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Arquivo Diário 16 de dezembro de 2013

Banco Mundial e SUS: o que você só vê na mídia. Por Eduardo Fagnani

O professor Eduardo Fagnani (Instituto de Economia da Unicamp) e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (CESIT/IE-UNICAMP), publicou artigo intitulado ‘Banco Mundial e SUS: o que você só vê na mídia’. Confira na íntegra:

 

A manchete da primeira página da Folha (9/12/13) não deixa margem à dúvida: “Ineficiência marca gestão do SUS, diz Banco Mundial”. A matéria destaca que essa é “uma das conclusões de relatório inédito obtido com exclusividade pela Folha”. Aos desavisados a mensagem subliminar é clara: o SUS é um fracasso e o Ministro da Saúde, incompetente.A curta matéria da suposta avaliação do Banco Mundial sobre vinte anos do SUS é atravessada de “informações” sobre desorganização crônica, financiamento insuficiente, deficiências estruturais, falta de racionalidade do gasto, baixa eficiência da rede hospitalar, subutilização de leitos e salas cirúrgicas, taxa média de ocupação reduzida, superlotação de hospitais de referência, internações que poderiam ser feitas em ambulatórios, falta de investimentos em capacitação, criação de protocolos e regulação de demanda, entre outras.Desconfiado, entrei no site do Banco Mundial e consegui acesso ao “inédito” documento “exclusivo” (veja aqui). Para meu espanto, consultando as conclusões da síntese (Overview), deparei-me com a seguinte passagem que sintetiza as conclusões do documento (página 10):

“Nos últimos 20 anos, o Brasil tem obtido melhorias impressionantes nas condições de saúde, com reduções dramáticas mortalidade infantil e o aumento na expectativa de vida. Igualmente importante, as disparidades geográficas e socioeconômicas tornaram-se muito menos pronunciadas. Existem boas razões para se acreditar que o SUS teve importante papel nessas mudanças. A rápida expansão da atenção básica contribuíu para a mudança nos padrões de utilização dos serviços de saúde com uma participação crescente de atendimentos que ocorrem nos centros de saúde e em outras instalações de cuidados primários. Houve também um crescimento global na utilização de serviços de saúde e uma redução na proporção de famílias que tinham problemas de acesso aos cuidados de saúde por razões financeiras. Em suma, as reformas do SUS têm alcançado pelo menos parcialmente as metas de acesso universal e equitativo aos cuidados de saúde (tradução rápida do autor).Após ler essa passagem tive dúvidas se havia lido o mesmo documento obtido pela jornalista. Fiz novos testes e cheguei à conclusão que sim. Constatado que estava no rumo certo continuei a ler a avaliação do Banco Mundial e percebí que as críticas são apontadas como “desafios a serem enfrentados no futuro”, visando o aperfeiçoamento do SUS.Nesse caso, o órgão privilegia cinco pontos, a saber: ampliar o acesso aos cuidados de saúde; melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde; redefinir os papéis e relações entre os diferentes níveis de governo; elevar o nível e a eficácia dos gastos do governo; e, melhorar os mecanismos de informações e monitoramento para o “apoio contínuo da reforma do sistema de saúde” brasileiro.O Banco Mundial tem razão sobre os desafios futuros, mas acrescenta pouco ao que os especialistas brasileiros têm dito nas últimas décadas. Não obstante, é paradoxal que esses pontos críticos ainda são, de fato, críticos, em grande medida, pela ferrenha oposição que o Banco Mundial sempre fez ao SUS, desde a sua criação em 1988: o sistema universal brasileiro estava na contramão do “Consenso de Washington” e do modelo dos “três pilares” recomendado pelo órgão aos países subdesenvolvidos.*** É preciso advertir aos leitores jovens que, desde o final dos anos de 1980, Banco Mundial sempre foi prejudicial à saúde brasileira.

É uma pena que o debate sobre temas nacionais relevantes – como o sistema público de saúde, por exemplo – seja interditado pela desinformação movida pelo antagonismo das posições políticas, muitas vezes travestido de ódio, que perpassa a sociedade, incluindo a mídia.

Que o espírito reconciliador Mandela ilumine os brasileiros – e o pobre debate nacional.

**Twenty Years of Health System Reform in Brazil – An Assessment of the Sistema Único de Saúde. Michele Gragnolati, Magnus Lindelow, and Bernard Couttolenc. Human Development. 2013 International Bank for Reconstruction and Development / The World Bank 1818 H Street NW, Washington DC.

 

***Consultar, especialmente: BANCO MUNDIAL (1990). World Development Report: Poverty. Washington, D.C; BANCO MUNDIAL (1991). Brasil: novo desafio à saúde do adulto. Washington, D.C. 1991; BANCO MUNDIAL (1993). World Development Report: Investing in Health. Washington, D.C; BANCO MUNDIAL (1994). Envejecimiento sin crisis: Políticas para la protección de los ancianos y la promoción del crecimiento. Washington, D.C; e BANCO MUNDIAL (1995). A Organização, Prestação e Financiamento da Saúde no Brasil: uma agenda para os anos 90. Washington, D.C.

 

(Publicado originalmente no Cebes – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde)

Atenção Primária é destaque no Prêmio de incentivo em C&T

Representantes  da ENSP foram vencedores na edição 2012/2013 do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS) . Na categoria Monografia,  Stefânia Santos Soares ficou em primeiro lugar com o trabalho O papel da AB no atendimento às urgências – um olhar sobre as políticas. Ela cursou Residência Multiprofissional em Saúde da Família e a especialização em Gestão da Atenção Básica, ambas na ENSP, concluídas em 2012 e 2013. Esse trabalho também esteve sob a orientação da professora Luciana Lima.

O curso de especialização em Gestão da Atenção Básica nos moldes da Residência, mais conhecido como R3, do qual a aluna participou, é voltado para egressos da Residência Saúde da Família da ENSP. O curso atua para o fortalecimento da Atenção Básica nas três instâncias de gestão do Sistema Único de Saúde – federal, estadual e municipal –, enfocando suas respectivas atribuições, papéis e responsabilidades, em respeito ao Pacto Federativo Brasileiro. A Residência em Saúde da Família é coordenada pela professora Maria Alice Pessanha, e a Residência em Gestão da Atenção Básica, pelos professores Helena Seidl, Roberta Gondim e Gustavo Matta.

Também recebeu prêmio a tese As Múltiplas facetas da interação entre pesquisa e o processo de formulação de política pública e ou intervenção em saúde pública, de Maria Aparecida Patroclo, orientada pela professora Ligia Giovanella.

Fonte site ENSP – http://www.ensp.fiocruz.br

Community Health Workers in Canada

Innovative Approaches to Health
Promotion Outreach and Community
Development Among Immigrant and
Refugee Populations.

 

Sara Torres, PhD; Denise L. Spitzer, PhD;
Ronald Labont´e, PhD; Carol Amaratunga, PhD;
Caroline Andrew, PhD

Abstract: This article provides results from an empirical case study that showcases a community health worker practice targeting immigrants and refugees in Canada. The study focuses on the Multicultural Health Brokers practice, which offers an innovative approach to health promotion
outreach and community development addressing broad social determinants of health. This article offers new evidence of both the role of community health worker interventions in Canada and community health workers as an invisible health and human services workforce. It also discusses the Multicultural Health Brokers contribution both to the “new public health” vision in Canada and to a practice that fosters feminist urban citizenship.

Key words: Canada, community development, community health workers, health human services workforce, health promotion, health care system, immigrants, Multicultural Health Brokers, public health, refugees

artigoCanada