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Primeiro Boletim de resultados da pesquisa “Monitoramento da Saúde e contribuições ao processo de trabalho e à formação profissional dos Agentes Comunitários de Saúde em tempos de Covid-19”

A pesquisa “Monitoramento da Saúde e contribuições ao processo de trabalho e à formação profissional dos Agentes Comunitários de Saúde em tempos de Covid-19” realizada por professores e pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz); do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz); da Fiocruz Ceará; e da Cooperação Social da Fiocruz, e financiada pelo Programa de Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão de Sistema e Serviços de Saúde – Fiocruz/VPPCB/PMA, tem como produto a organização de boletins bimensais.

A pesquisa tem como objetivo principal analisar os impactos da Covid-19 na saúde dos ACS, as condições de trabalho e de formação profissional ofertadas a estes no momento de pandemia em três capitais do país com elevado número de casos e alta densidade demográfica – São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE); além de outras 3 cidades que integram as regiões metropolitanas das respectivas capitais – Guarulhos (SP), São Gonçalo (RJ) e Maracanaú (CE).

Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, realizado com ACS dos municípios enunciados. A seleção da amostra foi por conveniência, através de uma amostragem não probabilística. O instrumento de pesquisa é um formulário digital, auto instrucional, com predomínio de perguntas fechadas organizadas em quatro eixos: perfil; acesso a equipamentos de proteção individual em tempos de Covid-19; condições de saúde do ACS frente à pandemia; e formação profissional do ACS para atuação nesta conjuntura.

Para acompanhar as condições de saúde, trabalho e formação dos ACS em diferentes momentos, previu-se aplicar o formulário 3 vezes durante este ano, com intervalo de dois meses. Os resultados apresentados no boletim publicado correspondem à primeira rodada de aplicação do formulário realizada no período de 28 de maio a 3 de julho. Já foi iniciada uma segunda rodada.

Nesta primeira aplicação responderam 1.978 ACS (734 em São Paulo, 116 em Guarulhos, 588 no Rio de Janeiro, 153 em São Gonçalo, 291 em Fortaleza, 96 em Maracanaú), com predomínio de mulheres (92,4% nos 6 municípios e 89,5% no Rio de Janeiro).

As respostas referem-se às condições vividas pelos ACS nos meses de abril e maio de 2020. Com relação ao acesso a equipamentos de proteção individual encontrou-se que 14,8% dos participantes na pesquisa afirmaram que a UBS não fornece EPI para os profissionais de saúde, e 85,2% referiram que há fornecimento. A maioria dos ACS nos municípios estudados informaram que há fornecimento de EPI, com exceção de Maracanaú onde observou-se que essa proporção foi de 52,1%.

Dentre os ACS cujas UBS forneceram EPI, 83% referiram se sentir inseguros em relação ao equipamento. Essa insegurança pode estar associada a que somente 37,4% dos ACS indicaram receber máscara cirúrgica em quantidade suficiente.

No que se refere ao processo de trabalho do ACS em tempos de Covid-19 a pesquisa apontou que 17% dos ACS que responderam à pesquisa indicaram que as visitas domiciliares foram suspensas, 54,7% mencionaram que continuaram realizando as visitas domiciliares, mas reduzidamente, e 20,9% afirmaram que não houve mudanças na rotina de realização das visitas. Por outro lado, destacou-se que 62,4% dos ACS que participaram na pesquisa mencionaram ter realizado busca ativa de pessoas com maior risco para Covid-19.

O estudo levantou da presença de sintomas junto aos ACS, o que ainda está sendo revisado para melhor identificar a percepção de cada um dos principais sintomas associados à Covid-19 (perda de olfato e paladar, febre e dificuldade para respirar). No que diz respeito às condições de saúde do ACS, ainda se levantou as possibilidades de acesso à realização de teste por parte desses que relataram sintomas, nos 6 munícipios.

No referente às vivencias de perdas experimentadas pelos ACS, a pesquisa apontou que 57% no Rio de Janeiro, 52% em Maracanaú e 45,2% nos 6 munícipios dos respondentes perderam pessoas próximas ou usuários, nos meses de abril ou maio. Destaca-se que em cinco desses seis municípios pesquisados o percentual de ACS que relataram sintomas de sofrimento emocional (principalmente insônia, tristeza e angústia) é superior a 95%.

Com relação à formação do ACS para a atuação na pandemia, 46,9% dos ACS participantes na pesquisa mencionaram que a UBS ou secretaria de saúde não proporcionou formação ou treinamento sobre a Covid-19, 32,6% informaram ter recebido formação insuficiente, e somente 20,5% disseram ter recebido uma boa formação.

As pesquisadoras que integram a equipe o estudo indicaram que os dados apontados na pesquisa demonstram que os ACS estão expostos a riscos que podem ser reduzidos através de medidas de proteção.

Acesse o boletim na integra no link a seguir https://acscovid19.fiocruz.br/ 

ou  boletim_acs_25-08

Por Diana Ruiz e Valentina Martufi – doutorandas que contribuem para a REDE APS

 

Rede APS

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