Faça parte da rede aqui!
Fique por dentro das últimas notícias, eventos, debates e publicações científicas mais relevantes.

Morte por doença cardíaca cai 21% nas cidades com saúde da família

Em quase uma década, a mortalidade por doenças cardíacas caiu 21% nos municípios brasileiros atendidos pelo Programa de Saúde da Família (PSF). Já nas chamadas cerebrovasculares, como o derrame, a queda foi de 18%. A conclusão é de estudo publicado neste sábado (5) no British Medical Journal, o primeiro a analisar o impacto do programa nacional de cuidados primários nesse grupo de doenças, que mata mais de 350 mil brasileiros todos os anos.

Foram avaliados indicadores de 1.622 municípios (30% dos que têm equipes de saúde da família) entre 2000 e 2009. O PSF, criado em 1994, é o maior do mundo nesse gênero. Está presente em 95% dos municípios e atende 53% da população brasileira. Não há dados sobre o restante do país, mas o estudo mostrou que os efeitos positivos sobre essas doenças aumentam quanto maior for a consolidação do programa.

Segundo a médica Rosana Aquino Pereira, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e uma das autoras do artigo do BMJ, foram analisados fatores que também têm impacto na redução da mortalidade cardiovascular, como renda, educação e condições de moradia. “Os benefícios do PSF são claros. E isso se deve, principalmente, por sua atuação na promoção (prevenção de doenças, por exemplo) e na atenção à saúde.”

Para o cardiologista e professor adjunto da Escola Bahiana de Medicina, Luis Cláudio Correia, o estudo é metodologicamente adequado, mas não prova “definitivamente” um vínculo causal entre o PSF e essa queda de mortalidade. Segundo Correia, nas últimas cinco décadas ocorreu uma queda contínua da mortalidade cardiovascular no Brasil e no mundo devido ao controle dos fatores de risco, como hipertensão e tabagismo. “Provavelmente, mesmo sem PSF, observaríamos uma redução desses desfechos entre 2000 e 2009”, diz. Rosana pondera que houve comparação entre municípios com cobertura do PSF incipiente, intermediária e consolidada. Os resultados mostram que os efeitos positivos aumentam de acordo com a duração do programa.

Estima-se que 40% dos problemas cardiovasculares que podem levar à morte, como hipertensão e diabetes, poderiam ser manejados na atenção primária.
Daí a importância das visitas domiciliares. Cada equipe do PSF é composta, no mínimo, por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde.

Criado pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família dá assistência com foco na prevenção de doenças e no acompanhamento de um número definido de pessoas. 53% da população é atendida pelo programa e 95% dos municípios têm equipes do PSF.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Rede APS