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Arquivo Diário 6 de março de 2012

Médico comenta importância do cuidado interdisciplinar

“Quanto mais conseguirmos superar esta relação de interação baseada em relações desiguais e pouco dialógicas e caminhar no sentido de contatos mais intersubjetivos, melhor será para o paciente e também para o profissional que o atende”, ressaltou o médico sanitarista e professor da USP José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, na conferência de abertura do ano letivo do Mestrado Profissional em Atenção Primária com Ênfase na Estratégia de Saúde da Família. De acordo com ele, o cuidado não deve ser abordado como operação ou monitoramento do tratamento, tampouco como atenção a aspectos periféricos do bem-estar do paciente e, sim, como categoria reconstrutiva. Durante sua palestra intitulada O cuidado nas práticas de saúde, ele contou casos vividos durante seus muitos anos de experiência como médico da atenção primária e ressaltou que a ideia de cuidado não é algo versus a técnica, mas é algo com a técnica, e que não se restringe a técnica. Segundo Ricardo, o cuidado, portanto, deve ser pensado como a relação entre dois aspectos, dois polos indissociáveis: êxito técnico e sucesso prático. “O eixo técnico abrange a dimensão do nosso conhecimento científico e técnico, que permite construir hipóteses, propostas de intervenção, e agir na transformação do objeto. Já a ideia de sucesso prático vem na medida em que temos o conhecimento de que essas coisas não estão desvinculadas de um modo de ser, das experiências subjetivas dos profissionais. E o que une esses dois aspectos é o que temos chamado de Projeto de Felicidade de cada indivíduo. Essa noção de Projeto de Felicidade criada por Ricardo abrange ciências biomédicas, saberes tradicionais e sabedoria prática articulados a valores éticos e morais e a condições materiais concretas, definindo assim o que faz a pessoa feliz. “Nesse contexto, a felicidade não é sinônimo de alegria. Ela significa se sentir realizado ou sentir que se está na direção correta para alcançar a realização desejada. Pois em nosso constante desacomodar, procuramos a nossa felicidade. A definição da OMS sobre completo estado de bem-estar físico, mental e social só pode ser alcançada pelos mortos, já que o tempo todo estamos nos movendo e nunca nos sentimos completos”, detalhou Ricardo, completando que o Projeto de Felicidade pode ser visto como um horizonte normativo que orienta a caminhada da vida. Sobre as práticas de escuta e acolhimento, ele destaca que é preciso ouvir mais. Porém, além disso, é preciso ouvir com qualidade, incentivar a narrativa do paciente, saindo do roteiro da anamnese padrão. “Permitindo a narrativa, conseguimos alcançar o sucesso prático e enxergar o projeto de felicidade da pessoa, pois é ali que aparecerá o contexto, o tipo de situação vivida e como o paciente valoriza aquilo que ele traz como questão de saúde. Quando interrompemos essa contação de história, perdemos isso. Conheço a realidade da atenção à saúde, as situações adversas enfrentadas no cotidiano e sei que muitas vezes isso impede uma escuta qualificada, mas é possível estimular narrativas, pois assim traremos dados importantes para o cuidado”, considerou Ricardo, comentando dados de uma pesquisa feita nos Estados Unidos, que revela que um paciente não consegue falar mais que 16 segundos sem ser interrompido pelo médico. “Isso é um problema grave, um quadro que precisamos reverter”, disse ele. Como pontos a serem perseguidos, o médico apontou mais continência e continuidade nos serviços, mais participação dos usuários, mais compromisso dos profissionais, mais resolutividade e mais envolvimento do usuário e das famílias nas ações de cuidado. “O atendimento minimalista mina o cuidado. É preciso responsabilidade e compromisso por parte dos profissionais. Além disso, é válido ressaltar que o trabalho em saúde são encontros entre sujeitos. Portanto, o outro é fundamental para mim”. Finalizando sua palestra, Ricardo apontou também a importância de uma abordagem intersetorial ativa. “É preciso tentar implementar isso em todos os espaços que temos. Não devemos esperar as esferas de governo se articularem se eu mesmo posso fazer essa intersetorialidade em nível local, indicando escolas, atividades e outras iniciativas aos meus pacientes. É claro que é importante que esas iniciativas se tornem políticas institucionais, mas eu posso fazê-las antes disso, completou ele.

 

O curso da ENSP é desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) do Rio de Janeiro e tem como finalidade fomentar a produção de novos conhecimentos e inovações na atenção primária em saúde na cidade, integrando parcerias entre instituições acadêmicas e a rede municipal de saúde. O mestrado é coordenado pela pesquisadora da ENSP Elyne Montenegro Engstrom.

 

Fonte site ENSP www.ensp.fiocruz.br

Estudo espanhol avalia necessidade de especialistas no Brasil em 2020

Um estudo de uma Universidade Espanhola revelou um panorama quanto à necessidade de médicos especialistas no Brasil estimado para os próximos oito anos. Denominada “Oferta, demanda y necesidad de médicos especialistas en Brasil – Proyecciones a 2020” a pesquisa utilizou como metodologia base dados de levantamentos brasileiros como o resultado do “Informe sobre como Fortalecer os acertos e corrigir as fragilidades da Estratégia Saúde da Família”, uma iniciativa da SBMFC em parceria com suas associações estaduais e com os generalistas espanhóis Juan Gérvas e Mercedes Pérez, para avaliar a Estratégia Saúde da Família (ESF) realizada em 2011; o estudo “Demografia médica no Brasil”, lançado em 2012 pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), além de dados oficiais da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), dentre outros. Para o presidente da Sociedade, Gustavo Gusso, “este é o mais completo estudo prospectivo sobre necessidades de especialidades já realizado a partir de base de dados brasileiras. “O estudo demonstra que até 2020, se as vagas de residência se mantiverem desta forma, baseado em padrões internacionais dos melhores de sistemas de saúde do mundo, haverá grande déficit em especialidades como medicina de família e comunidade, otorrinolaringologia, endocrinologia, dermatologia e neurologia. Dentre estas especialidades, a que terá o maior déficit absoluto, em termo de número de profissionais, é a Medicina de Família e Comunidade. Por outro lado, algumas especialidades como oftalmologia, pediatria, clinica médica e ginecologia e obstetrícia terão um superávit se este modelo que temos adotado for mantido”, ressalta Gusso. “São Paulo é um dos estados com maior tendência de superávit de especialistas enquanto na região Norte a projeção é de déficit em praticamente todas as áreas”, finaliza.

 

Fonte site SBMFC www.sbmfc.org.br

Saúde na Escola – Mais de 5 mi de alunos serão orientados sobre obesidade

Mais de 5 milhões de alunos com idade entre 5 e 19 anos que frequentam escolas públicas em todo país terão uma programação diferenciada de hoje (5) até a próxima sexta-feira (9). Os ministérios da Saúde e da Educação realizam a primeira edição da Semana de Mobilização Saúde na Escola, que tem como tema a obesidade em crianças e adolescentes. Profissionais que fazem parte da Estratégia Saúde da Família, coordenada pelo Ministério da Saúde, farão avaliações nutricionais em estudantes de mais de 22 mil escolas públicas em 1.938 municípios que aderiram à iniciativa de mobilização. Também estão previstas atividades e palestras envolvendo a comunidade escolar (alunos, profissionais e funcionários) e visitas das famílias dos estudantes a Unidades Básicas de Saúde localizadas próximo às escolas.A Semana de Mobilização Saúde na Escola acontecerá todos os anos e foi instituída por portaria publicada no Diário Oficial da União. Neste ano, o tema de trabalho prioritário da Semana será Prevenção da obesidade na infância e na adolescência. Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre 2008/2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. Entre os jovens de 10 a 19 anos, 1 em cada 5 apresentam excesso de peso. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha alerta que é preciso intervir o mais rápido possível nessa realidade. “Queremos discutir como a escola pode ajudar na construção de hábitos mais saudáveis. Acreditamos que uma criança e um adolescente bem orientados influenciam os pais, dentro de casa. Temos que agir agora”, enfatizou.A adesão à Semana é voluntária e é uma das ações previstas no Programa Saúde na Escola, desenvolvido pelos Ministérios da Saúde e Educação desde 2007 e que foi integrado ao Programa Brasil sem Miséria. “Nosso foco prioritário são as escolas dos bairros mais pobres das grandes cidades, com foco especial no Brasil Sem Miséria”, afirma o Ministro da Saúde.

 

AÇÕES – O lançamento da Semana de Mobilização Saúde na Escola aconteceu, nesta segunda-feira, na Escola Municipal Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte (MG). Uma das ações que será realizada durante a semana é avaliação nutricional dos estudantes, quando os profissionais das equipes do Programa Saúde da Família vão pesar e medir os alunos e calcular o Índice de Massa Corpórea (IMC). Além de orientações nutricionais, os profissionais encaminharão os estudantes que estiverem com excesso de peso para as Unidades Básicas de Saúde. “Sabemos que é mais fácil tratar a obesidade nas crianças e adolescentes, por isso a intervenção nessa fase é extremamente importante para que essas crianças se tornem adultos saudáveis”, afirma o secretário de atenção à saúde, Helvécio Magalhães. As famílias também visitarão as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para conhecerem os serviços ofertados. As UBSs são capazes de resolver até 80% dos problemas de saúde das pessoas daquele território que ela é responsável, desafogando dessa maneira os hospitais de referência da região.

INVESTIMENTO – O Ministério da Saúde autorizou, em dezembro de 2011, o repasse de R$ 118,9 milhões referente aos 2.495 municípios que aderiram ao Programa Saúde na Escola e se comprometeram a implementar metas e ações de promoção, prevenção, educação e avaliação das condições de saúde das crianças e adolescentes nas escolas. Os municípios já receberam 70% do valor acertado para implementar as ações. Os 30% restantes serão pagos após prestação de contas das ações em desenvolvimento. Já os municípios (1.938) que aderiram à Semana de Mobilização Saúde na Escola vão receber um incentivo extra de R$ 558,00 por equipe de saúde da família envolvidas na ação.

 

Fonte site MS www.saude.gov.br