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Arquivo Mensal janeiro 2012

Perfil dos enfermeiros: pesquisa começa em fevereiro

Em fevereiro de 2012, a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), em parceria com a Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), a Associação Brasileira de Enfermagem (Aben) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), dará inicio à pesquisa que irá caracterizar o perfil de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em todo o País. A expectativa é a de que 60 mil enfermeiros respondam o questionário que resultará na pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, coordenada pela pesquisadora da ENSP Maria Helena Machado. O material estará disponível para download na página eletrônica das instituições que compõem a pesquisa e também será enviado aos participantes pelos Correios. A pesquisa nacional foi lançada em setembro de 2011 pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, e busca conhecer a realidade dos profissionais que atuam nesse campo da saúde, além de se transformar em uma importante ferramenta de gestão da saúde. Segundo a coordenadora do projeto, a ideia de traçar um perfil da enfermagem no Brasil foi recebida de forma positiva pelos profissionais da classe. Ela afirma que o contingente de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem no Brasil chega a um milhão e meio de trabalhadores e que eles veem a pesquisa como uma possibilidade de melhorar suas condições de vida e trabalho. “O contingente de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem no País é de 1,5 milhão, e nossa amostra deve ter 60 mil questionários, distribuídos em todas as unidades da federação. Ele deve ficar ‘na rua‘ durante três ou quatro meses, e montamos um sistema que nos permitirá ter um coordenador em cada estado do País, que estará conectado conosco e nos permitirá ter um monitoramento do seu andamento em todo o território brasileiro”.

2012: o ano da enfermagem no Brasil’

Sobre o questionário em si, Maria Helena destaca que irá contemplar aspectos como a faixa etária dos enfermeiros, a qualidade da sua formação, cor, situação econômica e alguns fatores em transição na profissão. “A enfermagem é uma profissão majoritariamente feminina, mas isso vem mudando nos últimos anos com a masculinização da profissão, e o questionário nos dará essa avaliação. Outro aspecto discutido é em relação à família desses profissionais: por exemplo, enfermeiros reproduzem enfermeiros? Sabemos que isso ocorre na medicina, mas também funciona na enfermagem?”, questionou. O mundo do trabalho também será investigado, segundo Maria Helena. “Considero esse um ponto extremamente importante e desconhecido dos gestores e pesquisadores. Onde trabalham esses profissionais? No setor público? No privado? Qual é seu salário? O quanto desejam receber? Quantos empregos têm? Qual sua jornada de trabalho?”, questionou a pesquisadora que, logo em seguida, completou. “Também iremos verificar a relação com os outros profissionais de saúde e os hábitos saudáveis de cada um”. Em relação à adesão ao questionário, a pesquisadora da ENSP disse desejar que 2012 seja o ano da enfermagem no Brasil. “Desejo a todos muita garra para responder ao questionário, pois, com ele, espero que a gente pague uma dívida histórica com a categoria: saber quem são, o que experimentam no SUS, o que sofrem, seus desejos. Enfim, espero que 2012 seja o ano da enfermagem no Brasil”.

Fonte site da ENPS  www.ensp.fiocruz.br

Brasil Sorridente SUS tem mais 185 laboratórios de próteses dentárias

O Ministério da Saúde está reforçando a assistência odontológica no Sistema Único de Saúde (SUS) com o credenciamento de mais 185 novos Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD). As novas unidades estão instaladas em 18 estados e terão capacidade para produzir até 130 mil próteses dentárias por ano. O Ministério da Saúde autorizou a liberação de R$ 13,8 milhões (ver tabela no final do texto) para o funcionamento desses serviços.Com este reforço na assistência, o Brasil passa a contar com 991 Laboratórios Regionais. Os laboratórios são unidades que atuam integrados com os demais serviços de saúde bucal. Nesses locais, são produzidos dois tipos de prótese – totais (dentaduras) e parciais (coroas e pontes). As próteses dentárias são produtos indicados para a recuperação de falhas na arcada dentária e oferecidas, desde 2011, no SUS, por meio do programa Brasil Sorridente. “Ter uma dentição adequada e acesso aos tratamentos é uma questão de cidadania. Vamos supor uma pessoa que queira ser recepcionista, mas que não tem dentes na boca. No mercado de trabalho competitivo de hoje, essa pessoa não conseguiria emprego”, explica Gilberto Pucca, coordenador de Saúde Bucal do Ministério da Saúde.
BENEFICIADOS – Os novos laboratórios funcionarão nos estados de Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Os recursos do Ministério serão destinados diretamente para as secretarias estaduais e municipais de saúde e liberados de acordo com a estrutura e com a capacidade de produção de cada laboratório.De acordo com o Gilberto Pucca, o credenciamento das novas unidades vai permitir também a contratação de mais dentistas e protéticos no serviço público. Somente em 2011, os investimentos do Ministério da Saúde para confecção de próteses dentárias somaram R$ 57 milhões.
BRASIL SORRIDENTE – O programa Brasil Sorridente faz parte das ações do Plano Brasil Sem Miséria, lançado no ano passado pela Presidência da República. A principal meta do Ministério da Saúde, na assistência odontológica, é reduzir progressivamente o número de brasileiros com falhas na arcada dentária ou sem dentes, sobretudo nas regiões e municípios de extrema pobreza. Nos últimos oito anos, mais de três milhões de dentes deixaram de ser extraídos em atendimentos pelo SUS por que receberam atendimento adequado.O Ministério da Saúde também pretende, a partir de 2012, iniciar processo de treinamento de profissionais para trabalhar na reabilitação de falhas na arcada dentária da população brasileira. Esta iniciativa será desenvolvida em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social. As regiões que receberão os novos laboratórios também fazem parte dos programas Mulheres Mil e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), desenvolvidos pelo governo federal. O Mulheres Mil tem como objetivo promover a formação profissional e tecnológica de mulheres em situação de risco ou carentes. Já o Pronatec pretende ampliar o número de cursos de Educação Profissional e Tecnológica para a população brasileira.

Fonte site www.saude.gov.br

EMENDA 29 Presidenta sanciona lei que define gastos da saúde

A presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou, nesta segunda-feira (16), a Lei Complementar nº 141, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, aprovada pelo Congresso em dezembro. O texto define claramente o que deve ser considerado gasto em saúde e fixa os percentuais mínimos de investimento na área pela União, Estados e Municípios.Fica mantida a regra aprovada pelo Congresso que obriga a União a aplicar na saúde o valor empenhado no ano anterior, mais a variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Já os estados deverão investir 12% de sua receita, enquanto os municípios devem investir 15%. E os percentuais de aplicação pelo Distrito Federal ficarão entre 12% e 15% (a depender se a receita for originária de tributo estadual ou municipal). Além de estabelecer os gastos mínimos na saúde, a nova lei define que os recursos aplicados no setor sejam destinados às “ações e serviços públicos de acesso universal, igualitário e gratuito”. São considerados gastos em saúde a compra e distribuição de medicamentos, gestão do sistema público de saúde, desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade promovido por instituições do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros. Gastos em ações de saneamento básico, compra de merenda escolar, ações de assistência social, pagamento de aposentadorias e pensões, por exemplo, não podem ser considerados investimentos em saúde.“A nova regra contribuirá para combater desperdícios, melhorar controle dos gastos e aumentar fiscalização de recursos aplicados no setor”, afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.Veto a novo tributo – A presidenta Dilma vetou artigos que possibilitariam retomar a criação de um novo tributo para financiar o setor – a chamada Contribuição Social sobre a Saúde (CSS). O Congresso já havia retirado do texto a base de cálculo do novo imposto, o que por si só já inviabilizaria sua existência. Porém, o texto permitia que um projeto de lei complementar pudesse instituir novamente essa base de cálculo para o imposto. Com os vetos, o surgimento de um novo imposto para a saúde só será possível por meio de um novo projeto no Congresso e nova discussão pelos parlamentares.

Fonte site MS www.saude.gov.br

Atenção Básica é reforçada com metas de qualidade

Municípios que cumprirem metas e padrões de qualidade na atenção básica de sua região vão receber mais recursos do Ministério da Saúde. A ação faz parte da estratégia “Saúde Mais Perto de Você”, prevista na reestruturação da Política Nacional de Atenção Básica, lançada em 2011 pelo Ministério da Saúde. O incentivo para a qualificação das UBSs prevê aumento de R$ 4 bilhões, até 2014, no orçamento da Atenção Básica.O objetivo do Governo Federal é aproximar o cidadão dessas unidades, já que as UBSs são capazes de resolver até 80% dos problemas de saúde das pessoas daquele território que ela é responsável, desafogando dessa maneira os hospitais de referência da região.“É muito fácil nos cuidarmos dentro de um Hospital, com horário marcado e um profissional à disposição 24h, mas o que queremos é inserir a saúde no dia-a-dia da população, promovendo mudanças de hábitos e isso só poderá ser feito com UBSs fortalecidas”, afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.Setenta e um por cento dos gestores municipais do país aderiram à estratégia e 17.669 equipes de atenção básica (EAB) já estão recebendo, desde novembro do ano passado, 20% do componente de qualidade. A partir de março deste ano, as equipes serão avaliadas e os gestores poderão receber até R$ 8.500 a mais por mês, dobrando o valor do Piso da Atenção Básica variável.A qualidade do serviço e o atendimento prestados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) poderá ser acompanhada pelos brasileiros através internet, no site do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.“Pela primeira vez o Ministério da Saúde incorporou em sua política de atenção básica e no financiamento, a possibilidade de reconhecer o esforço dos gestores municipais e profissionais de saúde, induzindo e premiando a qualidade, e fazendo isso com o máximo de transparência”, afirma o diretor da Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde, Hêider Pinto.
AUMENTO DE RECURSO – O Ministério também definiu, neste ano, novas regras para a transferência dos repasses do Fundo Nacional de Saúde aos fundos municipais. Seguindo critérios de inclusão social e renda, 70% das cidades brasileiras tiveram aumento de 27% dos recursos transferidos por habitantes, o chamado Piso da Atenção Básica (PAB). O objetivo foi ampliar, com qualidade, políticas como a Estratégia Saúde da Família (ESF).Atualmente, existem 38 mil UBSs, são 32,3 mil Equipes de Saúde da Família, 249 mil Agentes Comunitários de Saúde, 21,3 mil Equipes de Saúde da Família com Profissionais de Saúde Bucal e 1.525 Núcleos de Apoio à Saúde da Família.
NOVAS UBSs – Em 2011, o Ministério da Saúde também habilitou 2.077novas UBSs, localizadas em 1.146municípios, garantindo o recurso de R$ 553 milhões para a construção. A maioria das unidades está localizada em municípios que fazem parte do Mapa Brasil Sem Miséria.
REFORMAS – Outro componente previsto na estratégia “Saúde Mais Perto de Você” são as reformas nas Unidades Básicas de Saúde para cumprimento dos padrões estabelecidos pela ANVISA e pelo Departamento de Atenção Básica. A ação vai permitir melhoria do ambiente, acessibilidade, acolhimento e humanização para os usuários e também das condições de trabalho. Ao todo, serão destinados R$ 536,5milhões para reformas de 5.240mil Unidades Básicas de Saúde nos 26 estados e no Distrito Federal.
INFORMATIZAÇÃO – O Ministério também vai informatizar e construir 38 novos núcleos de Telessaúde, que vão dar suporte a 10.966 equipes de saúde da família em 2.036 municípios. Até 2014 serão destinados R$ 280 milhões para a construção de novos núcleos. “A ampliação do acesso a diagnósticos e tratamentos, evita o deslocamento do usuário e reduz filas e tempo de espera na atenção ambulatorial especializada”, afirma Hêider Pinto.
UBS FLUVIAIS- Para atendimento às populações ribeirinhas da Amazônia em áreas remotas e de difícil acesso, o Ministério vai liberar recursos para a construção de 64 unidades básicas fluviais. Até 2014 serão investidos R$ 77 milhões para a construção dessas embarcações.
Fonte site MS www.saude.gov.br

Mais Saúde da Família para população de 15 estados

Para ampliar o acesso da população à atenção básica por meio da estratégia Saúde da Família, o Ministério da Saúde credenciou mais 389 Agentes Comunitários de Saúde, 52 Equipes de Saúde da Família e 83 Equipes de Saúde Bucal em quinze estados. Ao todo, 56 municípios serão beneficiados com recursos financeiros do governo federal para custear as equipes. Os estados contemplados são Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.O credenciamento destas equipes foi publicado, esta semana, no Diário Oficial da União. Os valores repassados aos municípios integram o chamado Piso da Atenção Básica (PAB) Variável, que prevê um incentivo anual que varia de R$ 80,4 mil a R$ 120,6 mil por Equipe de Saúde da Família, R$ 9 mil por Agente Comunitário de Saúde e de R$ 25,2 mil a R$ 33,6 mil por Equipe de Saúde Bucal.Esses recursos podem ser superiores, caso os gestores locais do Sistema Único de Saúde participem da estratégia Saúde Mais Perto de Você/Controle e Qualidade, que prevê o repasse de incentivo financeiro federal mediante o cumprimento de metas qualidade na assistência prestada aos usuários do SUS.
ATENÇÃO BÁSICA – O Saúde da Família é a principal estratégia do Ministério da Saúde para reorientar o modelo de assistência à saúde da população a partir da atenção primária, que é a principal e mais próxima porta de entrada do SUS, capaz de resolver até 80% dos problemas de saúde das pessoas.Atualmente, existem mais de 32 mil Equipes de Saúde da Família implantadas em 5.288 municípios, o que representa um percentual de 95% de cobertura pelo Saúde da Família. A execução da estratégia é compartilhada pelos estados, Distrito Federal e municípios e coordenada pelo Ministério da Saúde.
NOVOS NASF – Por meio da Portaria 36, o Ministério da Saúde também credenciou novos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) em 17 estados. Serão implantados 31 NASF Tipo I – onde os profissionais devem ter, no mínimo, 200 horas semanais de trabalho – e 10 NASF Tipo II, onde os profissionais devem acumular, no mínimo, 120 horas semanais.Os municípios que aderirem ao NASF Tipo I recebem, do Ministério da Saúde, R$ 20 mil para a implantação do núcleo e mais R$ 240 mil anuais para o custeio das equipes. A modalidade Tipo II conta com R$ 6 mil para implementação do NASF e mais R$ 72 mil anuais de custeio. Os recursos serão repassados do Fundo Nacional de Saúde para os fundos municipais de saúde.A ampliação dos NASFs foi prevista pela Política Nacional de Atenção Básica, que estabeleceu novos critérios para a implantação de núcleos de apoio à Atenção Básica, inseridos na estratégia Saúde Mais Perto de Você. Com os novos critérios, a estimativa do Ministério da Saúde é que a quantidade de NASF em todo o país salte de 880 para até 4.524 até 2014.Os NASF são constituídos por equipes multiprofissionais que trabalham afinadas e vinculadas às Equipes de Saúde da Famílias. Nos núcleos, os profissionais desenvolvem atividades como consultas, discussões de casos e ações de educação permanente em saúde com a população. Com a ampliação das competências dos NASF, o Ministério da Saúde espera aumentar em até quatro vezes a capilaridade e capacidade de resolutividade da estratégia Saúde da Família.
Fonte -Site MS www.saude.gov.br

Ministério investe R$ 2,7 bilhões em Saúde Bucal

O Ministério da Saúde investiu R$ 2,7 bilhões para melhorar a saúde bucal da população do País entre 2007 e 2010, por meio do programa Brasil Sorridente. O programa, que faz parte do Brasil Sem Miséria, permitiu que diversos brasileiros tivessem pela primeira vez uma consulta odontológica e ajudou a diminuir a incidência de doenças bucais entre os brasileiros. A constatação é feita pela pesquisa realizada em 2010 que mostra que o número de crianças livres de cárie aos 12 anos cresceu de 31% para 44%. Além disso, 1,6 milhão de dentes deixaram de ser afetados pela cárie em crianças de 12 anos e 1,4 milhão de crianças não possuem nenhum dente cariado – um aumento de 30% em relação a 2003.
Resultados positivos que se tornaram realidade por conta da expansão de programas como as Equipes de Saúde Bucal (ESB), que fazem oacompanhamento da população desde a prevenção até o tratamento clínico, ficando responsáveis por fazer o encaminhamento para serviços especializados, quando necessário. Hoje existem 21.394 ESB no Brasil, um aumento de 389% em relação a 2002. Estas equipes estão distribuídas por 4.879 municípios (88%). Em 2002 eram apenas 2.302 municípios cobertos. As ESB são responsáveis, também, pelo crescimento do tratamento odontológico no interior do País, descentralizando as ações, que antes existiam apenas nos grandes centros. Isso porque distribuiu os profissionais de forma mais igualitária entre os municípios.
CEOs –No quesito crescimento os Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) não ficaram para trás. Com 878 centros em todo o país, distribuídos em 735 municípios, contra nenhum em 2002, ele ajudaram a fazer com que 165,5 milhões de brasileiros tenham acesso a atendimento odontológico hoje em dia, contra 147,9 milhões em 2002. Criado em 2004, os CEOs oferecem serviços especializados, como tratamento endodôntico (canal), atendimento a pacientes com necessidades especiais, cirurgia oral menor, periodontia (tratamento de gengiva), diagnóstico bucal (com ênfase ao diagnóstico de câncer bucal), implantodontia, ortodontia, entre outros. O investimento não foi apenas na prevenção e tratamento. Em ação inédita o ministério proporcionou a milhares de cidadão a oportunidade de voltar a ter um sorriso digno e saudável. Os 708 Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias (LRPD) espalhados pelo Brasil permitem a produção de 500 mil próteses/ano. Em maio de 2011, o valor pago por prótese passou de R$ 60,00 para R$100,00. Os laboratórios recebem custeio mensal para a produção de próteses dentárias totais e parciais removíveis, com estrutura metálica. O Ministério também faz a doação de todos os equipamentos necessários para os municípios que implantam os laboratórios. Com esses laboratórios o Governo federal pretende zerar a necessidade de próteses totais (dentaduras) da população em quatro anos.
Veja abaixo outros números do programa de saúde bucal:

Como está atualmente

Como era em 2002
População com acesso ao dentista
147,9 milhões
165,5 milhões
População com acesso ao flúor
43%
65%
Cobertura populacional por ESB
7%
37%
CEO
0
878
LRPD
0
708
Kits de prevenção
0
72,6 milhões
Equipamentos doados
0
5.500
Nº de procedimentos especializados
6 milhões
25 milhões
 Fonte site MS www.saude.gov.br

Juan Gérvas

Juan Gérvas  é bacharel  e Doutor em Medicina pela Universidade de Valladolid (Espanha). Atua como Professor de Gestão e Organização de Atenção Primária à Saúde no Mestrado em Administração e Direção de Serviços Sanitários, Fundação Gaspar Casal (Madrid) e Universidade Pompeu Fabra (Barcelona). Também é Professor convidado de Atenção Primária à Saúde no Instituto de Salud Carlos III, Escuela Nacional de Sanidad, Departamento de Salud Internacional, Madrid e Professor honorário do Departamento de Medicina Preventiva e Saúde Pública, na Universidade Autônoma de Madrid. Desde 1980 Coordena a Equipe CESCA, grupo científico de pesquisa e análise da organização e atividade da atenção primária e é, desde 1986, Membro do Comitê Internacional de Classificações da Organização Mundial de Médicos de Clínica Geral/de Família (WONCA).

1) Quais aspectos você considera positivos e negativos na saúde do Brasil e quais os maiores avanços da APS brasileira?

A respeito da saúde no Brasil, destaco como positivo o controle das doenças infecciosas e, até certo ponto, das causas externas da morte. O padrão de morbidade e mortalidade brasileiro é de um país desenvolvido, com algumas exceções, como a maior prevalência da tuberculose, hanseníase e dengue. Persiste uma alta taxa de mortalidade por homicídios e também mortalidade consequência de abortos voluntários ilegais. Chama a atenção a alta taxa de cesarianas, com seu impacto negativo na mortalidade materna.O gasto sanitário é alto, em torno de 8,5% do Produto Interno Bruto, e negativamente destaco que seu componente público não chegue a 50%. Por isso é possível dizer que o Brasil, do ponto de vista financeiro, carece de um sistema público de cobertura universal. A Atenção Primária à Saúde (APS) é um componente central na estrutura sanitária brasileira. Como pontos positivos destaco sua maior implantação nas áreas de baixo índice de Desenvolvimento Humano, seu impacto na saúde e nas hospitalizações evitáveis. Também é positivo que a APS tenha desenvolvido a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que inclui um médico generalista especializado (o médico de família) em uma equipe multidisciplinar e conserva os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) como pilar para o trabalho com a comunidade. É relevante o contínuo apoio federal, estadual e municipal à ESF.

 

2) Em recente levantamento sobre o trabalho das Unidades Básicas de Saúde brasileiras, a que pontos positivos e negativos gostaria de dar destaque?

Nos meses de abril, maio e junho de 2011 visitamos um total de 70 unidades básicas (sete horas em média em cada uma), em 19 estados, entrevistamos mais de 500 profissionais, e observamos diretamente até 150 encontros profissional-paciente-família-comunidade. Obtivemos informação em primeira mão, como forma de comparar a teoria com a realidade. Com base nessa pesquisa elaboramos um amplo relatório, disponível em português e espanhol (e com resumo em inglês):

http://www.sbmfc.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&PaginaId=524

Como pontos positivos, deve ser destacada a dedicação dos profissionais, a distribuição das unidades segundo a necessidade das populações, a dotação de odontologia e de medicamentos, o interesse de políticos e gestores pela melhor prestação de serviços, a existência da residência para a formação de médicos e de outros profissionais, e a capacidade de dar resposta a problemas muito variados (desde a mulher gestante às vacinações das crianças, passando pelo combate à dengue e a atenção a hipertensos e diabéticos). É muito positiva a existência de um sistema de informação com definições homogêneas, e em alguns casos com apoio no prontuário (história clínica) eletrônico. Também é importante a presença da atividade de pesquisa, com excelentes publicações nacionais e internacionais. Deve destacar-se a ausência da indústria farmacêuticas nas unidades básicas.

Como pontos negativos temos a escassa dotação tecnológica das unidades básicas (ancoradas em um desenho de predominância das doenças infecciosas, sem elementos tão básicos quanto a morfina e o oftalmoscópio, por exemplo), a preponderância dos programas verticais e, em consequência, da prestação de serviços verticais (uma tarde para grávidas, uma manhã para crianças, uma tarde para hipertensos, uma manhã para domicílios, etc.), a existência de uma “cultura da desconfiança” (com gestores quase sem autonomia), o “horror à incerteza” clínica (existe a intenção de protocolar tudo, do acolhimento ao atendimento de urgências), um “déficit curativo” (em muitos casos a prevenção e a promoção predominam de tal forma que parecem não ser necessárias atividades nem curativas nem de reabilitação), equipes “orgânicas” mas não funcionais, a fragilidade da ESF (em cada município é dado o mesmo nome a realidades muito distintas, com implantação de Unidades de Pronto Atendimento para dar resposta ao “déficit curativo”), e os distintos tipos de contratos de médicos e outros profissionais, que não estimulam a permanência nem o compromisso com a população (a “rotatividade” é “excessiva”). É uma APS rígida, “focada” no paciente com capacidade de adaptação a protocolos e programação, pouco resolutiva tanto para problemas agudos quanto crônicos, e com uma excessiva derivação (encaminhamento). O sistema de informação está centralizado no processo, e não é utilizado para uma competência referencial (benchmarking). Além disso, a coordenação entre os níveis é escassa ou nula, como demonstra a frequente ausência de relatórios (contra-referência) de especialistas e hospitais.


3) Um dos problemas para o fortalecimento da atenção primária está na contratação de profissionais, principalmente médicos. Como solucionar essa questão?

No Brasil não faltam profissionais bem formados, tanto médicos quanto enfermeiras, técnicos e ACS, mas falta uma política de recursos humanos que “mime” os profissionais e que fomente uma distribuição geográfica mais justa. Essa é uma política chave, dado que os serviços sanitários são serviços pessoais, que dependem da qualidade e cordialidade dos profissionais. É necessária mais e melhor pesquisa para conduzir as ações e um sistema de informação que permita a competência referencial.As condições de contratação teriam que melhorar em todos os sentidos, especialmente com uma política de motivação. Por exemplo, com um contrato federal homogêneo, que garantisse um denominador comum e um salário digno. São necessários também incentivos para evitar a “rotatividade” excessiva dos profissionais (por exemplo, um complemento salarial que aumente com a passagem de meses e anos no mesmo posto de trabalho que desapareceria com a transferência). Da mesma forma, é necessária motivação profissional, de maneira que o médico adquira e mantenha continuamente uma grande polivalência, grande capacidade de resolução de problemas, que se sinta formado e informado sobre novidades, que possa desenvolver suas habilidades e atitudes (por exemplo, cirurgia menor, atividades de ginecologia, atenção em domicílio de pacientes terminais, um sistema de inteligência sanitária que lhe permita “estar em dia” na prestação de serviços, etc.). É fator chave conseguir que os serviços sejam oferecidos de acordo com as necessidades, os pacientes e famílias (comunidades) que mais precisam deles, o que exige flexibilidade nos horários de atenção. Para isso são necessárias as 40 horas semanais de trabalho e a dedicação exclusiva à ESF (com forte incentivo para consegui-la).É necessário aprofundar na reforma pró-conteúdo (com melhor formação, capacitação e dotação de tecnologia) e desenvolver uma reforma pró-coordenação (o médico de família e sua equipe como primeiro contato e como filtro para todos os especialistas, inclusive pediatras, ginecologistas e clínicos gerais). O médico de família e sua equipe devem ampliar sua oferta direta de serviços, sem o “intermediário” da “clínica ampliada”.Conviria especialmente “mimar” os profissionais do mundo rural, com um plano específico. Trata-se de conseguir sua permanência por anos e, ao mesmo tempo, sua realização pessoal. Por exemplo, com férias maiores, com melhor formação continuada e com mais dotação tecnológica. No programa deveriam ser incluídos benefícios para sua família, como bolsas universitárias para os filhos (e preferência para seu ingresso nas melhores universidades), apoio financeiro e gerencial para atividades do cônjuge, etc. Por último, é básico capacitar as enfermeiras que são líderes de equipes nos quais não há médicos, e os ACS que trabalham em equipes sem médico nem enfermeira. Estes profissionais deveriam contar com um apoio contínuo para capacitá-los e para promover seu trabalho resolutivo, tanto com atualização de conhecimentos como com a melhor e mais nova tecnologia. Bem formados, reconhecidos e com apoio técnico e científico poderiam oferecer cuidados e atenção de primeira qualidade. Seriam aplicados, também, os incentivos citados mais acima.Para eliminar enrijecimentos, e obter equipes funcionais (“não orgânicas”), é necessário evitar ou limitar a legislação e os acordos sobre “atos médicos” e as normas sobre os atos da enfermagem.

4) Como você avalia a parceria da academia e serviços no apoio e fortalecimento da atenção primária e o que deve ser feito para incrementar essa relação?

A atividade acadêmica tem sido vista com frequência como uma “torre de marfim”, afastada da realidade e das necessidades sanitárias. Entretanto, uma APS forte precisa de fortes atividades de pesquisa e docência.Existe um abismo entre a eficácia demonstrada e a efetividade prestada, ou seja, sabemos muito mais do que fazemos. Para ultrapassar esse abismo é imprescindível a coordenação entre a academia, a política, a gestão e a prática clínica. O novo conhecimento deve chegar às unidades básicas de forma que seja aplicável diretamente, o que exige um trabalho de “inteligência sanitária”, com a capacitação e a tecnologia necessária.O Brasil gasta 1% do seu Produto Interno Bruto em pesquisa e é líder em publicações na América Latina. Esta atividade deve chegar ao gestor e ao clínico para melhorar a atenção aos pacientes, famílias e comunidades.A Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde é um bom exemplo de cooperação entre a pesquisa, a política, a gestão e a clínica e pode melhorar com maior participação e conhecimento mútuo. Por exemplo, com a participação dos pesquisadores no dia a dia das unidades básicas (uma semana por ano seria suficiente) e com a integração dos clínicos na docência e pesquisa (sem deixar a clínica, em tempo parcial, como parte do plano de “motivação”, inclusive). Também pode melhorar com a atividade de inteligência sanitária mencionada anteriormente:
http://www.equipocesca.org/wp-content/uploads/2010/04/inteligencia-sanitaria-y-atencion-primaria-brasil-2010.pdf

A cooperação também pode melhorar com o apoio às atividades das sociedades científicas dos profissionais. Por exemplo, há uma APS forte onde as sociedade de médicos de família são fortes também:
http://www.equipocesca.org/organizacion-de-servicios/western-european-best-practice-in-primary-healthcare/

Por isso, o apoio à pesquisa e à docência por parte da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, comprometida com a APS e com a ESF, seria muito conveniente,  por ser firme sócia e aliada estratégica para alcançar um moderno sistema sanitário de cobertura universal no Brasil.

Existe o exemplo espanhol dos Seminários de Inovação em Atenção Primária, que conseguem misturar a academia, a clínica, a gestão, os sindicatos, residentes e o mundo urbano e rural. Grande parte do trabalho e do debate é à distância (online), o que favorece a participação segundo a capacidade (meritocracia). Neste Seminários já há participação brasileira, portuguesa e de outros países. A consulta pode ser feita em:

http://www.equipocesca.org/organizacion-de-servicios/perspectivas-internacionais-os-ventos-favoraveis-que-soplan-de-espanha-e-a-experiencia-dos-seminarios-de-innovacao-en-cuidados-de-saude-primarios-sicsp/

http://www.equipocesca.org/uso-apropiado-de-recursos/primary-care-innovation-seminars-an-experience-in-dissemination-of-knowledge-on-network/
http://www.equipocesca.org/organizacion-de-servicios/prevencion-cuaternaria-teoria-y-practica-en-la-consulta-la-ensenanza-y-la-politica-sanitaria-y-su-relacion-con-la-equidad-y-el-coste/

http://www.equipocesca.org/organizacion-de-servicios/what-role-for-primary-health-care-in-modern-health-service-provision-seminar-of-innovation-in-primary-care-madrid-spain-22nd-september-2012/

 

5) Como você analisa a qualidade da atenção à saúde no Brasil?

Utilizo o Brasil, Costa Rica, Eslovênia, Kerala (Índia) e Tailândia como exemplos positivo nos meus cursos sobre organização de sistemas sanitários.

Não há país sem problemas, mas o Brasil serve de exemplo no sentido de colocar os meios para superar os obstáculos.A qualidade e a segurança são questões centrais em todos os sistemas sanitários do mundo. Considerando 10 como nota máxima, daria nota 6 ao Brasil, porque supera a média mas ainda há muito a fazer. A APS no Brasil foi revolucionária e avançada nos seus primeiros momentos de implantação, nos 80 e 90 do século passado, mas parou no tempo e precisa de uma enorme injeção de conhecimentos, tecnologia e ilusão. Podemos obter isto potencializando a ESF e a diminuição dos programas verticais. Por exemplo, aumentando a capacitação dos profissionais das unidades básicas para atendimento de pacientes terminais em domicílio (sem precisar desenvolver uma rede paralela de “saúde em domicílio”).

 

6) O que diferencia os estudos sobre atenção à saúde feitos no Brasil ao realizados em outros países?

No Brasil os estudos estão excessivamente concentrados em alguns centros acadêmicos de cidades como Porto Alegre, Campinas, Florianópolis, entre outras. Nos outros países costuma ser feita uma melhor distribuição geográfica.
Também sente-se a falta no Brasil da pesquisa a partir das unidades básicas, de médicos e enfermeiras que sendo clínicos também participam da docência e análises. Estes líderes clínicos são a chave para desenvolver uma ética profissional, um profissionalismo sadio, que exija atualização e trabalho de qualidade. convém o fomento de tais lideranças, mas sem deixar de trabalhar nas unidades básicas.Em todos os países do mundo, também no Brasil, faltam ensaios clínicos aleatórios realizados na APS por profissionais da academia e das unidades básicas.Por último, conviria sair dos caminhos rotineiros, de repetir e repetir estudos que não são de interesse (do estilo “fatores de risco cardiovascular em Porto Alegre”) para considerar questões peculiares e próprias, tanto da APS em geral, quanto da ESF no Brasil. Por exemplo: as vantagens da lista de pacientes e da liberdade de escolha da equipe (dentro da área geográfica); o excesso das rotinas (aerossóis, triagem e demais); o impacto da longitudinalidade no uso de serviços e os resultados sanitários; a relação entre a capacitação, o processo e o resultado da atenção; a prestação de serviços segundo a necessidade; a existência e controle das resistências bacterianas; e os danos provocados pela classificação (screening) do câncer, etc.

7) Como você vê o papel da Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde?

Acredito que tem um papel chave e que poderia ser um elemento dinamizador para levar o melhor e mais atual na prestação de serviços até o último ACS da região mais remota do Brasil. Talvez precise de maior dinamismo e mais “inteligência sanitária”. Por exemplo: colocando em dia as pautas de vacinação (a pauta da vacina contra o tétano, para citar uma, pode ser simplificada, com as doses da infância e adolescência e a seguinte revacinação aos 65 anos, obviando as doses “a cada 10 anos”); o melhor uso dos antibióticos, para a definição do conteúdo tecnológico básico nas unidades e para muitas outras questões nas quais é preciso “traduzir” a pesquisa em ações.  Em todo caso, a Rede tem desempenhado e desempenha um papel fundamental e merece receber apoio em todos os sentidos.