegede Londres, “é essencial manter o financiamento público” para a garantia do direito à saúde universal.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que congrega os secretários estaduais da Saúde e seus substitutos legais. O Conass foi criado em 1982 e tem sede no Distrito Federal.

Reino Unido

No caso do Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), um dos mais consolidados do mundo, criado em 1948, oferece acesso gratuito a toda população, com forte ênfase na atenção básica. “Um médico da família acompanha diretamente cada núcleo familiar. Nós também temos uma base de dados bem grande, com informações de saúde sobre cada família. A partir da atenção básica, nós conseguimos encaminhar para uma atenção secundária mais específica, quando necessário”, explica Hone.

Os investimentos em saúde na Inglaterra correspondem a um gasto anual de US$ 4.350 dólares por pessoa, enquanto no Brasil a média fica em US$ 750, compara o especialista. O orçamento público também é significativamente superior. Enquanto, em 2017, os britânicos reservaram cerca de R$ 569 bilhões se reais para o seu NHS, o governo federal brasileiro disponibilizou R$ 125,3 bilhões para o Ministério da Saúde.

Mesmo assim, Thomas Hone reconhece que o baixo crescimento econômico dos últimos anos e a política de austeridade dos últimos governos impactaram os investimentos públicos em saúde na Inglaterra, gerando um aumento no grau de insatisfação da população, mas que não chegou a abalar a confiança popular no NHS. “Por que a nossa população apoia [o sistema público]? Porque eles sabem que serão atendidos, não importa o montante financeiro que cada um tem”, explica.

Canadá

Uma das formas de enfrentar a limitação de recursos públicos, um problema que em geral afeta a maioria dos países, Denis Roy, do Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Serviços Sociais, organização da sociedade civil que atua na província de Quebéc, no Canadá, fala em pensar outro tipo de eficiência e racionalidade, que não se prende apenas à redução de gastos. “É preciso medir os resultados e utilizar dados de maneira mais rotineira. (…) Buscamos construir sistema de saúde que vai além da oferta de tratamentos individuais, mas agrupando um conjunto populacional”.

Em seu país, admite Denis Roy, a atenção primária ainda não é suficientemente acessível a toda a população e há desigualdade no acesso para povos tradicionais, como os indígenas. Ele defende a saúde numa dimensão integrada entre comunidades locais, Poder Público e setor científico e acadêmico.

Costa Rica

Na Costa Rica, o sistema de saúde é baseado em seguro público de saúde, de caráter universal, solidário e obrigatório. O financiamento do sistema se dá por meio da cotização entre empregadores, empregados e o governo, sendo que a maior parte é custeada pelos próprios empregadores, diretamente sobre o salário dos trabalhadores. O modelo alcança 70% da população. “Priorizamos o atendimento e as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, por meio de equipes básicas de saúde, constituídas por médico clínico geral, auxiliar de saúde e um técnico de atendimento primário”, detalha Maurício Vargas, diretor da Escola de Saúde Pública da Universidade da Costa Rica.

A cobertura, garante, é total para todo o tipo de tratamento de saúde no país centro-americano. Apesar de o modelo vigorar no país por décadas, o momento atual, com alto índice de desemprego e aumento do subemprego, está afetando a sustentabilidade financeira do sistema costarriquenho, que depende das cotas incidentes diretamente nos salários. Para Vargas, é necessário rever esse modelo para incluir, além das cotas, o aporte de recursos oriundos dos impostos gerais.

Portugal

Em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde, criado em 1979, desfruta de um “forte consenso em torno de seu modelo de funcionamento”, explica Jorge Simões, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa. Ele explica que 66% da cobertura em saúde são financiadas por recursos públicos e o restante por meio de planos privados ou vinculados a categorias profissionais específicas.

Ao todo, Portugal investe 8,9% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em saúde. No Brasil, o percentual é praticamente o mesmo. “Há o pagamento de taxas moderadoras públicas [no caso do sistema público], mas metade da população está isenta desse pagamento, que se aplica a consultas, mas não para internação hospitalar”, exemplifica o professor, que atualmente é o presidente do Conselho Nacional de Saúde do país.

Sobre a sustentabilidade do modelo, Jorge Simões reconhece que não há mais como reduzir o custo dos gastos em saúde e que será necessário garantir que o Estado aporte mais recursos públicos. “[Será preciso] um acréscimo de financiamento público, para isso é necessário que a economia funcione melhor, e também [é necessário] mais eficiência no funcionamento do sistema público de saúde, com ações de gestão”, aponta.

 

Atenção primária é o meio mais eficaz de garantir bem-estar na velhice

Constituição de 1988 consagrou a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros agravos e possibilitando o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação”. No entanto, 30 anos depois, cresce o temor entre profissionais da área de que o Sistema Único de Saúde (SUS), criado para valer fazer esse direito, esteja debaixo de enorme pressão e em processo de desmantelamento. Esse foi o assunto recorrente do I Simpósio Nacional sobre Saúde, Envelhecimento e Estado de Bem-estar, realizado semana passada na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Diante de uma plateia majoritariamente jovem, Dalia Romero, que é pesquisadora da instituição, mestre em Demografia e doutora em Saúde Pública, ressaltou a importância da atenção primária de saúde: “no que diz respeito ao envelhecimento da população, isso é fundamental. Embora as doenças crônicas façam parte da velhice, o foco não deveria estar apenas nelas, e sim no bem-estar das pessoas. E o melhor indicador de bem-estar é a capacidade funcional, de poder realizar as atividades diárias, como comer, tomar banho, sair à rua. Pode haver a presença da doença, mas a independência está mantida”.

Dalia lembrou que, em áreas pobres onde há atenção primária adequada, é possível encontrar indivíduos vivendo numa situação de mais bem-estar do que em regiões de classe média onde idosos moram sozinhos: “o papel do agente de saúde é crucial. Sem atenção primária, caminhamos para o risco de um número maior de internações por condições que poderiam ser evitadas, como hipertensão ou diabetes”. E ainda enfatizou a possibilidade de utilização de tecnologias de baixo custo para beneficiar os mais velhos, citando o exemplo de Portugal, que distribui talheres especiais para portadores do Mal de Parkinson – “atenção primária interessa a todos”, resumiu.

Para Marco Aurelio C. Nascimento, assessor da Coordenação das Ações de Prospecção da Fiocruz, o SUS “é um ativo estratégico nacional para atender ao número crescente de idosos”. Para ilustrar a dimensão do Sistema Único de Saúde, apresentou alguns números: num país de 200 milhões de habitantes, há 130 milhões cobertos pelo programa de Saúde da Família. O SUS realiza 1.5 bilhão de consultas médicas e 12.2 milhões de internações por ano. Tem a maior rede de bancos de leite humano do mundo e 90% das vacinas são financiadas e oferecidas pela rede. “Precisamos zelar pela infraestrura e investir em inovação. Não é fazer mais com menos, e sim mais com mais”, afirmou.

Saúde é um bem fundamental da população e um compromisso do Estado com o cidadão. De boa qualidade, é sinônimo de mortalidade menor na infância e bem-estar maior na velhice. Os idosos são um dos elos mais frágeis da cadeia: mesmo a parcela coberta por planos privados acaba perdendo esse benefício quando deixa o mercado de trabalho. Num momento em que Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) discute a implantação de planos com pagamento de franquia, modalidade em que o consumidor tem de arcar com um valor além da mensalidade se precisar fazer exames ou consultas que não estão previstos no contrato, é hora de se pensar numa mobilização pelo fortalecimento do SUS – esse, sim, é para todos.

Matéria publicada no G1 por Mariza Tavares – https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2018/04/24/atencao-primaria-e-o-meio-mais-eficaz-de-garantir-bem-estar-na-velhice.ghtml

A saúde mental de estudantes de pós-graduação preocupa

Há uma demanda crescente por ajuda vinda de estudantes de pós-graduação pelo mundo que lutam contra preocupações de saúde mental. Ainda que o tópico venha tendo mais discussão, ainda persiste uma necessidade de pensar a saúde mental nessa parte de população.  É o que afirma o artigo “Evidence for a mental health crisis in graduate education”, recém-publicado por Nathan Vanderford e outros pesquisadores dos EUA na revista Nature Biotechnology. No Brasil, o estudo foi bastante repercutido através de reportagem de Pablo Barrecheguren, no El País.

O artigo afirma que já havia evidências na literatura bastante preocupantes em relação a esse assunto. Um relatório de 2014 da Universidade de Berkeley mostrou que havia em 43-46% dos estudantes na área de biociências estavam deprimidos. Outro estudo da Universidade do Arizona de 2015 mostrou que a maioria dos estudantes de doutorado relataram stress “maior que a média” ou “enorme” e apontaram que o quadro estava associado aos estudos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para observar a questão, foi aplicado um questionário abrangente que incluía escalas previamente validadas para ansiedade (GAD07) e depressão (PHQ09). Um total de 2279 estudantes (90% de doutorado e 10% de mestrado), de 26 países e 234 instituições responderam à pesquisa online. No Brasil, a Universidade de São Paulo foi incluída no estudo.

Os resultados mostram que os estudantes de pós-graduação, comparado à população geral, seis vezes mais sintomas de ansiedade e depressão. 41% dos estudantes preencheram critérios de ansiedade moderada a severa e 39% de depressão moderada a severa. Em relação a grupos específicos dos entrevistados, a maior prevalência de ansiedade e depressão foi entre os estudantes autoidentificados como transexuais e de gênero conflitante, com mais da metade dos entrevistados com depressão e ansiedade.

A maior parte dos entrevistados com ansiedade e depressão apontava não ter uma bola relação entre trabalho e vida pessoal, com disponibilidade de tempo para outras atividades além dos estudos. Além disso, metade dos estudantes com ansiedade e depressão não sentia suporte amplo nem valorização dos orientadores.

Os pesquisadores concluem o artigo afirmando a necessidade de ações de estabilizar e expandir recursos de iniciativas de desenvolvimento de saúde mental e da carreira para os estudantes. Sem oficinas, treinamentos e a mudança da cultura acadêmica, a saúde mental dos estudantes de pós-graduação seguirá se agravando e preocupando.

CHAMADA PÚBLICA – Diversidade e direitos humanos na Atenção Primária à Saúde

A Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (RBMFC) convida autores a submeterem artigos para seção especial “Diversidade e direitos humanos na Atenção Primária à Saúde” do volume 13 de 2018 (Janeiro-dezembro).

Serão aceitos pesquisas originais, relatos de experiências e ensaios destinados a discutir a transversalidade da temática com as questões referentes ao cuidado; aos processos de trabalho; às políticas; à gestão; violência; e ensino-aprendizagem das questões de gênero, sexualidade, diversidade e direitos humanos na APS em nível de graduação e residência médica.

Importante destacar que os manuscritos devem seguir as Diretrizes SAGER (https://doi.org/10.1186/s41073-016-0007-6) como instrumento sistemático de relato das informações sobre sexo e gênero na metodologia do estudo, na análise e apresentação dos dados e na discussão dos resultados.

O prazo para submissão dos artigos é 30 de junho de 2018.

As propostas deverão seguir as normas para publicação de artigos da RBMFC: https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/about/editorialPolicies#sectionPolicies.

Submissões de artigos para a RBMFC online em: https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/about/submissions.

Os autores da proposta deverão inserir no campo “Comentários do Autor” no momento da submissão o texto “Chamada Pública Diversidade e direitos humanos na Atenção Primária à Saúde”.

Artigos que não sigam as normas para publicação de artigos da RBMFC e que não se adequam aos termos desta chamada serão devolvidos aos autores.