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Arquivo Mensal abril 2014

A crise contemporânea dos modelos de atenção à saúde é tema de seminário do Conass

O predomínio das condições crônicas e a necessidade de modernização dos sistemas de saúde no Brasil e no mundo serão discutidos no seminário a ser realizado pelo Conass, no dia 13 de maio, em Brasília. A  terceira edição do projeto CONASS Debate vai trazer como palestrante o assessor do programa Obamacare, Rafael Bengoa, que já foi ministro da Saúde do país Vasco, onde o modelo de atenção às condições crônicas foi implantado com sucesso.

Além de Bengoa, estão confirmadas as participações de Luiz Facchini, da Universidade de Pelotas (ex-presidente da Abrasco); de Claunara Schilling Mendonca, da Universidade do Rio Grande do Sul (ex-diretora de Atenção Básica do Ministério da Saúde); de Luiz Fernando Rolim Sampaio, da Unimed Belo Horizonte (ex-consultor do Departamento de Medicina de Família e Comunidade da Universidade de Toronto); de Frederico Guanais, da Divisão de Proteção Social e Saúde do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); e do coordenador técnico do projeto CONASS Debate, Eugênio Vilaça Mendes. O evento será transmitido ao vivo, pelo site oficial do evento e pelo Canal Saúde.

 

Programação

9h – Abertura

–       Wilson Duarte Alecrim – presidente do CONASS

–       Antônio Carlos Nardi – presidente do Conasems

–       Maria do Socorro de Souza – presidente do Conselho Nacional de Saúde

–       Arthur Chioro – ministro de Estado da Saúde

Joaquim Molina – representante da Opas/OMS

10h30 – Conferência de Abertura

–       Rafael Bengoa – assessor do programa Obamacare, foi diretor de Gestão de Condições Crônicas e diretor de Políticas do Sistema de Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), e ex-ministro da Saúde do país Vasco

 

11h30 – Contextualização do tema.

–       Eugênio Vilaça Mendes – gerente técnico do projeto CONASS Debate

12h – Almoço

13h30 – Exposições

–       Luiz Facchini, professor do Departamento de Medicina Social e dos Programas de Pós-Graduação em Epidemiologia e em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, pós-doutorado em Saúde Internacional, e ex-presidente da Abrasco.

–       Claunara Schilling Mendonca, professora de Medicina de Família no Departamento de Medicina Social da Universidade do Rio Grande do Sul, Medica de Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição, e ex-diretora de Atenção Básica do Ministério da Saúde.

–       Luiz Fernando Rolim Sampaio, chefe do Escritório de Serviços de Saúde da Unimed Belo Horizonte, foi diretor de Atenção Básica do Ministério da Saúde, consultor do Departamento de Medicina de Família e Comunidade da Universidade de Toronto, e assessor técnico do CONASS.

–       Frederico Guanais – PhD, especialista Líder em Saúde da Divisão de Proteção Social e Saúde do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Coordenação -Renilson Rehem – gerente do projeto CONASS Debate.

15h30 – Debate com a plateia, internautas e expositores.

Mediação

–       Renato Farias – Canal Saúde/Fiocruz.

17h – Encerramento

 

Mais informações – http://www.conass.org.br/conassdebate/.

XXX Congresso Conasems – Inscrições abertas

O XXX Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde terá como tema “Necessidade de financiamento do SUS: desafios de ontem e hoje”. O Congresso acontecerá entre os dias 1 a 4 de junho  no município de Serra/ES . 

O Congresso do CONASEMS tornou-se um dos maiores e mais importantes da área da saúde pública no Brasil e no mundo, reunindo milhares de gestores municípios e estaduais, trabalhadores, pesquisadores, usuários dos serviços e demais atores que constroem a saúde pública brasileira. Além de promover a troca de experiências, o CONASEMS procura, dentro e fora de seus congressos, discutir as políticas adotadas pelas esferas federal, estaduais e municipais e o fortalecimento dos municípios.

As inscrições podem ser feitas pelo hotsite do evento: http://congresso.conasems.org.br/xxx/

Avaliação do enfoque familiar e orientação para a comunidade na Estratégia Saúde da Família.

Autores:

Monyk Neves de Alencar 1

Liberata Campos Coimbra 1

Ana Patrícia Pereira Morais 2

Antônio Augusto Moura da Silva 1

Siane Rocha de Almeida Pinheiro 1

Rejane Christine de Sousa Queiroz 1

 

Resumo:

A Estratégia Saúde da Família deve ser focada na unidade familiar e construída operacionalmente na esfera comunitária. A presente pesquisa avaliou o enfoque familiar e a orientação para a comunidade como atributos da Atenção Primária em Saúde, comparando se as respostas diferem entre usuários, profissionais e gestores. Trata-se de pesquisa avaliativa de abordagem quantitativa de base populacional, realizada de janeiro de 2010 a março de 2011 no município de São Luís (MA). Trabalhou-se com população de 32 gestores e 80 profissionais com mais de seis meses de experiência na Estratégia e com amostra de 883 usuários selecionados por conglomerados. Foram utilizados questionários validados no Brasil a partir dos componentes do Primary Care Assessment Tool (PCATool). O índice composto do enfoque familiar foi de 2,7 para os usuários, 4,9 para os profissionais e 5,3 para os gestores. No pós-teste as diferenças foram entre os usuários e os profissionais, e usuários e gestores. O índice composto da orientação para a comunidade foi de 2,9 para os usuários, 3,9 para os profissionais e 4,8 para os gestores (p < 0,001). Os gestores atribuíram percentuais mais altos em todos os indicadores, depois os profissionais e por último os usuários.  Os dois atributos tiveram avaliação insatisfatória na percepção dos usuários.

Artigo – artigoMFCabril

Artigo publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva

http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/index_interno.php

Políticas públicas da medicina rural foram discutidas no Wonca

Com mais de 700 congressistas, o WONCA Rural 2014 trouxe 26 convidados internacionais

Entre os dias 3 e 5 de abril, em Gramado, Rio Grande do Sul, ocorreu a 12ª Conferência Mundial de Saúde Rural que abordou as políticas públicas da área da medicina no Brasil e no mundo. O acesso das populações rurais aos serviços básicos de saúde, tais como infraestrutura precária, filas de espera para a realização de atendimentos e a falta de profissionais que resolvam os problemas mais frequentes da região rural foram assuntos abordados no evento.Além de melhorar a formação e capacitação de médicos de família e comunidade, o congresso recebeu em torno de 700 participantes, contou com 26 congressistas internacionais e representantes dos ministérios da Educação e Saúde com o intuito de melhorar definitivamente a situação da saúde rural, que de acordo com Leonardo Targa, presidente do congresso e coordenador do grupo de trabalho de medicina rural da Sociedade Brasileira de Família e Comunidade (SBMFC), é um problema agravado pela falta de profissionais qualificados na área e na alta rotatividade profissional desses médicos.

“Os médicos de família e comunidade são capazes de solucionar 95% dos problemas de saúde de qualquer comunidade rural, pois são preparados para acompanhar os pacientes em seu contexto familiar e social diagnosticando e tratando os problemas mais frequentes e, principalmente, prevenindo doenças e promovendo a saúde.” Afirmou Targa durante o encontro. “É necessário adotar estratégias conjuntas, pois a vinda de médicos estrangeiros não resolve definitivamente o problema de saúde no nosso país e o incentivo ao título de medicina de família e comunidade auxiliaria a melhora de muitos problemas rurais”.

Durante o encerramento do Wonca Rural, Targa anunciou aos presentes que todos os assuntos discutidos na Conferência foram compilados na Declaração de Gramado, documento que será divulgado em breve para a sociedade científica e depois será divulgado para as autoridades públicas e sociedade em geral. A declaração propõe um reforço à atenção primária. “Precisamos ter políticas públicas para as áreas rurais, descentralizar os cursos de medicina e recrutar profissionais. Durante esses dias tivemos a participação de representantes dos ministérios da Saúde e da Educação para tornar as discussões realidade”, concluiu.

 

Para saber mais sobre o WONCA 2014

http://woncarural2014.com.br/index.php

 

http://www.sbmfc.org.br/

Atenção Básica à Saúde no SUS: uma herança com testamento

 

Autoras: Maria Fátima de Sousa, Ana Valéria Machado Mendonça

Professoras da Universidade de Brasília

A Atenção Básica à Saúde (ABS) no Brasil vem desde o século passado tentando abrir um raio de sol no céu nublado do Sistema de Saúde. Nublado porque a acolhida dessa agenda entre governos de diferentes matrizes ideológicas teima em não deixar seus raios brilharem. Ainda assim vários são os feixes de luz, traduzidos em ideias, movimentos, processos e práticas, nos mais heterogêneos, complexos e singulares territórios municipais.Lá nas 5564 cidades, a ABS revela outros sentidos na arte de cuidar da saúde de cada pessoa. Assim, deixa estrada afora suas pérolas como testamento de sua herança, ainda que entre tormentas políticas e socioculturais que, historicamente, insistem em dificultar a edificação de um sistema público de saúde, universal, integral e de qualidade.

A primeira tormenta é a irracional concentração de “tecnologia de ponta” em grandes centros urbanos em detrimento das pequenas e médias cidades; a segunda, a acelerada e incontrolável elevação de custo do atendimento médico, já insuportável inclusive para as economias mais desenvolvidas, subordinando a prestação da assistência aos interesses dos produtores de serviços e bens do “complexo industrial médico-terapêutico”; a terceira, a “fantasia” do poder e prestígio social das corporações da área da saúde, sobretudo, a médica, por acharem que controlam os mercados das super subespecialidades. Este conjunto de problemas provoca a existência de um mercado educacional cada vez mais privatizado, que abre escolas e oferece vagas sem levar em conta as reais necessidades de saúde da população.

A quarta tormenta é o impacto das chamadas doenças do mundo moderno, entre elas a violência social. Tormentas que, nestes 25 anos da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), 22 anos do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e 20 anos da Estratégia Saúde da Família (ESF), por virtude das forças sociais e sanitárias do povo brasileiro, cedem lugar para as boas heranças. A maior delas o mundo já aplaudiu. Os sinos já não tocam mais com tanta frequência e velocidade. Comemoramos a vida de milhares de crianças que completam seus cinco anos de vida. As mulheres já revelam aos Agentes Comunitários de Saúde, espalhados pelo Brasil, seus primeiros sinais de gravidez. Têm suas consultas garantidas durante o pré-natal. No retorno do parto, lá estão eles desta vez para ajudar a cuidar dos dois: mãe e filho(a).

Os homens começam a olhar com outros olhos para as Unidades Básicas de Saúde. Já veem naquele lugar um canto para monitorar diariamente sua saúde: acompanhar diabetes, hipertensão e outros agravos. As 36 mil equipes da ESF, sobretudo os 300 mil ACS, juntos com as 23 mil equipes de saúde bucal, não param. Seguem deixando suas heranças quando articulam as ações nos governos locais, rumo à integralidade das políticas públicas e ampliam diálogos entre municípios, sem interferência político- partidário, em busca de instituir redes de atenção à saúde. Assim, estabelecem novos processos de comunicação com a autonomia e a liberdade de quem trabalha com estratégias promotoras da saúde. Assim ocorre quando compreendem a necessidade de reduzir as desigualdades regionais, lutando pelo aumento dos investimentos na atenção básica para, no mínimo, 30% do orçamento nacional; quando sentem necessidade de fortalecer as relações de vínculo e corresponsabilidade entre famílias visando a agregar valores aos processos de informação e comunicação. Esses movimentos são sinais luminosos de acolhimento, transparência e participação efetiva e afetiva na atenção e gestão da ABS no SUS. E mais, eles criam o futuro quando acreditam que é possível mudar a face dos governos no entorno dos valores da Atenção Básica em Saúde no tocante aos seus sentidos de justiça, igualdade e solidariedade. Essa é a maior herança. E deve ter testamento!

Publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva, Vol.19 – RJ

OPAS/OMS Brasil visita Abrasco e falam da REDE APS

A Abrasco recebeu, dia 4 de abril, a visita de Gerardo Alfaro Cantón e Mariana Tavares Rezende, ambos da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde OPAS/OMS. Em pauta, as parcerias da Associação com a Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Sobre o trabalho da Abrasco, Gerardo pontuou que são conhecidas na OPAS as contribuições abrasquianas no desenvolvimento da Saúde Coletiva, assim como nos processos de capacitação dos recursos humanos em Saúde. “Para nós a Abrasco é um sócio estratégico para o desenvolvimento de redes – tanto em atenção primária quanto em saúde coletiva em suas diferentes dimensões. Em síntese, a Abrasco é para nós um grande aliado dentro e fora do país”, comenta Cantón.
A visita formalizou uma iniciativa da Abrasco para a cooperação técnica onde a Associação fortaleceria a Rede de Pesquisa em Atenção Primária. Sobre este projeto, Gerardo afirmou a importante função da Abrasco em compartilhar produções técnicas – “Esta parceria tem uma efeito sinérgico para a OPAS, pois agrega grupos antes fragmentados. Não é um trabalho fácil, mas a Abrasco tem o prestígio e a solidez ética reconhecida para que todos seus parceiros se sintam bem representados pela Associação” pontuou Gerardo.

35 anos de Abrasco

Sobre os 35 anos de atuação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Gerardo comentou que cada um destes anos chegou trazendo novos desafios. “Acredito que o segredo está em inovar com eficiência sem esquecer a experiência de mais de 3 décadas – que venham mais 35 mil anos para a Abrasco!” ressaltou Gerardo.
Para o secretário executivo da Abrasco, Carlos Silva, receber a comissão da OPAS reforça o compromisso mútuo – “Como anfitriões, tivemos o prazer de receber em nossa sede, esta comissão da OPAS. Para repensar conosco os acertos que sempre são necessários, para uma melhor definição dos projetos de parceria, neste caso, a retomada de apoio dessas instituições ao fortalecimento da Rede APS. Esperamos ter outras ricas oportunidades como esta de tê-los em nossa sede”, registra Carlos. A Organização Pan-Americana da Saúde é um organismo internacional especializado em saúde. Sua missão é orientar os esforços estratégicos de colaboração entre os Estados membros e outros parceiros, no sentido de promover a eqüidade na saúde, combater doenças, melhorar a qualidade de vida e elevar a expectativa de vida dos povos das Américas. O atual Representante da OPAS/OMS no Brasil é o Dr. Joaquín Molina.

O Programa de Residência em MFC do município do Rio de Janeiro

A Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade entrevistou o Subsecretário de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde do Município do Rio de Janeiro Daniel Ricardo Soranz que, a partir de 2009, ano em que a Atenção Primária à Saúde (APS) do município começou a ser reestruturada por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), ampliando de 3,5% (2009) para 42% (2013) a cobertura da APS dos mais de seis milhões de cariocas. Com a crescente ampliação surgiu, ao final de 2011, a necessidade de formar médicos de família e comunidade. Assim, em 2012, o município iniciou o Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade-Rio de Janeiro (PRMFC-RIO) com abertura de 60 vagas. Em 2014, houve a ampliação para 100 vagas e a primeira turma da PRMFC-RIO acabou de formar no dia 01/02/2014 43 médicos de família.. Nesta entrevista, Dr. Daniel Soranz discorre sobre esta proposta desafiadora e suas perspectivas futuras.A RBMFC esteve com o Dr. Daniel Ricardo Soranz na Secretaria Municipal de Saúde do município do Rio de Janeiro em 23/01/2014. O tema da entrevista foi a formação em Medicina de Família e Comunidade e sua importância para a expansão e qualificação da Atenção Primária à Saúde no município.

Veja a entrevista completa RBMFC

PICs promovem dois cursos à distância para profissionais e gestores de saúde

 

Técnicos do SUS, gestores e ACS estão com toda a corda para conhecerem ou aprofundarem seus conhecimentos em gestão ou em plantas medicinais e fitoterápicos. Foram lançados em março e estão abertas as inscrições para dois cursos à distância voltados às Práticas Integrativas e Complementares à Saúde (PICs). Podem participar aqueles que estão inscritos, ou se inscreverem, na Comunidade de Práticas: http://atencaobasica.org.br .

O curso de Práticas Integrativas e Complementares é voltado para gestores e técnicos do SUS, principalmente da atenção básica. Tem como objetivos esclarecer conceitos, fortalecer as ações e serviços de PICs nas Redes de Atenção à Saúde. As inscrições estão abertas no link:http://atencaobasica.org.br/search/node/PIC?f[0]=field_tags%3A9306 .

Já o curso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos é direcionado, preferencialmente, aos agentes comunitários de saúde (ACS), e orienta para o uso correto de plantas medicinais e fitoterápicos. Disponibiliza desde informações básicas do cultivo de plantas medicinais até orientações para a preparação e o uso de remédios caseiros. As inscrições do curso estão abertas no link http://atencaobasica.org.br/search/node/PIC?f[0]=field_tags%3A9301 .

Os dois cursos de ensino à distância (EaD) encontram-se no site da Comunidade de Práticas – http://atencaobasica.org.br, criado para promover a interação e a troca de experiências entre seus membros, fortalecendo o espaço como uma rede colaborativa de aprendizagem.

Seja bem-vind@!

Saiba mais
A respeito das Práticas Integrativas e Complementares
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pic.php

12ª Conferência Mundial de Saúde Rural e IV Congresso Sul Brasileiro de MFC‏

O tema “Saúde Rural: Uma Necessidade Emergente” norteará as discussões do 12th WONCA World Rural Health Conference, que começou hoje (3) em Gramado, no Rio Grande do Sul, e irá até sábado, dia 5.

 

No primeiro dia de evento, foram  discutidas as experiências da África do Sul no que se refere a pós-graduação em MFC, com Louis Jenkins como palestrante. Já a oficina sobre a medicina rural na América do Sul, tem como palestrantes Dora Patricia Bernal Ocampo, da Colômbia, além de Yuji Magalhães Ikuta e Maria Inez Padula Anderson, ambos relatando as experiências do Brasil.

 

 

 

 

 

 

Flávio de Andrade Goulart

Flávio de Andrade Goulart

 

Formado em medicina pela UFMG, dividiu a carreira profissional entre a clínica, a administração de saúde e a docência universitária. Fez clínica por alguns anos, bem como foi docente na UFMG, na UFU e na UnB e também secretário municipal de saúde em Uberlândia por duas vezes. Desde 2003 atua como consultor autônomo em órgãos públicos e organismos internacionais. Possui Mestrado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (1990) e doutorado em Saúde Pública, também pela Fundação Oswaldo Cruz (2000). Foi professor titular da Universidade de Brasília, atualmente aposentado. Sua experiência profissional, além da docência em Saúde Coletiva, também passa pela gestão de sistemas e serviços de saúde, por ter sido Secretário de Saúde em Uberlândia-MG por duas ocasiões. Neste município, conduziu a implantação da Estratégia de Saúde da Família, do HiperDia, além de outros programas do elenco do Ministério da Saúde. No Governo Federal, entre outras experiências, assessorou, no MDS, a implementação do Prêmio Boas Práticas no Programa Bolsa Família em 2006. É colaborador dos sites Portal da Saúde (www.apsredes.org) e Vereda Saúde (veredasaude.com.br).

 

1) No Fórum Saúde do Brasil, realizado no final de março em São Paulo , o ministro da saúde reforçou a importância de consolidar a Atenção Básica. Como você avalia o SUS e o crescimento da Atenção Primária no país?

A APS, não se pode negar, vem crescendo muito no país, representando, sem dúvida, um movimento positivo, historicamente sem precedentes no Brasil. Aqui e ali as evidências de sucesso da implantação da Saúde da Família se fazem notar, afetando não só os indicadores de saúde como as próprias percepções dos usuários e dos que militam no SUS. Mas é preciso estar atento, ao mesmo tempo, para os riscos do que chamo de “musculação” da estratégia, isto é, muita pujança quantitativa – embora isso também seja importante – com correspondência bastante frágil nos avanços qualitativos. Acho que é preciso, portanto, mais “inteligêncvia” do que simplesmente “musculatura”. O que chamo de “qualificar” a ESF seria, por exemplo, garantir sua implementação completa, sem os remendos e meia-solas que se vê em muitos lugares. Cito como exemplo disso o número de equipes incompletas, sem médicos, sem ACS em número suficiente e o que é pior, fazendo da prática da APS apenas um “mais do mesmo” em relação a atuação tradicional em saúde. A captura do usuário também é fundamental… Fato ainda comum é o das pessoas dizerem que preferem o sistema antigo, centrado nos “postinhos” e na atenção hospital e de emergência, pois ali sentem que seus problemas são resolvidos de forma mais rápida e eficaz. É como me disse certa vez uma cliente do PSF em Uberlândia: “gosto não, seu moço, eles “ispicula” demais da vida da gente…”

2) Quais as vantagens de se organizar os serviços de APS com base na Estratégia Saúde da Família?

Vamos relativizar… As tais “vantagens” nem sempre se anunciam de imediato. A substituição apressada, incompleta e deficiente do sistema antigo, centrado no postinho e no encaminhamento a outras esferas de atenção, acaba gerando mais problemas do que soluções, provocando com freqüência uma sensação de desamparo nos pacientes. A afoiteza dos políticos também não ajuda, com aquele olhar ávido por votos que costumam ter. Atenção Primária, para funcionar, de fato, tem que ser implantada com competência, isto é, de forma substitutiva e planejada,sem as improvisações que se vê por aí. É preciso acabar com o “PSF de botar placa”, como dizia minha amiga Heloiza Machado. Equipes completas, motivadas de fato e trabalhar como equipe, treinadas nos princípios da APS, dotadas de competência clínica e técnica fazem, parte da receita. E muita vontade política, também, sem que isso signifique vulgarizar e abrir mão da compostura. E que não se esqueça, também, das ações de convencimento e busca de adesão por parte dos usuários. Só assim aquilo que a literatura destaca, inclusive com relação ao Brasil, irá aparecer de fato: melhores indicadores de saúde, menos internações hospitalares, usuários mais esclarecidos e satisfeitos, pessoas acompanhadas em seu próprio ambiente de vida etc. Mas há algo mais a ser considerado, sem dúvida. O que vemos em muitas partes do país são experiências em que a estratégia de Saúde da Família está sendo bem implementada, dentro dos cânones. Contudo, no arredor é tudo um caos… Isso acontece, com frequência, no ambiente das conurbações, como se vê no Entorno do DF, por exemplo. De um lado da rua é uma cidade; do lado oposto é outra. As coisas estão organizadas apenas em um lado, no qual a responsabilidade sanitária é levada a sério pelos gestores. É como se tivéssemos ilhas de organização em um oceano de dosordem. O rresultado final é ruim, porque não se pode proibir as pessoas do outro município ou estado atravessarem a rua e assim a eficácia da APS perde muito..

3) Como coordenador do laboratório de Inovação em Participação Social realizados em 2011, 2012 e agora em 2014 durante a IV Mostra Nacional de Atenção Básica qual foi o maior aprendizado e o que precisa ser repensado para o futuro?

Surgiram muitas coisas interessantes de fato, que podem ser acessadas no portal www.apsredes.org, inclusive com possibilidade de download gratuito das publicações. Eu destacaria algumas… O fato de que muitas experiências extrapolam os limites impostos pela lei 8142, abrindo mão, por exemplo, da “paridade” restrita (em benefício do usuário…) e da formalidade da representação, substituindo o agente institucional formal e eleito (eleito sabe-se lá como, algumas vezes…) pela figura do “interessado”, independente de ser associado ou membro de alguma corporação ou entidade. A utilização de tecnologias de informação, cada vez maior, é outro aspecto notável, assim como a diversificação dos atores participantes e a descentralização das instâncias de participação. De certa forma se percebe, também, que a expressão “controle social”, tão ao gosto dos militantes, nem sempre se aplica de fato, pois muitas experiências assumem caráter mais consultivo ou opinativo, sem que isso as desmereça ou desqualifique. Algo que também precisa melhorar são as estratégias de monitoramento das deliberações das conferências de saúde, deliberações essas que se somam às centenas, sendo muitas vezes supérfluas, desfocadas ou mesmo já contempladas, mas que deveriam ser avaliadas quanto á sua capacidade de provocar mudanças nas política de saúde,(o que suponho seja de pouca monta…). Fica aí um alerta aos pesquisadores da área. De toda forma penso que o modelo participativo vigente no SUS, inspirado na Lei 8142/90, com foco em conselhos, conferências, paridade e deliberação pura e simples, está dando mostras de esgotamento. Há mais coisas no cenário e é preciso estar atendo a elas.

4) Qual a diferença dos estudos sobre atenção à saúde feitos no Brasil ao realizados em outros países?

Não tenho acompanhado isso tão de perto… O que sei é que outros países estão interessados na experiência brasileira com a APS. Veja-se, por exemplo, recente matéria, creio que em 2011) do prestigioso British Medical Journal. Imagino que os pesquisadores europeus, por exemplo, dada a experiência mais antiga dos países respectivos com a APS, já se dedicam a explorar e propor inovações para o que chamei de qualificação ou aprimoramento da inteligência da APS. Aqui, sem dúvida, estamos ainda em etapa mais primitiva. Um bom exemplo disso é o uso de tecnologias de informação, inclusive internet e celulares na comunicação entre equipes e pacientes. Mas vamos chegar lá…

5) O que precisa ser desenvolvido para aumentar a qualidade e dar sustentabilidade ao desenvolvimento de mais pesquisas em APS? Sendo um contribuinte acadêmico como você avalia a parceria da academia e serviços no apoio e fortalecimento da atenção primária?

Por um lado, mais apoio governamental, das instituições financiadoras em geral. Mas isso não é tudo, é preciso ocorrer um movimento inverso, ou seja, de que os próprios centros de pesquisa se interessem pelo tema e corram atrás de recursos e façam propostas. E que as novas temáticas sejam contempladas, por exemplo, uso de TI, alternativas mais inclusivas de participação, monitoramento de deliberações de conferências, papel de novos atores interessados etc.

 

6) Como colaborador do Portal de Inovação na Gestão do SUS da OPAS como você avalia o crescimento das redes virtuais para o desenvolvimento e divulgação da APS?

Sem dúvida é uma coisa impactante. Só para dar um exemplo, há coisa de 4 ou 5 anos, publiquei no site da Sociedade Brasileira de Diabetes um pequeno artigo fazendo a crítica da nomenclatura do “Diet e Light” para alimentos. Não havia se passado nem dois meses e meu texto já tinha 12 mil entradas! Isso certamente era bem mais do que tudo o que se leu sobre coisas que escrevi ao longo de quase quarenta anos de vida profissional! Em apenas dois meses!