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Arquivo Mensal janeiro 2015

Congresso Iberoamericano de MFC será em março de 2015

4°Congresso Iberoamericano de Medicina de Família e Comunidade acontecerá entre os dias 18 e 21 de março de 2015, em Montevideu, no Uruguai. O congresso está recebendo propostas de atividades a serem realizadas. Além das discussões científicas e do compartilhamento de experiências, o congresso pretende fortalecer a identidade latina da MFC, com equipes de saúde reconhecidas e valorizadas.

 

Visite o site – http://goo.gl/e5P9Hf

A contaminação do SUS pela fragilidade da atenção básica e má formação de médicos.

“O que pensar de futuros médicos que promovem baladas em que se praticam violências contra suas colegas mulheres? Quais são as disciplinas que tratam as questões éticas, morais e humanitárias do exercício profissional? Simplesmente inexistem”, destaca o ex-ministro da Saúde.

O Sistema Único de Saúde – SUS atende a todos os brasileiros e a grande maioria tem nele o único acesso a atendimentos médicos. Mas para o ex-ministro da Saúde e diretor-executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde – ISAGS/UNASUL, José Gomes Temporão, o Sistema é muito mais do que isso.

Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line (IHU Unisinos ), ele revisita os conceitos e princípios que balizam essa política de Saúde. Destaca que é preciso se ter clareza de que o SUS visa não só aos atendimentos, mas à promoção humanista da saúde em ações que passam pela prevenção. Mas reconhece que essa atenção básica precisa se expandir. Para assegurar eficiência, é preciso levar o princípio para toda a Esplanada dos Ministérios. “O senso comum, quando fala de saúde, pensa em médicos, hospitais, tecnologias. É preciso inverter essa equação colocando a produção de saúde na frente do processo”, pontua.

Essa revisão conceitual da política passa também pelos profissionais da área. Médicos, por exemplo, vivem o que o ex-ministro chama de “mercantilização da profissão”. Desde a sua formação, a preocupação passa a ser mais o lucro, o reconhecimento enquanto especialista, esquecendo que, num sistema como o SUS, o que está no centro é a visão de saúde “como um bem coletivo, patrimônio da sociedade”, e não como “um espaço de acumulação para fazer bons negócios”. “Do lado da saúde institucionalizada as respostas não se encontram na falta de oferta de especialistas, mas sim na fragilidade da atenção básica e na formação precária dos novos médicos frente à questão da ética profissional”, completa o médico, que ainda fala sobre corrupção e as diferenças do sistema brasileiro em relação aos países mais ricos.

José Gomes Temporão é médico sanitarista. Assumiu o Ministério da Saúde no Governo Lula, em 2007, e permaneceu no cargo até 2011. Hoje, é diretor Executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Gostaria que o senhor nos recordasse os princípios básicos do Sistema Único de Saúde – SUS. Como ele funciona?

José Gomes Temporão – O SUS é resultado de um longo processo de luta da sociedade brasileira pelo direito à saúde. Ele toma forma apenas em 1988 com a promulgação da nova Constituição que contempla um capítulo específico sobre a saúde. Está escrito: “A saúde é um direito de todos e dever do Estado”. Depois, aprovou-se a Lei Orgânica da Saúde que contempla os princípios da universalização, descentralização, integralidade e controle social. Hoje, o SUS atende a todos os brasileiros, sendo que 75% da população depende única e exclusivamente do Sistema para suas necessidades em saúde.

IHU On-Line – Se lhe fosse dada a missão de rever alguns conceitos e princípios do SUS, quais seriam?

José Gomes Temporão – Penso que a descentralização ao longo destes 25 anos adotou um viés de municipalização que levou a certa fragmentação na organização de redes integradas de atenção. Precisamos resgatar nesse contexto o conceito de região. Por outro lado, as relações público-privadas deveriam ser revistas.

“Penso que a descentralização ao longo destes 25 ano [do SUS] adotou um viés de municipalização que levou a certa fragmentação na organização de redes integradas de atenção. Precisamos resgatar nesse contexto o conceito de região”

IHU On-Line – Países europeus e mesmo os Estados Unidos, muito mais ricos que o Brasil, não dispõem de um sistema público — e gratuito — de saúde como o nosso. No que o SUS poderia inspirar outros países e no que se diferencia das políticas em saúde dessas outras nações?

José Gomes Temporão – Na verdade, o Brasil se inspirou nos modelos de welfare europeus, como o da Inglaterra ou do continente americano, como o do Canadá. Mas, também, da experiência cubana e dos princípios da Conferência de Alma Ata daOMS. O cerne da diferença é se a saúde é vista como um bem coletivo, patrimônio da sociedade, ou se é vista como um espaço de acumulação para fazer bons negócios.

IHU On-Line – Como o SUS atua na medicina preventiva? Fala-se no programa Saúde da Família, mas é o único? Como funciona?

José Gomes Temporão – Todo sistema de saúde diferenciado em termos de qualidade e impacto deve ter como base uma política de atenção básica universal. Assim é na Inglaterra, por exemplo, onde todo e qualquer cidadão para ter acesso a qualquer nível do sistema deve se consultar com o médico de família. O nosso Programa Saúde da Família – PSF se inspira nesse princípio. Hoje, ele cobre cerca de 50% da população brasileira e tem impactado de forma significativa as condições de saúde das populações que se beneficiam dele.

“O cerne da diferença é se a saúde é vista como um bem coletivo, patrimônio da sociedade, ou se é vista como um espaço de acumulação para fazer bons negócios”

IHU On-Line – Recentemente, reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, denunciou um esquema de corrupção envolvendo próteses médicas. Além de colocar a saúde de pacientes em risco, médicos chegam a desviar 100 mil Reais por mês do SUS. Como o senhor recebeu essa denúncia?

José Gomes Temporão – Estarrecido, como toda a população e a grande maioria dos médicos. Será necessário regular esse mercado que a cada ano cresce de forma importante com a introdução de novas tecnologias.

IHU On-Line – Fraudes e desvios de recursos a que o SUS é exposto têm sido alvo de denúncias há muitos anos. Como preservar o Sistema para assegurar que o recurso — quase sempre escasso — não caia na teia de corrupções e desvios?

José Gomes Temporão – Os inimigos do SUS batem nessa tecla com frequência. Os mais ignorantes chegam a afirmar que não faltam recursos ao sistema público, e sim controle melhor dos recursos disponíveis. As fraudes devem ser combatidas ampliando-se a transparência, o acesso das pessoas à informação e os modelos de participação social.

“As fraudes devem ser combatidas ampliando-se a transparência, o acesso das pessoas à informação e os modelos de participação social”

IHU On-Line – Violência, criminalidade e acidentes de trânsito fazem milhões de vítimas todos os dias no Brasil. Quanto o sistema público de saúde gasta tratando vítimas dessas situações?

José Gomes Temporão – O volume de recursos financeiros gasto no tratamento e reabilitação das vítimas é fator relevante, mas menor. O custo do ponto de vista humano e societário é dramático. No Brasil o número de homicídios a cada ano gira em torno dos 50 mil. A maioria, jovens do sexo masculino e negros. Acidentes de trânsito vitimam cerca de 40 mil por ano. Vivemos uma epidemia de violência agravada pela falência do sistema prisional e da própria justiça. Mas a sociedade se nega a ver de frente as determinações estruturais dessa situação que na realidade é o modelo de sociedade que estamos construindo. O motor que produz violência está na exclusão, no preconceito, na injustiça, no abismo social entre as classes, na precariedade do sistema escolar e de saúde, na violência contra as mulheres, crianças e idosos, na homofobia, na falência das políticas de combate às drogas ditas ilegais. Sem enfrentar essa determinação, a situação só irá piorar.

IHU On-Line – Recentemente, o senhor disse que “o desenvolvimento sustentável do país requer colocar a saúde em todas as políticas, considerando suas dimensões biológica, psicológica e social para construir um ambiente facilitador à vida”. Como operacionalizar isso?

José Gomes Temporão – Deve-se começar não confundindo saúde com assistência à saúde. O senso comum, quando fala de saúde, pensa em médicos, hospitais, tecnologias. É preciso inverter essa equação colocando a produção de saúde na frente do processo. Vamos a alguns exemplos: a contaminação do ar e da água, os pesticidas usados largamente sem controle para o cultivo de alimentos, os acidentes de trânsito e de trabalho, os homicídios que se contam às dezenas de milhares por ano, na violência generalizada.

Do lado da saúde institucionalizada as respostas não se encontram na falta de oferta de especialistas, mas sim na fragilidade da atenção básica e na formação precária dos novos médicos frente à questão da ética profissional e da mercantilização da profissão. Em relação a estes, o que pensar de futuros médicos que na Universidade de São Paulo – USP promovem baladas em que se praticam violências contra suas colegas mulheres? Quais são as disciplinas que tratam as questões éticas, morais e humanitárias do exercício profissional? Simplesmente inexistem.

Mais exemplos? Vamos lá: a mortalidade materna não cai na velocidade desejada, mas não queremos enfrentar o aborto como uma de suas principais causas; a obesidade infanto-juvenil cresce em progressão geométrica, mas a publicidade de fast food e refrigerantes segue de vento em popa; a terceira causa de morte no país já são os homicídios e acidentes de trânsito e de trabalho, mas continuamos com visões simplistas e limitadas das raízes da violência e equivocadamente pedimos mais polícia para enfrentá-la; vociferamos contra o consumo das drogas ilegais (fora maconheiros!) e somos complacentes com o consumo abusivo de álcool; rangemos os dentes quanto ao desvio de verbas públicas na saúde pública e a corrupção que a acompanha, mas ingenuamente cremos quando nos vendem a ilusão de que ter um plano de saúde vai nos curar de todos esses males e também daqueles das filas do SUS.

IHU On-Line – Passado o tempo de implantação, qual a sua avaliação do programa Mais Médicos?

José Gomes Temporão – Penso que ainda é cedo para termos uma avaliação de caráter mais qualitativo e que possa medir o real impacto. Mas as informações preliminares são muito positivas.

IHU On-Line – É possível articular SUS e sistema privado de planos de saúde? Como?

José Gomes Temporão – São modelos conceitualmente distintos. Um se baseia no direito universal à saúde e no financiamento público. O outro é um negócio que obrigatoriamente deve ter equilíbrio financeiro. No primeiro temos o cidadão diante da sociedade e do Estado. No segundo é o consumidor diante do mercado.

Por João Vitor Santos, do site IHU Unisinos 

Divulgada lista completa de certificação do PMAQ

 

O Departamento de Atenção Básica acaba de divulgar a segunda e última lista de certificação do 2º ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB).

Nesta lista de certificação, estão sendo contemplados 5.072 municípios, referentes à certificação de 30.522 equipes de Atenção Básica (100%), 19.946 equipes de Saúde Bucal (100%) e 1.813 Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF (100%).
Hoje participam do programa 30.522 equipes de atenção básica e 19.946 equipes de Saúde Bucal e 1.813 NASF, que estão situadas em 5.072 municípios. O processo de certificação das equipes, que determina o volume de recursos a ser transferido aos municípios, é composto por três dimensões: uso de instrumentos autoavaliativos; desempenho em resultados do monitoramento dos 24 indicadores de saúde contratualizados; desempenho nos padrões de qualidade verificados in loco por avaliadores externos.

Na segunda lista de certificação, 4.712 equipes de atenção básica obtiveram o desempenho muito acima da média; 10.015 ficaram com desempenho acima da média; e 14.729 tiveram desempenho mediano ou abaixo da média. Quanto à saúde bucal, 2.802 equipes foram classificadas com o desempenho muito acima da média; 5.954 com desempenho acima da média; e 8.757 com desempenho mediano ou abaixo da média. Já os NASF, foram 285 equipes classificadas com o desempenho muito acima da média, 604 com desempenho acima da média e 884 com desempenho mediano ou abaixo da média.

Avanços
Alguns dados preliminares referentes a ofertas disponibilizadas pelas UBS e pelas equipes, além da satisfação dos usuários merecem destaque:
– Mais de 74,5% das UBS divulgam para os cidadãos as ações e ofertas de serviços das equipes; mais de 96,9% das equipes das UBS avaliadas realizam a retirada de pontos; mais de 90,9% realizam a coleta de exame citopatológico; 52,4% das equipes realizam drenagem de abcesso, 55,3% aplicação de penicilina G Benzatina, e 60,4% das equipes realizam lavagem de ouvido nas UBS.
– Mais de 90% das equipes ofertam consultas voltadas para o pré-natal, atendimento a crianças, e a agravos como hipertensão arterial e diabetes mellitus. Em relação à saúde bucal, mais de 80% das equipes de saúde bucal ofertam consultas para crianças de até 05 anos de idade e ofertam ações de prevenção e detecção de câncer de boca.
– 74,3% dos cidadãos entrevistados consideram as instalações das UBS boas; mais de 82% consideram o cuidado recebido pela equipe como “bom” ou “muito bom”, não mudariam de UBS ou equipe, caso tivessem a oportunidade, e 86% recomendariam a UBS a um amigo ou familiar.

Acesse aqui a lista de equipes certificadas por estado e município.

Os gestores municipais continuam acessando os dados da certificação das suas equipes no Portal do Gestor do DAB. Para acessar o sistema, o gestor deve acessar a área restrita com CPF (login) e senha; em seguida, vá para a aba “certificação do 2º Ciclo” e faça o download da planilha com as equipes certificadas.

 Nota publicada no site do DB/MS – http://dab.saude.gov.br/portaldab/

Ministério da Saúde oferta 5.505 bolsas para profissionais de saúde

Profissionais de saúde terão nova oportunidade para se especializar em áreas prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2015, o Ministério da Saúde autorizou a criação de 586 novas bolsas de residência para várias áreas de atuação. As novas vagas representam uma ampliação de 20% em relação ao ano passado nas bolsas disponíveis para os profissionais que estão ingressando na especialização. No total, 5.505 bolsas serão custeadas pelo Ministério da Saúde, sendo 3.461 bolsas para o primeiro ano e 2.044 para o segundo ano de residência.

Confira a lista de novos projetos selecionados

Poderão pleitear bolsas os integrantes de 15 categorias profissionais da saúde: biomedicina, ciências biológicas, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina veterinária, nutrição, odontologia, psicologia, serviço social, terapia ocupacional, física médica e saúde coletiva. As novas vagas estão presentes nas cinco regiões do país e abrangem 46 programas de residência em 12 áreas prioritárias para o SUS: Atenção Básica, Atenção ao Câncer, Saúde mental, Enfermagem Obstétrica, Física Médica, Urgência/Trauma, Neonatologia, Saúde Bucal: Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Intensivismo, Saúde Funcional e Reabilitação, Saúde Coletiva e Atenção Clínica Especializada.

A ação faz parte do Programa Nacional de Bolsas para Residência em Área Profissional da Saúde, que financia a formação em todas as áreas de saúde (Pró-Residência em Saúde) – exceto medicina, que está contemplada por meio do Pró-Residência Médica. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, enfatiza a importância de se investir na qualificação de todas as profissões de saúde. “Com a expansão das bolsas, teremos mais de 5 mil profissionais fazendo especialização em áreas prioritárias para o SUS. As equipes multidisciplinares são fundamentais para o funcionamento do Sistema Único de Saúde e para garantir a qualidade do atendimento à população”, enfatizou.

Conforme previsto em edital, as instituições públicas estaduais, municipais e Distrito Federal, bem como as instituições privadas sem fins lucrativos estiveram aptos a participar da seleção. O processo foi conduzido pela Comissão de Seleção designada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS) e pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Saúde (SESu/MEC).

Para aprovar os recursos para concessão de bolsas no valor de R$ 2.976,26, a Comissão avalia os projetos enviados pelas instituições, que precisam estar de acordo com as exigências e regulamentação da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS). Entre os critérios avaliados, estão os projetos desenvolvidos nas Redes Prioritárias do SUS, como a Atenção Básica e Saúde da Família.

Entre algumas das categorias mais importantes abrangidas pela expansão estão a enfermagem e a odontologia, que já vinham participando de um processo de formação em serviço por meio do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab). Neste novo momento, no entanto, os esforços estão concentrados na especialização por meio da residência, e por isso não será aberta nova turma do Provab para enfermeiros e dentistas, que poderão aproveitar as novas oportunidades de especialização.

AMPLIAÇÃO – O Pró-Residência em Saúde tem o objetivo de incentivar a formação de especialistas, caracterizada pela integração ensino-serviço, em campos de atuação estratégicos para o SUS a partir das necessidades regionais identificadas. Desde 2010, o Ministério da Saúde aumentou em cerca de sete vezes o número de vagas em relação a 2015 – naquele ano e em 2011, conjuntamente, apenas 499 bolsas estavam sendo custeadas pela Saúde. O governo federal também vem investindo na expansão da residência médica, por meio do Programa Mais Médicos. A meta é abrir 12,4 mil novas vagas com foco na valorização da Atenção Básica e outras áreas prioritárias para o SUS. Até o momento, 2.822 vagas de residência médica foram criadas.

 

Nota publicada no site do MS – http://portalsaude.saude.gov.br/

Médicos de família passam a fazer atendimento particular personalizado

Em vez de fazer uma romaria de médico em médico, cada um especialista em uma coisa, a professora Maria Alice Rondini, 46, só vai em um: no médico de família Giuliano Dimarzio, de Amparo (a 59 km de Campinas). É assim desde 2007, quando Dimarzio passou a cuidar da avó dela, que até então ia em vários especialistas. “Cada um receitava um remédio e, quando acontecia uma emergência, não sabíamos para quem ligar. Estávamos perdidos”, diz Maria Alice. Após cuidar da avó, Dimarzio herdou a família toda: além de Maria Alice, foi médico de seu avô e de seu pai.
“Ele já sabe toda a história da família. Tenho o celular dele e o Facebook. Quando preciso de um especialista, ele que indica. Isso dá segurança, é como aquele médico de antigamente.”Esse modelo de cuidado focado no paciente, e não na doença, tem se espalhado no Brasil nos últimos quatro anos, segundo Thiago Trindade, presidente da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade).
Os especialistas na área, que até então eram quase todos absorvidos pelo sistema público de saúde e atendiam famílias de baixa renda, têm migrado para o serviço privado, seja para convênios ou consultório particular. Trindade estima que dos 5.000 especialistas da Sociedade, 10% já trabalhem no sistema particular. “Há cinco anos, eram só 10 ou 15 médicos de família que atendiam fora do serviço público”, diz.

MÉDICO CONCIERGE
O crescimento é uma tendência mundial que surgiu como resposta à superespecialização de medicina. Nos EUA, esse profissional foi denominado “médico concierge”: generalistas que ficam disponíveis 24 horas que até acompanham o paciente em visitas a especialistas. Isso ainda não existe por aqui. Dimarzio, por exemplo, faz atendimentos domiciliares, fica sempre disponível e indica especialistas, mas não acompanha consultas.”A nossa principal função é coordenar o cuidado, e isso inclui uma interação com outros profissionais”, diz Dimarzio, que atua na área há nove anos. Em 2014, sua lista de pacientes cresceu 25%. A consulta com outros especialistas é uma exceção. Em geral, os generalistas são capazes de solucionar 80% dos casos que chegam a eles, de acordo com Rodrigo Lima, diretor da SBMFC. “Mesmo quando encaminhamos, continuamos responsáveis pelo paciente”, diz.
Adriano Justino, também médico de família, define o generalista como um advogado do paciente. “Ele se preocupa em observar o todo, não seleciona paciente por queixa ou parte do corpo”, diz. A maior disponibilidade tem um preço. Boa parte desses médicos não atende por planos de saúde e uma consulta, com retorno, pode custar R$ 500. Nos EUA, porém, é possível ter o serviço pagando uma taxa de a partir de US$ 65 (R$ 160) por mês a empresas que fazem a intermediação com os médicos.

SÓ COM INDICAÇÃO
Guilherme Wagner é médico de família e atende em um consultório em Ipanema, no Rio, desde 2010. Hoje, ele só recebe novos pacientes por indicação. “A procura é grande. Sou o único médico de família da zona sul que conheço.” A atuação generalista não é exclusividade da médicos da família. Geriatras, cardiologistas e os chamados clínicos gerais também podem agir assim. “Ao meu ver, trata-se de uma maneira de encarar a medicina”, diz Marcelo Levites, médico coordenador do Centro de Longevidade do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. A instituição implementou em 2014 um programa de cuidado centralizado para pacientes com mais de 50 anos. Pelo programa, Levites se tornou o médico pessoal da aposentada Gina Marochio, 60.
Acostumada a ir em vários especialistas, Gina diz que sua “vida mudou” depois de ter um médico de referência. “Além de ser meu médico, conversamos sobre outras coisas. Desde o primeiro dia já tenho seu celular”, conta. “Parece a reinvenção da roda, mas, no contexto atual da medicina superespecializada, focar no paciente se tornou necessário”, diz Levites. Os planos de saúde já perceberam isso. Em algumas capitais, a Unimed tem um projeto piloto em que médicos de família ficam responsáveis pelo encaminhamento do paciente dentro do sistema.
“Isso reduz o percurso da pessoa. Evita consultas e exames desnecessários e idas e vindas ao pronto atendimento”, diz José Ferreira, diretor de provimento de saúde da Unimed de Belo Horizonte.

Artigo publicado na Folha de São Paulo – Equilíbrio e Saúde – Juliana Vines

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/

 

Que sistema de saúde nós queremos ter?

Nesta terça-feira 27 de janeiro, a Medida Provisória 656/2014, que permite investimentos estrangeiros nos serviços de saúde, como clínicas e hospitais, também esteve na pauta da jornalista Cláudia Colucci, da Folha de São Paulo, que assina o artigo ‘Que sistema de saúde nós queremos ter?’. Confira na íntegra:

Por que o tema saúde pública não consegue fazer o mesmo barulho que o transporte público tem conseguido? Ainda que o assunto tenha aparecido nas manifestações de junho de 2013, ele logo se esvaziou. Perdemos uma oportunidade única de iniciar um movimento social em torno de uma questão que devemos enfrentar: afinal, que sistema de saúde nós queremos ter?

A menos que você seja um iniciado em políticas de saúde, dificilmente já se fez essa pergunta. Mas é melhor fazer um esforço e começar a entender o momento crucial que vivemos hoje. A proposta de uma cobertura universal de saúde vem tomando o centro da agenda internacional e sendo defendida por organismos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

É preciso entender, porém, que cobertura universal de saúde não é a mesma coisa que um sistema universal de saúde (o nosso SUS, por exemplo). O primeiro se refere a um conjunto de garantias que podem estar cobertas ou não.

Por exemplo, no México, a população com carteira assinada é atendida pelo Instituto Mexicano de Seguro Social e os ricos contratam o mercado privado. Para as cerca de 50 milhões de pessoas que não estão incluídas no mercado formal de trabalho existe o “Seguro Popular”, que oferece pacotes básicos de serviços. Cobrem, por exemplo, sete tipos de câncer. O câncer de pulmão é um deles. Mas se a doença acometer a boca ou a laringe, já está fora da alçada do seguro.

A proposta da “cobertura universal de saúde” caminha por aí. Ela promete dar acesso a todos os serviços de saúde, mas fazendo uma separação de acordo com a capacidade de pagamento. Quem pode pagar mais, tem acesso a um maior número de serviço. Quem não pode, fica com a cesta básica, alijado de tratamentos caros, como os de câncer. Se quiser saber mais sobre isso, leia a cartilha editada pelo Cebes (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde).

No Brasil, incluímos na Constituição de 1988 que a saúde é um direito universal e dever do Estado e que seria financiada por fontes fiscais. Mas, na verdade, muito do que se pregou na Constituição e em outras normas que vieram depois ficou no papel. O que gente viu desde então foi o crônico subfinanciamento do sistema e, na última década, o crescimento dos seguros privados, impulsionado por recursos públicos em forma de incentivos fiscais. Em São Paulo, por exemplo, 50% da população têm plano de saúde.

Vale lembrar, no entanto, que a maioria das pessoas tem acesso a planos e seguros privados de saúde enquanto estão no mercado de trabalho. Ao se aposentar, muitos perdem seus planos porque não têm mais como pagar. Justamente na velhice, quando mais precisam. Volto à pergunta: É esse o sistema que queremos?

Não existe um sistema ideal de saúde, mas existem modelos que estão muito mais avançados do que o nosso, como os de Portugal e Espanha. São sistemas também financiado por impostos e organizados a partir de uma atenção básica bem estruturada, interagindo com os demais níveis de especialização. Conseguem ter melhores indicadores de saúde e menores gastos do que sistemas baseado em seguros privados, como o americano. E com grande aprovação social.

Mas, para avançarmos rumo a um sistema de saúde semelhante, precisamos parar de enxergar a saúde como um bem de consumo e lutar pelo sistema assegurado pela Constituição. Saúde não é mercadoria. A doença, sim, tem sido um grande negócio para a indústria da saúde. Não é a toa que as farmacêuticas e a indústria de produtos e equipamentos médicos sempre ocupam boas colocações no ranking das mais lucrativas.

Parece óbvio que, para esse mercado, não interessa que a população tenha menos doenças. Menos doença significa menos consumo, menos lucro.

Temos iniciativas ótimas no nosso SUS, como o Programa de Saúde da Família, que vem sendo copiado, inclusive, por alguns planos de saúde. Sim, ainda temos muitos problemas, mas sem mobilização popular não só não vamos superá-los como corremos o risco de perder o que já conseguimos.

Como já disse Gilson Carvalho, um dos idealizadores do SUS que morreu ano passado, “o SUS nasceu uma Mercedes que esqueceram de botar gasolina”. Sim, o nosso SUS anda empurrado. E, agora, com o capital estrangeiro chegando na área da saúde, corre o risco de ser seriamente atropelado. De novo, é isso que queremos?

Publicado no site da Abrasco – http://www.abrasco.org.br/site/

Curso de Pós-graduação Lato Sensu e Especialização em Homeopatia

A ABRAH (Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia), em convênio com:

-HSPM – Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo,

-Faculdade de Medicina da UFF – Universidade Federal Fluminense,

-Instituto de Saúde da Comunidade,

-Departamento de Saúde e Sociedade da UFF,

-NUCI – Núcleo de Cuidados Integrativos e Departamento de Doenças Neuro Musculares da UNIFESP,

realiza Cursos Teórico/Práticos de Especialização e Pós Graduação Lato Sensu em Homeopatia para Médicos, Odontólogos e Veterinários, sob a orientação do Prof. Romeu Carillo Jr. e equipe da ABRAH.

São trinta e dois anos de experiência na Clínica de Homeopatia do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, maior e mais tradicional Serviço de Homeopatia em ambiente hospitalar.

Informações do curso em São Paulo-SP:

http://www.abrah.org.br/cursos/cursos-de-formacao/pos-graduacao-lato-sensu-em-homeopatia-sao-paulo-sp/

 

Informações do curso em Niteroi-RJ:

http://www.abrah.org.br/cursos/cursos-de-formacao/pos-graduacao-lato-sensu-em-homeopatia-niteroi-rj/

 

 

 

 

QUALICOPC, a multi-country study evaluating quality, costs and equity in primary care

Abstract
Background: The QUALICOPC (Quality and Costs of Primary Care in Europe) study aims to evaluate the performance of primary care systems in Europe in terms of quality, equity and costs. The study will provide an answer to the question what strong primary care systems entail and which effects primary care systems have on the performance of health care systems. QUALICOPC is funded by the European Commission under the “Seventh Framework Programme”. In this article the background and design of the QUALICOPC study is described.

Methods/design: QUALICOPC started in 2010 and will run until 2013. Data will be collected in 31 European countries (27 EU countries, Iceland, Norway, Switzerland and Turkey) and in Australia, Israel and New Zealand. This study uses a three level approach of data collection: the system, practice and patient. Surveys will be held among general practitioners (GPs) and their patients, providing evidence at the process and outcome level of primary care. These surveys aim to gain insight in the professional behaviour of GPs and the expectations and actions of their patients. An important aspect of this study is that each patient’s questionnaire can be linked to their own GP’s
questionnaire. To gather data at the structure or national level, the study will use existing data sources such as the System of Health Accounts and the Primary Health Care Activity Monitor Europe (PHAMEU) database. Analyses of the data will be performed using multilevel models.

Discussion: By its design, in which different data sources are combined for comprehensive analyses, QUALICOPC will advance the state of the art in primary care research and contribute to the discussion on the merit of strengthening primary care systems and to evidence based health policy development.

Authors-

Willemijn LA Schäfer1*, Wienke GW Boerma1, Dionne S Kringos1, Jan De Maeseneer2, Stefan Greß3, Stephanie Heinemann3, Danica Rotar-Pavlic4, Chiara Seghieri5, Igor Švab4, Michael J Van den Berg6,7, Milena Vainieri5, Gert P Westert8, Sara Willems2 and Peter P Groenewegen1,9

Article – artigo26_01_2015

 

Measures of quality, costs and equity in primary health care: instruments developed to analyse and compare primary health care in 35 countries

Abstract

Background The Quality and Costs of Primary Care in Europe (QUALICOPC) study aims to analyse and compare how primary health care systems in 35 countries perform in terms of quality, costs and equity. This article answers the question ‘How can the organisation and delivery of primary health care and its outcomes be measured through surveys of general practitioners (GPs) and patients?’ It will also deal with the process of pooling questions and thesubsequent development and application of exclusion criteria to arrive at a set of appropriate questions for a broad international comparative study.
Methods The development of the questionnaires consisted of four phases: a search for existing validated questionnaires, the classification and selection of relevant questions, shortening of the questionnaires in three consensus rounds and the pilot survey. Consensus was reached on the basis of exclusion criteria (e.g. the applicability for international comparison). Based on the pilot survey, comprehensibility increased and the number of questions was further restricted, as the questionnaires were too long.
Results Four questionnaires were developed: one for GPs, one for patients about their experiences with their GP, another for patients about what they consider important, and a practice questionnaire.
The GP questionnaire mainly focused on the structural aspects (e.g. economic conditions) and care processes (e.g. comprehensiveness of services of primary care). The patient experiences questionnaire focused on the care processes and outcomes (e.g. how do patients experience access to care?).
The questionnaire about what patients consider important was complementary to the experiences questionnaire, as it enabled weighing the answers from the latter. Finally, the practice questionnaire included questions on practice characteristics.
Discussion The QUALICOPC researchers have developed four questionnaires to characterise the organisation and delivery of primary health care and to compare and analyse the outcomes. Data collected with these instruments will allow us not only to show in detail the variation in process and outcomes of primary health care, but also to explain the differences from features of the (primary) health care system.

Article –artigo19_01_2015

 

Authors:

Willemijn LA Schäfer
Wienke GW Boerma NIVEL, Netherlands Institute for Health Services Research, Utrecht, The Netherlands
Dionne S Kringos NIVEL, Netherlands Institute for Health Services Research, Utrecht, The Netherlands and Department of Social Medicine, Academic Medical Centre (AMC), University of Amsterdam, The Netherlands
Evelyne De Ryck Department of General Practice and Primary Health Care, Ghent University, Belgium
Stefan Greß and Stephanie Heinemann Hochschule Fulda – University of Applied Sciences, Fulda, Germany
Anna Maria Murante Laboratorio MeS, Istituto di Management, Scuola Superiore Sant’Anna, Italy
Danica Rotar-Pavlic ULMF – University of Ljubljana, Slovenia
François G Schellevis NIVEL, Netherlands Institute for Health Services Research, Utrecht, The Netherlands and Department of General Practice and Elderly Care Medicine, EMGO Institute for Health and Care Research, VU University Medical Center, Amsterdam, The Netherlands
Chiara Seghieri Laboratorio MeS, Istituto di Management, Scuola Superiore Sant’Anna, Italy
Michael J Van den Berg RIVM – National Institute for Public Health and the Environment, Bilthoven, The Netherlands and Tranzo, Tilburg University, The Netherlands Gert P Westert Radboud University Nijmegen Medical Centre, The Netherlands
Sara Willems Department of General Practice and Primary Health Care, Ghent University, Belgium
Peter P Groenewegen NIVEL, Netherlands Institute for Health Services Research, Utrecht, The Netherlands and Department of Sociology and Department of Human Geography, Utrecht University, The Netherlands

ISAGS divulga os mapas em espanhol da APS do Brasil, Guiana e Suriname

Durante o ano de 2014, foram realizados o mapeamento de Atenção Primária à Saúde (APS) nos 12 países sul-americanos, na sequência de uma matriz analítica comum organizados em dimensões APS, financiamento APS, recursos de renderização e de condução a organização da APS, cuidar da coordenação e integração da rede de serviços de APS, APS força de trabalho, participação social, a ação intersetorial e multiculturalismo.
O ISAGS divulga agora dos  mapeamentos  em espanhol do Brasil (originalmente em Português), Guiana e Suriname (originalmente em Inglês). O mapeamento do Brasil chama tenção a visão ampla da atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS), o seu progresso e os desafios para garantir a atenção integral e consolidação de um sistema universal.
Guiana e Suriname são caracterizados pela diversidade cultural de suas populações e estratégias para superar os défices dos profissionais de saúde com a formação de técnicos.
Juntos, os três países têm o desafio de superar as lacunas no fornecimento, a distribuição regional e formação de profissionais de saúde para a APS.
Confira as publicações

Mapa Brasil mapaBrasil

Mapa Guiana MapaGuiana

Mapa Suriname mapa suriname

Site do ISAGS – http://www.isags-unasur.org/