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Arquivo Diário 2 de outubro de 2017

Revisão sistemática sobre o PMM é apresentado em Fórum Europeu sobre a APS

Nos últimos dias 24, 25 e 26 de setembro, ocorreu o EFPC (European Forum for Primary Care) na cidade do Porto, em Portugal. Iniciado em 2005 por pesquisadores de diferentes países, o fórum tem como meta gerar evidências científicas e intercâmbios sobre a importância de uma APS robusta e, com isso, melhorar a saúde da população.

A Rede de Pesquisas em APS esteve representada no fórum. A Profª Maria Guadalupe Medina, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, apresentou um mapeamento e análise da produção acadêmica sobre o Programa Mais Médicos na literatura, identificando a relevância desses estudos e seus efeitos sobre o desenvolvimento da política.

Dentre as bases consultadas, foram selecionados e analisados 47 artigos científicos, 35 artigos de opinião, 23 monografias e 3 relatórios de pesquisas referentes ao programa. A partir da seleção, foram apresentados achados referentes à instituição e região dos autores, à temática analisada, à escala de análise, ao tipo de metodologia e de estudo desenvolvidos. A apresentação também trouxe à tona os efeitos positivos e negativos encontrados na política.

Trata-se de uma importante contribuição para as pesquisas em APS no país e no intercâmbio acadêmico de fortalecimento da APS no país e no mundo.

 

 

 

Revista da OPAS abre chamada de artigos sobre Atenção Primária à Saúde nas Américas: 40 anos de Alma-Ata

Revista Pan-Americana de Saúde Pública, publicada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), anuncia a chamada de artigos para a próxima edição especial intitulada Atenção Primária à Saúde nas Américas: 40 anos de Alma-Ata. Para orientar os autores na produção e submissão dos trabalhos, o comitê editorial definiu quatro tópicos fundamentais para a edição especial: estratégias e programas para reduzir as desigualdades em saúde e na atenção à saúde; aumento da capacidade de resposta no primeiro nível de atenção; liderança e governança e; organização da comunidade para promover o acesso universal à saúde e a cobertura universal de saúde. Serão aceitos artigos escritos em Português, Inglês e Espanhol. As contribuições à edição temática incluirão artigos de pesquisa original, revisões sistemáticas, opinião e análise, relatórios especiais ou contribuições breves. A data para submissão dos trabalhos encerra no dia 29 de dezembro de 2017.

Antecedente e Justificativa

Há quarenta anos, os países membros da Organização Mundial da Saúde, reunidos em Alma-Ata, acordaram um conjunto de princípios com vistas a proteger e promover a saúde de todas as pessoas, enunciando a atenção primária à saúde como preceito orientador de um sistema de saúde integral. Desde a Declaração de Alma-Ata, em 1978, os países das Américas vêm testemunhando extraordinário progresso, crescimento econômico e melhoria de seus sistemas de saúde. Permanecem, contudo, muitos desafios na Região, inclusive a pobreza e a desigualdade, as barreiras ao acesso à saúde, os modelos de atenção ineficientes, a segmentação dos sistemas de saúde, a fragmentação dos serviços, o financiamento insuficiente para a saúde e a debilidade da governança e da liderança.

Com vistas a abordar a agenda pendente e promover sistemas de saúde baseados na atenção primária nas Américas, a OPAS articulou várias estratégias e planos com os Estados Membros e aprovou uma série de resoluções. Em 2007, o documento de posição da OPAS sobre a renovação da atenção primária à saúde nas Américas continha a definição dos elementos e funções de um sistema de saúde baseado na atenção primária que guiavam os países da Região na transformação de seus sistemas de saúde e na avaliação de suas necessidades. Em 2014, a resolução sobre o acesso universal à saúde e a cobertura universal de saúde, também conhecidos como saúde universal, recordou os valores de Alma-Ata e convocou os países da Região a avançarem no sentido de sistemas de saúde que possibilitem o acesso de todas as pessoas e comunidades, sem nenhum tipo de discriminação, a serviços de saúde integrais, adequados, oportunos e de qualidade, assim como o acesso a medicamentos seguros, efetivos, de preço acessível e de qualidade, ao mesmo tempo garantindo que o uso de tais serviços não exponha os usuários a dificuldades financeiras, especialmente no caso dos grupos em nas condições de vulnerabilidade.

Após quatro décadas de empenho e de uma execução considerável de políticas e programas que posicionam a atenção primária à saúde no centro dos sistemas de saúde, é hora de avaliar o progresso no sentido da consecução dos objetivos da atenção primária à saúde.

Mais informações em CFP_Alma-Ata_pt

Evidências advindas da implantação do PMM nos territórios indígenas

Esta súmula tem como objetivo apresentar uma síntese de experiências, resultados e apontamentos obtidos de fontes bibliográficas que versam sobre a inserção do Programa Mais Médicos na atenção à saúde da população indígena, visando fornecer substrato teórico aos gestores para a avaliação dos êxitos e dificuldades, desvelando os desafios futuros para a implantação de um sistema de saúde equânime e integral para os povos indígenas.

Contextualizando a Saúde Indígena 

O Censo 2010 revelou que no Brasil, 896 mil pessoas se declararam indígenas, 63,8% deles vivem em áreas rurais e 57,7%, moram em Terras Indígenas oficialmente reconhecidas. A pirâmide etária dos indígenas que vivem fora das Terras Indígenas tem formato achatado na base, denotando um número reduzido de pessoas mais jovens, assim como se observa em populações não indígenas. Contudo, nas Terras Indígenas a base é alargada, indicando ainda uma alta taxa de natalidade1.

Concomitante aos esforços para a preservação da medicina tradicional indígena, o acesso à saúde, entendido enquanto acesso à medicina ocidental, representa uma das principais bandeiras de luta dos povos indígenas, dos movimentos sociais e dos profissionais da saúde vinculados às etnias indígenas.

Antes da Constituição Cidadã de 1988, as questões da saúde indígena eram abordadas de forma precária, restringindo-se a medidas paliativas e emergenciais advindas do Sistema de Proteção ao Índio, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, criado em 1910. Na década de 50, uma abordagem sanitarista passou a ocorrer de forma sistematizada a partir do Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA)2, vinculado ao Ministério da Saúde, onde serviços como de odontologia, vacinação, prevenção de tuberculose e doenças infecciosas eram levados a áreas de difícil acesso.

A criação da FUNAI, em 1967, ocorreria posteriormente como fruto de protestos a atuação do Sistema de Proteção ao Índio (SPI), trazendo as Equipes Volantes de Saúde². Estas prestavam serviços médicos esporádicos e de supervisão realizados quase que exclusivamente por auxiliares ou atendentes de enfermagem. Em 1986, ocorreu a primeira Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio no contexto da VIII Conferência Nacional de Saúde².

Autoras:

Magda Moura de Almeida 
Médica de Família e Comunidade
Mestre em Saúde Pública
Professora Departamento Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Diretora de Medicina Rural da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Membro do  Wonca Working Party on Rural Practice ( WWPRP)

Geísa Costa Oliveira de Medeiros Santana e Rafaela Barros de Sousa
Alunas de Iniciação Científica FIOCRUZ-UFC

Leia artigo completo saude indigenaSumula