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Arquivo Mensal outubro 2013

65º CBEn – Congresso Brasileiro de Enfermagem

O Congresso Brasileiro de Enfermagem , em sua 65° versão, ocorrerá na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no centro de Convenções Sul América.

O evento é promovido pela ABEn Nacional e realizado pela Seção RJ da ABEn, e tratará do tema – “Cuidado com a vida”. Ancorados pela história dos congressos anteriores e, considerando a experiência acumulada pelos segmentos e áreas da enfermagem, realizou-se a construção da temática do 65º CBEn/2013, que deu-se a partir de oficinas que congregaram representantes dos serviços de saúde, de instituições de ensino e dos órgãos de classe.

http://www.abeneventos.com.br/65cben/apresentacao.html

O Cuidado das Condições Crônicas na Atenção Primária à Saúde

O livro O Cuidado das condições crônicas na Atenção Primária à Saúde: o imperativo da consolidação da Estratégia da Saúde da Família,    de autoria do sanitarista Eugênio Vilaça, foi lançado durante as    festividades dos 30 anos do Conass e a posse da nova diretoria eleita    para gestão 2012/2013. A publicação faz parte das atividades realizadas    pelo Laboratório de Inovações – Atenção às Condições Crônicas na   Atenção  Primária em Saúde no marco das RAS, coordenado pela OPAS Brasil   e  Conass, com apoio do Ministério da Saúde e Conasems.

O livro está disponível para download gratuito.

A busca da verdade no campo científico da saúde

Autora: Maria Cecília de Souza Minayo

Inicio este debate com fragmentos de um editorial escrito em 2004 pelo Dr. Atallah, Diretor do Centro Cochrane no Brasil: “reduzindo-se as incertezas sobre a efetividade e segurança em cada intervenção em saúde, podem-se calcular os custos e os benefícios de cada opção, verificar sua eficiência e transformar esses conhecimentos para que diretrizes clínicas possam ser implementadas. Todo [esse] processo, (…) requer pesquisas científicas rigorosas multidisciplinares, que incluem, além das disciplinas já citadas, a psicologia, a economia, a antropologia, a estatística, a sociologia etc, pois está em jogo a qualidade de vida e o bem comum. Para isso, é preciso não subestimar a importância do que não se conhece, conhecer e ampliar os horizontes sobre o que é relevante e não perder a noção do todo nem dos objetivos da ciência médica”1.

Em seguida, trago para reflexão um texto de Fernando Pessoa que ressalta a complexidade das questões humanas: “Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado. Cada um me contou a narrativa de porque tinham se zangado. Cada um disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Não era que um via uma coisa e o outro, outra, ou um via um lado das coisas e o outro, um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico um do outro. Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso a respeito desta dupla existência da verdade”2.

Teoricamente, a reflexão do Dr. Atallah converge com a de Fernando Pessoa e do que dizem os autores deste artigo de debate quando advogam contra o reducionismo científico na área da saúde. Atallah define a “saúde baseada em evidência” como apenas uma forma de diminuir as incertezas dos diagnósticos e intervenções, a favor dos pacientes. E, sem dúvida, têm sido importantes os trabalhos de revisão da literatura que buscam o aprimoramento dos diagnósticos e das intervenções na área da saúde, o que vem ao encontro dos anseios de todos que queremos uma resposta segura e plausível quando alguma enfermidade nos acomete. Portanto, desmerecer esse esforço está fora de qualquer cogitação. Sobre o assunto tecerei quatro considerações.

(1) A primeira é a favor de uma ciência que valoriza a pluralidade dos sujeitos e das racionalidades, o que não deve ser apenas interna ao campo científico, mas abarcar outros saberes provenientes do conhecimento informal expresso na linguagem e na experiência cotidiana. Tal necessidade se fundamenta no fato de que o observador e o observado são partes integrantes do mesmo processo de temporalidades e causalidades múltiplas e simultâneas. Assim, não podemos acolher evidências aportadas pelos estudos biomédicos e clínicos como verdades acabadas, numa área em que a integralidade do sujeito, a intersubjetividade nas relações, a intercessão entre corpo e mente, a força das representações e o papel de vários outros fatores como religião, crenças e valores precisam ser realmente considerados3.

(2) O segundo ponto, diz respeito a questões epistemológicas. As mudanças sociais ocorridas dos últimos 50 anos levaram a maioria dos campos científicos a se questionar sobre sua racionalidade unívoca, o que se expressa na proliferação de uma semântica superlativa incorporada ao dicionário dos profissionais e investigadores: integralidade, interdisciplinaridade, interface, multidisciplinaridade, interprofissionalidade, multiprofissionalidade, transdisciplinaridade, interrelações, interinstitucionalidade e muitos outros. Esse movimento da linguagem sugere uma inquietação e busca de análises e atuações mais abrangentes e interconectadas e reflete a impropriedade das propostas unidirecionais e unívocas4. Tais problemas vêm sendo tratados por muitos autores de renome internacional, dos quais cito, a título de exemplo, Ilya Prigogine, Henri Atlan e Edgar Morin.

Em “O fim da certeza” Prigonine5 fala da contemporânea transição da humanidade e da ciência. Nessa ciência em transição, a noção de complexidade conduz a uma nova racionalidade que supera os determinismos e a ideia de que o porvir já está ou pode ser definido. Prigogine mostra que a ideia de crise e incertezas passou a ser uma característica contemporânea nos estudos sobre os sistemas vivos. O destino dos viventes, lembra o autor, é feito por escolhas a partir de “bifurcações” (de possibilidades que se abrem) causadas por essas crises. A ultrapassagem da racionalidade clássica, diz Prigogine, aproxima a teoria da complexidade muito mais da China e da Índia do que dos tradicionais teóricos da ciência que insistem sobre regularidades, estabilidade, equilíbrio e dualismo entre o mundo dos números e o dos fenômenos. Na visão de Prigogine, por mais que se busque a redução das incertezas, elas persistem como uma condicionalidade de nosso tempo.

Atlan6 conseguiu comprovar que, em certas circunstâncias, é justamente o ruído (o caos, a desordem) que introduz uma novidade nos sistemas vivos, permitindo que eles se adaptem às mutáveis situações do ambiente e, nessa condição, possam melhorar seu desempenho e ganhar mais complexidade. Mas, o dinamismo da autoorganização não acontece sempre positivamente, pois o sistema vivo, em determinadas condições, pode involuir. Traduzindo este pensamento para a questão da saúde, uma evidência científica médica pode se beneficiar de interações positivas entre o profissional e o paciente, o ambiente familiar do doente ou da organização de uma unidade de saúde7. Mas também pode ser prejudicada por um contexto sociocultural e institucional adverso.

Edgard Morin8 também critica a visão cartesiana do mundo e propugna uma nova forma de olhar, pesquisar e atuar frente à realidade. O autor define o que chama de “inteligência cega”: inteligência parcelada, compartimentalizada, mecanicista, disjuntiva, reducionista, que destrói a complexidade do mundo em fragmentos distintos, fraciona os problemas, separa o que está unido, unidimensionaliza o multidimensional.

(3) O terceiro ponto a ser ressaltado é de ordem filosófica, fundamentada em autores que mostram ser impossível atingir a verdade absoluta, mesmo quando se faça uso de múltiplas abordagens teóricas e metodológicas. Isso porque nunca a compreensão dos fatos é originariamente e contextualmente total. Heidegger9 nos convida a exercitar incansavelmente a compreensão sobre as experiências e as vivências, dizendo que essa tarefa nos torna humanos. Esse autor ressalta que a facticidade da vida e do ser-nomundo não é uma “coisa em si mesma”, e sim, um processo reflexivo de natureza parcial e inacabada, uma vez que ontologicamente os indivíduos se encontram reciprocamente eviscerados no velamento e no desvelamento dos acontecimentos. Assim o entendimento não se esgota nem na subjetividade nem na objetivação, uma vez que está envolto irremediavelmente na verdade e na não verdade. Isso acontece mesmo usando-se os procedimentos científicos mais exigentes. Heidegger chama atenção para o que, posteriormente, foi aprofundado por Gadamer10 sobre o “compreender” que é muito mais do que uma técnica: é o exercício humano de quem se coloca no lugar do outro.

Todos esses filósofos ressaltam também que qualquer processo de interação entre pessoas aponta tanto para o entendimento como para o desentendimento. Habermas11, em diálogo com Gadamer, sublinha que o velamento não ocorre apenas no ato inaugural da inter-relação humana, mas está também na intransparência da linguagem que vem das diferenças sociais e dos interesses de cada ator social em comunicação.

(4) Como consequência desse terceiro ponto, deve-se ressaltar as dificuldades que tais problemas filosóficos trazem para a aplicação dos métodos científicos. Os temas que tratam dos seres humanos – e de sua saúde – atravessam vários campos, cada vez mais especializados e cientes de suas descobertas, teorias, técnicas e propósitos específicos. Trabalhar com fragmentos desse conjunto de conhecimentos teóricos e metodológicos não é fácil. São ainda frágeis as estratégias para atingirmos o que Bertallanfy12 sugere: que abandonemos a ideia de disciplinas e foquemos em totalidades constituídas ao interior da organização dos fenômenos, para que a compreensão dos sistemas vivos e complexos seja alcançada sem reducionismo, sem transferência ingênua de conceitos, sem buscar semelhanças superficiais e transposição de modelos.

Referências

1. Atallah NA. Incerteza, a ciência e a evidência. Diagn. tratamento 2004;9(1):27-28.      [ Links ]

2. Pessoa F. Livro do Desassossego. Lisboa: Assírio & Alvim; 2006. (Coleção Obras de Fernando Pessoa)         [ Links ]

3. Minayo MCS. Estrutura e sujeito, determinismo e protagonismo histórico: uma reflexão sobre a práxis da saúde coletiva. Cien Saude Colet 2001;6(1):7-19.

4. Minayo MCS. Da inteligência parcial ao pensamento complexo: desafios da ciência e da sociedade contemporânea. Política & Sociedade 2011;10(19):41-56.

5. Prigogine I. O fim da certeza. In: Mendes C, Larreta E, organizadores. Representação e Complexidade. Rio de Janeiro: Editora Garamond; 2003. p. 47-68.

6. Atlan H. Entre le cristal et la fumée. Essai sur l’organisation Du vivant. Paris: Seuil; 1979.

7. Aleksandrowicz AMC. Participação e integração: o ponto de vista das teorias da auto-organização. Cien Saude Colet 2009;14(Supl.1):1609-1618.

8. Morin E. A necessidade de um pensamento complexo. In: Mendes C, Larreta E, organizadores. Representação e Complexidade. Rio de Janeiro: Editora Garamond; 2003. p. 69-78.

9. Heidegger M. Ser e tempo. Petrópolis: Editora Vozes; 1988.

10. Gadamer HG. Verdade e Método. Petrópolis: Editora Vozes; 1999.

11. Habermas J. Dialética e hermenêutica. Porto Alegre: Editora L± 1987.

12. Bertalanfy L. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Editora Vozes; 1972.

Artigo publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva – volume 18 – tema central: Pesquisas em saúde mental: o desafio de pesquisar inovações nas práticas concretas de saúde”

 

 

 

Prorrogadas até 07/10 as inscrições de relatos na IV Mostra

Nós apostamos que a produção de conhecimento em saúde pode se dar por outros caminhos para além do tradicional conhecimento científico. As narrativas de cunho científico possuem lugar estabelecido e contribuem enormemente com a reflexão sobre as práticas de saúde. No entanto, ainda há um déficit de narrativas com foco nas experiências – mais leves, livres e focadas nas práticas de saúde.

Você também acha que outras narrativas devem ter lugar além das que se pretendem científicas? Então seja bem-vindo(a)! O lugar é a Comunidade de Práticas e o pretexto para isto é a IV Mostra Nacional de Experiências em SF/AB. “Valorizando experiências, estimulando o protagonismo local” é o lema deste evento que buscará refletir e dar visibilidade ao conhecimento sobre as práticas de saúde que acontecem nos territórios.

Um dos princípios mais importantes da IV Mostra é “Todo trabalhador tem muito a ensinar e a aprender”. O formato tradicional que costumamos encontrar em eventos científicos (introdução, justifi cativa, objetivos, metodologia…) tem seu valor e ajuda a organizar a narrativa com um certo fim. Mas observamos que não nos ajuda quando o que queremos é colocar a experiência como foco, evidenciar o modo como o trabalho é tecido no cotidiano, isto é, como os trabalhadores – em equipe e em relação com gestores e usuários – produzem o cuidado no dia-a-dia. Um artesanato delicado que faz toda diferença na vida dos serviços e dos usuários do Sistema Único de Saúde.

E você, que você conta do que você faz? Cada participante poderá inscrever até 2 relatos de experiências. As inscrições estarão abertas a partir de 01 de agosto de 2013 e foram prorrogadas até o dia 30 de setembro de 2013..

Vá até a página dos eixos temáticos, escolha o eixo em que deseja inscrever seu relato e clique em “inscrever neste eixo” para inscrever seu relato de experiência.

Participe! Compartilhe sua experiência de trabalho, ensina e aprenda com outros trabalhadores!

Acesse o edital e saiba mais detalhes sobre todo o processo.

Bem comum, esfera pública e ética norteiam conferência de abertura do 2º Congresso

A conferência de abertura do 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, realizado pela Abrasco, de 1 a 3/10, foi proferida pela professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ana Luiza D’Àvila Viana. Com o tema Bem comum, esfera pública e ética: sentidos e nexos da universalidade, ela destacou que vivemos um momento muito importante para a consolidação de um novo projeto de saúde; período em que a atual movimentação social cobra a criação de uma sociedade que não atenda tão somente aos interesses do capital, mas também olhe e atue no sentido de melhorar o bem-estar das pessoas, na forma de serviços básicos, públicos e universais.  O presidente do congresso, Cornelis Johannes van Stralen, foi o coordenador da conferência.

Ana Luiza D’Àvila Viana abordou os três momentos que marcaram a difusão dos sistemas de proteção social: o primeiro, na Europa, no pós-guerra, consolidando o welfare state; o segundo, na Ásia, no final do século XX e primeira década do século XX; o terceiro, ainda em construção e aberto, pois não estão claras até agora quais serão suas características principais, na América Latina, aproveitando seu ciclo de desenvolvimento recente.

Segundo a professora, o modelo latino-americano, ainda em construção e aberto, vem sofrendo com a mercadorização e a financeirização impostas nos últimos 30 anos pela política neoliberal. “No receituário, a incorporação tecnológica de base industrial e a valorização de um grupo de profissionais especializados apenas reforçam a discrepância dos serviços de uma saúde mercantilizada, desigual e desregulamentada”, apontou

Para Ana Luiza, vai depender fortemente dos movimentos sociais, das lutas de rua e da participação cidadã que se estabeleça um novo tipo de proteção social voltada para o futuro mais do que o passado, que seja um ponto de apoio para melhor distribuir os frutos do desenvolvimento. “Vivemos um momento muito importante para essa consolidação, a atual movimentação social, voltada para criação de uma sociedade que não atenda tão somente aos interesses do capital, mas também olhe e atue no sentido de melhorar o bem-estar das pessoas, na forma de serviços básicos, públicos e universais”, destacou ela.

Sobre os desafios da saúde coletiva na atualidade, Ana Luiza expôs que fortalecer sistemas públicos e universais de saúde – depois da avalanche neoliberal que propiciou um intenso movimento no sentido da mercadorização, desregulação e da desigualdade no interior da política de saúde – e construir canais mais democráticos de discussão dos rumos da política, com maior participação social nos espaços decisórios, de forma a neutralizar a presença dos interesses corporativos (do complexo econômico industrial da saúde e de profissionais) nas decisões públicas são alguns dos desafios atuais.

Além disso, ela também apontou como desafios atuais apoiar o desenvolvimento de uma política de CTI na Saúde, com fundos de diferentes áreas, voltada para maior autossuficiência nacional em insumos estratégicos, e criar e fortalecer espaços institucionais democráticos para as decisões referentes ao processo de incorporação tecnológica, com a finalidade de torná-lo um instrumento de conquista da maior equidade no uso dos serviços de saúde. A professora abordou ainda as noções de público e privado e bem comum, além de ressaltar que bem comum é tudo aquilo que não pertence a ninguém. Ana Luiza encerrou sua apresentação questionando qual tem sido o caminho da América Latina e do Brasil nessa lógica.

Fonte site da ENSP – www,ensp.fiocruz.br

Relatório da MP aperfeiçoa residência e cria fórum consultivo

O relatório do deputado Rogério Carvalho (PT/SE) sobre a Medida Provisória que cria o Programa Mais Médicos, aprovado nesta terça-feira (02) na Comissão Mista do Congresso Nacional, aperfeiçoa a formação as regras de formação do médica no Brasil. As medidas previstas no texto, que segue para votação na Câmara e no Senado, ampliam o período de experiência desses profissionais na atenção básica e emergências da rede pública de saúde.

A principal mudança é na especialização médica. Pelo relatório, o profissional interessado em fazer uma residência reconhecida pelo Ministério da Educação terá os primeiros um ou dois anos do curso voltados para Medicina Geral de Família e Comunidade, com algumas exceções.

Ao concluir a graduação, o profissional terá opção de atuar como médico generalista e no momento em que se decidir por uma especialização passará por um período maior de experiência no atendimento básico da população. Esse modelo, segundo o secretário de Gestão do Trabalho e na Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, representaria um avanço na formação do médico no Brasil.

“Essa imersão na atenção básica é muito importante. Ter a medicina geral como conteúdo obrigatório na formação do médico é fundamental para que o profissional possa conhecer o processo de adoecimento da população com todas suas condicionantes, as determinantes sanitárias, epidemiológicas e sociais”, diz Sales.

Além disso, segundo o relatório, questões como a criação de vagas de graduação e pós-graduação, diretrizes da profissão e critérios para certificação profissional passarão a ser discutidas periodicamente. Isso porque o relator cria em seu texto o Fórum Nacional de Ordenação de Recursos Humanos na Saúde. Na visão do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esse será um importante espaço de diálogo porque irá reunir entidades médicas, conselhos profissionais da área da saúde e órgãos representantes de residentes, entre outros.

“O Fórum cria um espaço de debate e de diálogo, mas não retira nenhuma competência das sociedades de especialidades que temos hoje no Brasil e que têm um papel muito positivo para o aprimoramento e para a qualidade da medicina no país”, afirmou.

GRADUAÇÃO – O texto original da Medida Provisória previa a criação de um segundo ciclo de graduação, com a inclusão de mais dois anos dedicados ao atendimento na atenção básica e emergências do SUS. Embora tenham sido mantidos os seis anos do curso superior, o relatório propõe a regulamentação do internato médico.

Se aprovada a proposta, o estudante terá de cumprir cumpra pelo menos 30% da carga horária do internato médico na atenção básica e em serviço de urgência e emergência do SUS.

“Essa é uma forma de fazer com que o profissional já saia da faculdade com maior conhecimento de como funciona a rede pública de saúde e de quais são as principais demandas da população”, explica o deputado e relator da MP, Rogério Carvalho. Segundo ele, a MP deixa claro que um dos principais objetivos do Mais Médicos é ampliar o conhecimento dos profissionais sobre a realidade da saúde da população.

RESIDÊNCIA –A transferência do segundo ciclo da graduação para a especialização já havia sido sugerida pela comissão de especialistas do Ministério da Educação para analisar o Programa Mais Médicos. A proposta do grupo foi que os dois anos previstos no 2º ciclo passassem a servir como residência obrigatória.

O modelo de funcionamento dessa nova etapa na pós-graduação será definido pela Comissão Nacional de Residência Médica, mas o texto da MP já estabelece alguns parâmetros. As áreas de formações mais gerais – como clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, cirurgia geral, psiquiatria, medicina preventiva e social – terão de cumprir um ano de residência em medicina de família. As outras, dois anos.

As exceções ficam a cargo das especialidades que têm menos contato direto com pacientes, como genética médica; medicina do tráfego; medicina do trabalho; medicina esportiva; medicina física e reabilitação; medicina legal; medicina nuclear; patologia; e radioterapia. Os profissionais interessados em fazer residência nessas áreas ficam dispensados de experiência obrigatória em Medicina Geral de Família e Comunidade.

As novas exigências para as residências médicas deverão ser implementadas a partir de 2018, de acordo com o relatório. Com a expansão das vagas em residência prevista pelo Governo Federal, a previsão é que até esta data esteja em vigor a chamada ‘universalização das residências’, ou seja, a oferta de vagas na pós-graduação atenderá o total de formandos no país.

O texto institui ainda que o candidato que tiver participado e cumprido integralmente as ações do Programa de Avaliação na Atenção Básica (Provab) receberá pontuação adicional de 10% na nota de todas as fases ou fase única do processo de seleção pública dos programas de residência médica, desde que tenha participado do programa por um ano com avaliação satisfatória.

Está previsto no relatório ainda a criação de um Cadastro Nacional de Especialistas, em que universidades e associações médicas responsáveis pela oferta de residências informem o número de profissionais certificados em cada área.

“Essa é uma forma de fazer com que a formação médica tenha conexão com as reais necessidades da saúde pública para que o Ministério da Saúde possa saber quantos médicos e quais especialidades o Brasil têm, para poder melhor distribui-los”, explica o relator.

Mesmo com a aprovação do relatório, os profissionais formados em medicina no país vão continuar podendo começar a trabalhar após os seis anos de curso, tanto como médico não especialista, como também poderá buscar obter título de especialista em programas sem financiamento público com certificado emitido pela respectiva sociedade brasileira de especialidade médica.

Fonte site DAB/MS – www.saude.gov.br

Experiências mundiais de saúde abrem pré-congresso do 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão

“Sem o Sistema Único de Saúde, viveríamos atualmente uma barbárie social.” Assim afirmou o coordenador do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags/Unasul) e ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no painel Construindo sistemas universais de saúde – relato de experiências, realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), em parceria com a Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames), durante o 2° Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, iniciado na terça-feira (1º/10), em Belo Horizonte. O painel, coordenado pelo ex-diretor da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) José Noronha, apresentou, na prática, o que vem ocorrendo nos sistemas de saúde mundiais, por meio de exemplos do Brasil, Colômbia, Venezuela e Europa.

Para falar sobre a crise financeira europeia e os sistemas de saúde, a pesquisadora da ENSP Lígia Giovanella trouxe a experiência de três países – Espanha, Reino Unido (Inglaterra) e Alemanha. Contextualizando a crise, ela explicou que os países da União Europeia se defrontaram com uma importante crise econômica, comparável à crise de 1930, na qual os governos europeus socorreram seu sistema financeiro com fundos públicos. No setor da saúde, de acordo com Lígia, só houve o alcance da universalidade a partir da constituição de sistemas nacionais de saúde financiados publicamente como um dos pilares dos diversos regimes de welfare dos países europeus.

Alemanha, Reino Unido (Inglaterra) e Espanha foram apontados pela pesquisadora como três casos exemplares de países europeus com sistemas de saúde universais que estão submetidos a constrangimentos econômicos de diferentes intensidades e apresentam distintas conformações da proteção social em saúde e do sistema de saúde. Por fim, Lígia apresentou tendências da reforma de saúde dos três países e suas características. Atenção primária tradicionalmente forte foi apontada como tendência na Inglaterra. O Serviço Nacional de Saúde do país tem acesso universal e gratuito para todos os cidadãos e residentes, com financiamento predominantemente público (83%).

Na Espanha, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) foi criado em 1986, após o período ditatorial, e possui acesso universal e gratuito para todos os cidadãos e residentes, com custeio em grande parte público (74%). Na Alemanha, o Seguro Social de Doença, como é chamado, cobre 89% da população e é financiado solidária e paritariamente por trabalhadores e empregados, mediante taxas de contribuições sociais proporcionais aos salários, com sustento majoritariamente público (77%).

Brasil: 70% da população depende exclusivamente do SUS

Apresentando a experiência brasileira do Sistema Único de Saúde (SUS), o coordenador do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags/Unasul) e ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, contextualizou a reforma sanitária brasileira e a criação do SUS em um momento de luta política, mobilização e ideário claro e objetivo: unificação, democratização, universalização e mudanças estruturais na sociedade, vinculadas diretamente com a determinação social da saúde.

”Sem o SUS, viveríamos atualmente uma barbárie social”, afirmou o ex-ministro sobre a reforma sanitária. Em seguida, Temporão citou que 70% da população brasileira depende exclusivamente do SUS – cerca de 150 milhões de pessoas – para seus cuidados de saúde. Os outros 30% possuem cobertura privada, mas também utilizam o SUS em serviços como transplantes, medicação de alto custo, atendimentos de emergência, vacinas, tratamento para Aids, entre outros serviços. Cerca de 50% dos transplantes de órgãos no Brasil são feitos pelo SUS.

Como conquistas dos 25 anos de existência do SUS, Temporão mencionou a construção da Política Nacional de Imunização – o Brasil é o maior produtor no mundo de imunobiológicos; o Programa de Saúde da Família, que hoje cobre mais de 100 milhões de pessoas; o Programa Nacional de DST/Aids; a Política Nacional de Controle do Tabagismo – o país tem a menor população de fumantes no mundo, e os índices de tabagismo caíram de 34% para 15% nos últimos anos; a reforma psiquiátrica e a Política Nacional de Humanização; a queda da mortalidade por doenças crônicas, que diminuiu 10% nos últimos anos; entre muitas outras conquistas. “Os percalços enfrentados ao longo dessa caminhada tornaram possível o SUS que temos hoje”, considerou Temporão.

Por fim o ex-ministro disse que, apesar das conquistas, ainda há muitos desafios. Entre eles, um SUS que não seja apenas para pobres, e sim para todos, como foi pensado em sua criação. “O SUS é um sucesso como macroestratégia para impactar os indicadores sanitários, mas, apesar dos incontestes e importantes avanços na atenção individual, a avaliação da população só piora: acesso, qualidade, tempo de espera, desumanização, descoordenação, essas são algumas das críticas ao SUS. Um reflexo disso é que, em dez anos, a cobertura do setor suplementar aumentou de 20% para 30% da população. SUS universal, equânime, financiado com recursos públicos e para todos, ou fortalecimento progressivo do setor privado de planos e seguros sustentado nos gastos tributários e no discurso da inexistência da capacidade do Estado em financiar o SUS universal e integral. Qual desses projetos prevalecerá?” Com essa questão, o ex-ministro encerrou sua apresentação.

Experiências latinas de saúde: os casos da Colômbia e Venezuela

Apresentando experiências latino-americanas de sistemas de saúde, o painel contou com a presença do coordenador da Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames), Oscar Feo, e da professora da Universidade Pontifícia Javeriana, de Cali (Colômbia), Yadira Eugenia Borrero, também membro da Alames. A professora debateu alguns pontos principais: os antecedentes da reforma de saúde na Colômbia, a exigibilidade jurídica e a importância de ações coletivas e da participação de movimentos sociais.

Como antecedentes, Yadira apontou os processos de reforma do Estado e da política social, a implementação da reforma em saúde e as evidências empíricas de mal-estar social. Ela comentou alguns efeitos da reforma da saúde para a Colômbia e ressaltou que “não basta apenas uma reforma estrutural dos sistemas de saúde para que haja processos sociais fortes de organização e movimentação”.

Encerrando o painel, Oscar Feo apresentou a experiência da Venezuela. Após um breve comentário sobre a construção do sistema de saúde do país, ele mencionou que a historia recente venezuelana está dividida em antes e depois de 1998. “Antes desse ano, o quadro era um sistema de saúde fragmentado, centrado na doença, que caminhava a passos largos para a privatização da saúde”, admitiu.

Após 1998, segundo o palestrante, entrou em cena a gratuidade dos serviços e iniciou-se o processo de construção coletiva de uma nova Constituição, por meio da Assembleia Nacional Constituinte. Nesse momento, a saúde foi incorporada à Constituição como direito universal, com intuito de satisfazer as necessidades de saúde dos venezuelanos. Oscar Feo também apontou as dificuldades ao longo desse processo, como a integração do sistema previdenciário com o Ministério da Saúde venezuelano, entre outras. Por fim, o coordenador da Alames destacou que “a Venezuela construiu seu sistema de saúde com a solidariedade brasileira e, hoje, é exemplo para todo o continente”.

5º Seminário de Gestão de Tecnologia e Inovação em Saúde

O Instituto Nacional de Inovação e Tecnologia em Saúde INCT/CITECS realizará nos dias 10 e 11 de outubro de 2013, o seu V Seminário Gestão de Tecnologia e Inovação em Saúde tendo com tema “Avaliação do Impacto de Intervenções na Saúde das Populações“ que será realizado no Sheraton – Salvador-Bahia.

Os estudos de avaliação do impacto de intervenções na saúde da população tornam-se cada vez mais importantes pelas suas implicações éticas e metodológicas da introdução de inovações tecnológicas sejam elas direcionadas ao diagnóstico, prevenção, terapêutica ou inovações no processo de gestão. O Seminário irá debater questões como a busca e demonstração de evidências da eficácia destas intervenções e quais os métodos mais adequados na construção desta evidencia. Serão abordados os fundamentos teóricos que associam as intervenções tecnológicas a mudanças no perfil de saúde das populações, estudos de intervenção em populações, além dos desafios metodológicos que necessitam o aporte de outras disciplinas como economia, e o conhecimento sobre gestão e utilização de banco de dados complexos (big data).

O evento não terá taxa de inscrição, e conta com vagas limitadas. Será realizada transmissão on line.

Coordenação Científica: Prof. Maurício Lima Barreto (ISC/UFBA – Coordenador do CITECS); Prof. Sebastião Loureiro (ISC/UFBA – Vice-coordenador do CITECS); Prof. Jarbas Barbosa (Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde); Prof. Cesar Victor (UFPel); Profa. Laura Rodrigues (LSHTM, UK); Profa. Rosana Aquino (ISC/UFBA).

Maiores informações e realização de inscrições: http://www.seminario.pecs.ufba.br/v/av/.

DAB reafirma caráter multiprofissional da prática da acupuntura

A Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura teve suas diretrizes de implantação consolidadas a partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, portaria nº GM/MS 971/2006, e desde então a prática da acupuntura vem se fortalecendo no SUS em caráter multiprofissional, em todos os níveis de atenção, com foco na atenção básica.

A acupuntura tem respaldo internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) que orienta os diversos países a adotarem as Medicinas Tradicionais, Complementares e Alternativas em seus sistemas públicos de saúde. Seguindo essa orientação a prática da acupuntura é bem-vinda no modelo de cuidado da atenção básica.

Neste sentindo, o DAB lança nota técnica para esclarecer que a MTC não se baseia em diagnostico nosológico para a utilização de seus recursos terapêuticos. O departamento entende que não existe restrição legal para que os diversos profissionais de saúde utilizem a acupuntura em seu processo de trabalho ampliando o acesso e o cuidado a população.

Clique aqui para acessar nota técnica.