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Arquivo Mensal julho 2014

Fatores de risco cardiovascular do Escore de Framingham entre hipertensos assistidos por equipes de SF.

O Escore de Framingham (EF) é utilizado para estratificar o risco cardiovascular. O presente estudo objetivou identificar, entre os hipertensos assistidos pela Estratégia Saúde da Família (ESF), a prevalência dos fatores de risco utilizados no EF e do uso de drogas que reduzem o risco cardiovascular. Trata-se de estudo transversal, que avaliou amostra aleatória de hipertensos da ESF no norte de Minas Gerais. Os dados foram coletados em entrevistas e consulta aos prontuários. Foram avaliados 505 hipertensos em 9 municípios da região, com predomínio de mulheres, 325 (64,4%) e média de idade de 66,4 anos. Em 90% dos hipertensos houve pelo menos 1 fator de risco associado. O agrupamento de 3 ou mais fatores ocorreu em 79 (15,7%) pacientes. Dislipidemia foi encontrada em 188 (37,2%), diabetes em 101 (20%) e tabagismo em 36 (7,1%). O uso de anti-hipetensivo foi observado em 481 (95,2%) hipertensos. O uso de outras drogas cardioprotetoras foi maior entre pacientes 3 ou mais fatores de risco: 45,6% usavam antiagregantes plaquetários e 27,8% usavam hipolipemiantes. A prevalência de fatores de risco do EF na população estudada mostrou-se bastante elevada e o uso de drogas cardioprotetoras mostrou-se restrito. Estratégias para ampliar o uso do EF podem melhorar o manejo da hipertensão arterial na ESF.

Leia artigo – artigo14_07_2014

Autores: Antônio Prates Caldeira e Henderson Barbosa Pimenta

OPAS oferece subsídios financeiros para pesquisas em programas de saúde

A OPAS, em parceria com a Aliança de Investigação em Sistemas e Políticas de Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), está com as inscrições abertas para profissionais de saúde de instituições públicas que desejam obter subsídios financeiros para realização de pesquisas que visam melhorar a implementação de programas de saúde pública nos países das Américas. O apoio financeiro é de US$ 30.000 e US$ 35.000, e as propostas podem ser inscritas até o próximo dia 31 de julho.

O objetivo é facilitar a implementação de programas de saúde dos países das Américas por meio do uso de evidências e pesquisas. Estas bolsas estão destinadas para profissionais de programas de saúde diversos temas, desde gerentes e agentes de saúde locais, que procuram executar projetos de forma mais eficaz. Os recursos podem ser usados para os custos relacionados com as atividades de pesquisadores para investigação ou para recompilação das informações, mas não para o pagamento de pessoal adicional dentro do programa.

Aqueles que obter esse suporte também receberão treinamento da OPAS/OMS e AHPSR para desenvolvimento de protocolos e realização de pesquisas, coleta e monitoramento de dados e análise. Este projeto é gerenciado pelo Departamento de Gestão do Conhecimento, Bioética e Pesquisa da OPAS/OMS.

Para mais informações sobre os critérios de elegibilidade, digite o seguinte link:

http://www.paho.org/Hq/index.php?option=com_content&view=article&id=9684:grants&Itemid=41015&lang=es

Fonte – OPAS

Morte por doença cardíaca cai 21% nas cidades com saúde da família

Em quase uma década, a mortalidade por doenças cardíacas caiu 21% nos municípios brasileiros atendidos pelo Programa de Saúde da Família (PSF). Já nas chamadas cerebrovasculares, como o derrame, a queda foi de 18%. A conclusão é de estudo publicado neste sábado (5) no British Medical Journal, o primeiro a analisar o impacto do programa nacional de cuidados primários nesse grupo de doenças, que mata mais de 350 mil brasileiros todos os anos.

Foram avaliados indicadores de 1.622 municípios (30% dos que têm equipes de saúde da família) entre 2000 e 2009. O PSF, criado em 1994, é o maior do mundo nesse gênero. Está presente em 95% dos municípios e atende 53% da população brasileira. Não há dados sobre o restante do país, mas o estudo mostrou que os efeitos positivos sobre essas doenças aumentam quanto maior for a consolidação do programa.

Segundo a médica Rosana Aquino Pereira, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e uma das autoras do artigo do BMJ, foram analisados fatores que também têm impacto na redução da mortalidade cardiovascular, como renda, educação e condições de moradia. “Os benefícios do PSF são claros. E isso se deve, principalmente, por sua atuação na promoção (prevenção de doenças, por exemplo) e na atenção à saúde.”

Para o cardiologista e professor adjunto da Escola Bahiana de Medicina, Luis Cláudio Correia, o estudo é metodologicamente adequado, mas não prova “definitivamente” um vínculo causal entre o PSF e essa queda de mortalidade. Segundo Correia, nas últimas cinco décadas ocorreu uma queda contínua da mortalidade cardiovascular no Brasil e no mundo devido ao controle dos fatores de risco, como hipertensão e tabagismo. “Provavelmente, mesmo sem PSF, observaríamos uma redução desses desfechos entre 2000 e 2009”, diz. Rosana pondera que houve comparação entre municípios com cobertura do PSF incipiente, intermediária e consolidada. Os resultados mostram que os efeitos positivos aumentam de acordo com a duração do programa.

Estima-se que 40% dos problemas cardiovasculares que podem levar à morte, como hipertensão e diabetes, poderiam ser manejados na atenção primária.
Daí a importância das visitas domiciliares. Cada equipe do PSF é composta, no mínimo, por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde.

Criado pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família dá assistência com foco na prevenção de doenças e no acompanhamento de um número definido de pessoas. 53% da população é atendida pelo programa e 95% dos municípios têm equipes do PSF.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Revista Ciência & Saúde Coletiva – edição de junho

Obesidade, hipertensão e diabetes: os novos males da saúde

O atual quadro de enfermidades no Brasil está associado às condições e ao estilo de vida: qualidade da alimentação, sedentarismo, estresse, condições precárias de trabalho, poluição ambiental e violência social. O envelhecimento acelerado da população também aumenta o número de pessoas com os tipos de problemas crônicos já citados e outros como enfermidades renais e musculoesqueléticas; transtornos mentais e doenças dos órgãos sensoriais, dentários e periodentários. Este é o foco deste número temático.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1413-812320140006&lng=pt&nrm=iso

 

4º Congresso da AMFAc-RJ

1º  Seminário Internacional de Pesquisa em APS e 2º Fórum Estadual de Residentes do RJ.

A Associação de Medicina de Família e Comunidade do Estado do Rio de Janeiro tem o prazer de convidá-los para o seu quarto congresso, a ser realizado entre os dias 19 e 23 de agosto de 2014, na cidade do Rio de Janeiro.
A escolha da sede do evento é representativa da parceria da AMFaC-RJ com a Secretaria Municipal de Saúde para a realização do evento, e do momento histórico para a Estratégia de Saúde da Família vivenciado no município, além de guardar continuidade com a realização da 21ª Conferência mundial de Médicos de Família da WONCA, que ocorrerá em 2016.
O 4º Congresso da AMFaC-RJ será integrado ao 1º Seminário Internacional de Pesquisa em APS e ao 2º Fórum Estadual de Residentes do Rio de Janeiro, denotando o caráter internacional e plural do evento.
Além da apresentação de trabalhos sob a forma de pôsteres e comunicações orais, serão realizados concursos de artes e de tecnologias criativas para a qualificação do trabalho na ESF.

Confira: http://goo.gl/syFSPL

Estratégia saudável – artigo de Luiz Augusto Facchini

O professor Luiz Augusto Facchini (Médico epidemiologista e atual Conselheiro da Abrasco) escreveu artigo que trata da Saúde da Família: uma estratégia para a melhorar o desempenho do SUS em diferentes contextos municipais. O texto foi publicado no jornal O Globo, na edição desta terça-feira dia 1º de julho. Confira o artigo na íntegra:

Apesar dos problemas diariamente destacados, o SUS, implantado em 1988, acumula sucessos na universalização do direito constitucional à saúde. As ações ofertadas gratuitamente pelo sistema estão entre as mais abrangentes dentre os países com sistemas públicos, incluindo de vacinas a transplantes. E são favorecidas pela Estratégia de Saúde da Família.

Implantada em 1994, a Saúde da Família oferta ações de promoção da saúde, exames preventivos e cuidados básicos, principalmente em áreas onde reside a população mais pobre. Em julho de 2013, totalizou 34.185 equipes distribuídas em 5.309 (95%) municípios, desde as pequenas localidades do interior até as grandes cidades, atingindo e 108.096.363 pessoas (56% da população brasileira).

A iniciativa tem sido bastante avaliada e os resultados sinalizam uma tendência de melhoria do desempenho do SUS, em praticamente todos os portes de município, à medida que aumenta a cobertura. Além disso, a proporção do gasto municipal não aumentou com o incremento da cobertura, sugerindo a eficiência da estratégia.

Os indicadores e serviços melhoraram significativamente nos últimos 20 anos no Brasil, acompanhando a expansão do SUS e da cobertura de Saúde da Família. Entre 1990 e 2012, a taxa de mortalidade infantil caiu 75%, enquanto a taxa de mortalidade de menores de 5 anos foi reduzida em 77%. Nos últimos cinco anos, as internações hospitalares por diabetes diminuíram 25% e a proporção de crianças menores de 5 anos abaixo do peso caiu 67%. O crescimento da cobertura da Saúde da Família está associado à redução da mortalidade infantil e de internações por condições sensíveis à atenção primária, ao maior acesso a consultas gratuitas e ao atendimento domiciliar, especialmente em populações mais pobres.

Várias ações foram praticamente universalizadas. Mais de 95% das mulheres recebem cuidados pré-natais e a cobertura de vacinas contra difteria, tétano e coqueluche em crianças menores de um 1 ano é superior a 95% na maioria dos municípios. Os cuidados de hipertensão e diabetes e o acesso a medicamentos para essas condições alcançam a grande maioria das pessoas com os agravos.

Ainda assim, persistem problemas de estrutura (prédios, equipamentos, registro eletrônico e acesso a internet) e de organização (coordenação do cuidado multiprofissional, especialmente de problemas crônicos) na Saúde da Família e a qualidade dos cuidados deixa a desejar. Apenas 30% das pessoas com diabetes tiveram seus pés examinados, 46% dos pacientes com pressão alta realizaram eletrocardiograma e 60% das puérperas fizeram revisão pós-parto. Investimentos em infraestrutura, coordenação e qualificação dos cuidados integrais vão ser fundamentais para melhorar não apenas a efetividade, mas também a equidade em saúde, dada sua maior presença em municípios e áreas mais pobres.

Entrevista com os professores canadenses Cynthia Whitehead, Karl Iglar e Perle Feldman

Entre os dias 3 a 7 de maio a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) com o apoio do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ) realizou o evento Competency Based Curriculum Workshop que discutiu as competências esperadas para os egressos de residência em Medicina de Família e Comunidade. O evento aconteceu no Rio de Janeiro e foi conduzido pelos professores da Universidade de Toronto Dra. Cynthia Whitehead , Dr. Karl Iglar e Dra. Perle Feldman.  Conversamos com os professores sobre a importância em desenvolver um currículo para a MFC baseado na competência.

 

O desenvolvimento de um currículo para a Medicina de Família no Brasil baseado na competência: uma reflexão da Universidade de Toronto

Cynthia Whitehead – MD, CCFP, FCFP, PhD
Karl Iglar – MD, CCFP
Perle Feldman – MDCM, CCFP, FCFP, MHPE

 

1- Qual a importância para o treinamento de médicos de família e comunidade que o currículo seja fundamentado na medicina baseada na competência?

O currículo baseado na competência é um modelo que nos permite analisar como treinar alunos de residência para que se tornem médicos de padrão excelente, que sejam capazes de atender as necessidades de pacientes e das comunidades onde irão atuar. É claro que esta não é a única maneira de se alcançar uma formação médica de qualidade, uma vez que, até agora, inúmeros médicos competentes já foram formados. Porém, este tipo de modelo oferece algumas vantagens, porque inicia-se o processo imaginando o “produto final’. Que tipo de médico queremos formar? Quais as habilidades, atitudes e conhecimentos que estes médicos precisam para praticar a medicina? Ao fazermos uma análise, podemos criar, propositalmente, experiências de aprendizagem e técnicas de avaliação que permitirão que os residentes sejam expostos a situações e experiências que os levem a ser o tipo de médico que queremos formar. Ao utilizarmos este método, podemos avaliar se obtivemos êxito ou se ainda precisamos melhorar. Assim como acontece com qualquer outro modelo, existem dificuldades conhecidas no modelo de competência que devemos levar em consideração. Por definição, as competências são observáveis e mensuráveis e, por isso, corremos os risco de perder a “totalidade” da identidade profissional. O detalhamento em si não consegue capturar, e de fato não captura, a complexidade da competência como um todo1. Os educadores da área médica devem reconhecer que “ o somatório daquilo que os profissionais fazem é muito maior do que quaisquer umas das partes que podem ser descritas em termos de competência”2 . Por isso, ao submeterem os residentes a avaliações, devem manter a clareza sobre quais avaliações são menos mensuráveis e qualitativas. Mesmo assim, no modelo de educação médica baseado no tempo, ou de “imersão”, nós tivemos, várias vezes, dificuldade em definir por que um residente não está pronto para se formar, ou o que ainda seria necessário que ele fizesse para ficar pronto. É possível que um médico inicie sua atividade profissional sem ter adquirido aquilo que realmente precisa. Mas, de maneira geral, quando o método baseado na competência for implementado de maneira correta, ele permite que o processo seja mais detalhado e mensurável, trazendo benefícios ao residente e à comunidade onde ele irá trabalhar.

2- Como foi a experiência de trabalhar este tema com um grupo brasileiro? O que podemos esperar do produto final?
Chegamos ao Brasil prontos para apresentar os princípios básicos da educação baseado na competência. Ficamos muito felizes ao encontrar um grupo de educadores de alto nível e muito dedicados, que já haviam compreendido os princípios da educação médica baseada na competência e estavam prontos para implementar um currículo nacional. Foi muito gratificante ver o comprometimento do grupo com este trabalho e observar o conhecimento detalhado que tinham sobre os alunos e sobre as necessidades da população.
O desenvolvimento do currículo foi mais rápido do que esperávamos e com resultados bastante avançados. Nós revisamos e adequamos nossas aulas porque o grupo já estava pronto para criar um currículo uniforme. Além disso, os profissionais estavam prontos para superar as barreiras que acabam sempre existindo na implementação de um currículo em âmbito nacional.
Apesar do desafio de trabalhar com pessoas que vieram de todo o país e do tempo limitado que tivemos, o grupo conseguiu criar um esboço do currículo durante os cinco dias de duração do workshop. Nós acreditamos, sinceramente, que este processo terá continuação. Acreditamos que um currículo nacional padrão para a Medicina de Família garantirá que todos os médicos formados nos programas de medicina de família do país terão o mesmo nível de qualidade em sua formação. Todos saberão que, não importa onde no Brasil o médico tenha se formado, ele será um profissional confiável, que tem o conhecimento necessário e que sabe fazer o que precisa ser feito.

3- Há quantos anos o Canadá usa este tipo de currículo e como foi a construção e implementação do currículo no país?
O conceito de educação baseada na competência tornou-se proeminente na literatura médica durante os anos 90 como uma reação às demandas da população para maior transparência e melhores padrões de treinamento médico. Uma greve do setor médico em Ontário, no ano de 1986, abalou a percepção da população com relação à qualidade e à responsabilidade dos médicos. O projeto denominado Educating Future Physicians for Ontario3 ou EFPO, desencadeou um processo de consulta extensiva junto a várias partes interessadas, tais como médicos, educadores, profissionais da saúde, financiadores e, mais importante, junto ao público usuário. O processo de consulta pública incluiu grupos de pessoas marginalizadas e vulneráveis, grupos de idosos, mulheres, pacientes portadores de doenças crônicas e portadores de deficiência. Este projeto foi responsável pela criação do programa de currículos nacionais de treinamento, CanMEDS,4 desenvolvido pelo Royal College of Physician and Surgeons em 2005, e pelo CanMEDS FM5 , do College of Family Physicians of Canada, em 2009. Atualmente, o Programa CanMEDS está sendo atualizado e uma nova edição do mesmo será publicada em 2015. Os programas CanMEDSand e CanMEDS- FM estabelecem os padrões de acreditação para todos os programas de treinamento médico no Canadá. Todos os cursos de residência também estão em fase de desenvolvimento de seus currículos fundamentados no CanMEDS. Talvez o mais importante de tudo seja o fato de que os critérios de avaliação estão começando a incorporar as ideias destes programas. Apesar dos cursos de residência de maneira geral ainda estarem fundamentados no tempo de treinamento, existe um movimento para tornar o treinamento e as avaliações mais fundamentados na competência. Ou seja, nós ainda estamos trabalhando no desenvolvimento de um currículo fundamentado na competência.

4 – Como é a experiência de participar deste tipo de workshop fora do Canadá?
A nossa experiência de instrutores deste tipo de workshop fora do Canadá tem sido maravilhosa. Cada vez que participamos de um workshop, aprendemos muito. Não se trata somente do contexto específico e das necessidades de cada país, mas, de maneira geral, do trabalho magnífico que está sendo feito nos vários países para desenvolver a disciplina de Medicina de Família. Este tipo de experiência também demonstra como é importante que os programas e ferramentas curriculares não sejam simplesmente exportados ou traduzidos de um país para o outro. Para que as especificidades do currículo sejam autênticas, úteis e relevantes, as mesmas devem ser criadas por educadores que trabalham num determinado cenário nacional, em sincronia com as necessidades e sistemas de saúde locais. Foi um privilégio poder compartilhar nossas experiências e aprendizados (tanto sobre o nosso trabalho de desenvolvimento de currículo no Canadá, quanto sobre o trabalho com outros líderes da Medicina de Família em outros países) com educadores brasileiros muito criteriosos e experientes que, com bastante autoconfiança, elaboraram um currículo coeso, utilizando princípios baseados na competência. Acreditamos que este trabalho importante contribuirá para a criação de ótimos padrões nacionais em Medicina de Família no Brasil, mas irá também servir de inspiração para outros educadores nesta área que estão pensando em implementar tais mudanças.

5 – Por que a necessidade de treinamento em Atenção Primária após a graduação? O diploma de graduação em Medicina não é suficiente?
Existe uma falsa concepção de que os médicos da atenção primária são “generalistas” ou de formação incompleta. Se isso fosse verdade, e se a educação na graduação fosse suficientemente exigente, talvez não houvesse necessidade de uma residência. Porém, médicos de família não são generalistas. Eles são especialistas em atender as necessidades de pacientes na atenção primária. Ou seja, eles tratam de doenças comuns que afetam todos os sistemas do corpo e em todas as fases da vida. Na prática, os médicos de família são os agentes de intervenções epidemiológicas para a saúde pública. Eles também são especialistas nos cuidados de pacientes sob a perspectiva biológica-psicológica-social, tratando pacientes no contexto de suas famílias e comunidades. Médicos de família devem saber compreender as necessidades físicas e emocionais dos pacientes e ajudá-los a atingir seus potenciais como seres humanos completos e saudáveis. É necessário possuir habilidades específicas e aprimoradas. Somente através de uma educação exigente e específica tais médicos poderão ser treinados de maneira confiável e estarão disponíveis para atender as necessidades do Brasil e de seus habitantes. Sabemos através das pesquisas de Barbara Starfield6,7 e outros autores que um sistema de saúde que conta com uma divisão de atenção primária competente, e mais especificamente de Medicina de Família, é o que existe de mais importante para melhorar economicamente e de maneira prática a saúde no geral em um país.
Bibliografia:
1. Huddle TS, Heudebert GR. Taking apart the art: the risk of anatomizing clinical competence. Acad Med 2007;82(6):536-41.
2. Grant, J. (1999). The incapacitating effects of competency: A critique. Advances in Health Sciences Education,4, 271–277.
3. Neufeld, V. R., Maudsley, R. F., Pickering, R. J., Walters, B. C., Turnbull, J. M., Spasoff, R. S., Hollomby, D. J., & LaVigne K. J. (1993). Demand-side medical education: educating future physicians for Ontario. Canadian Medical Association Journal, 148(9), 1471–1477.
4. http://www.royalcollege.ca/portal/page/portal/rc/canmeds/framework (accessed June 11, 2014)
5. http://www.cfpc.ca/uploadedFiles/Education/CanMeds%20FM%20Eng.pdf (accessed June 11, 2014
6. Starfield B, Shi L, Macinko J. Contribution of primary care to health systems and health. Milbank Q. 2005; 83: 457-502.
7. Shi L, Macinko J, Starfield B, Wulu J, Regan J, Politzer R. The Relationship between Primary Care, Income Inequality, and Mortality in US States, 1980-1995. JABFP. 2003; 16 (5): 412- 22.