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Arquivo Diário 15 de maio de 2014

Atenção Primária à Saúde e Sistemas Universais

A relação entre ‘Atenção Primária à Saúde e Sistemas Universais’ foi o tema da conferência proferida na última terça-feira (13) pelo espanhol José-Manuel Freire, que veio ao Rio de Janeiro a convite do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (ISAGS) para abrir o seminário ‘ Abordagens da APS e estratégias para permanência de profissionais em zonas remotas e desfavorecidas nos países da América do Sul’, que reúne representantes dos 12 países da região e se estende até o dia 15.

A conferência, que durou cerca de duas horas, foi transmitida pela internet ao vivo e contou com tradução simultânea para o inglês e o português. Aproximadamente 1.840 pessoas de 27 países situados em quatro continentes acompanharam o evento e puderam enviar perguntas a José-Manuel Freire na segunda parte do evento, dedicada ao debate. O vídeo será disponibilizado dentro de alguns dias nos três idiomas no site do ISAGS.

A exposição de Freire se centrou nos sistemas de saúde, no papel da Atenção Primária à Saúde (APS) e, por fim, no histórico e características do sistema de saúde espanhol. Freire iniciou sua fala distinguindo os dois grandes modelos que orientam a construção dos sistemas: o neoliberal e o universal.

“No primeiro, os serviços de saúde são parte de um mercado, o cidadão é tratado como consumidor e a fragmentação é a norma. Já em um sistema universal prevalece a visão solidária, democrática, que considera a saúde como parte dos compromissos assumidos pelo Estado, que deve planificar e organizar a oferta, priorizar e qualificar o acesso para efetivar o direito à saúde e atingir eficiência na gestão dos serviços que oferece”, explicou.

Coordenadas básicas: financiamento e provisão

José-Manuel Freire comparou os sistemas de saúde a uma máquina, na qual os botões devem ser ajustados para que se alcancem os resultados esperados, que são eficiência, qualidade e acesso, e ainda: satisfação dos cidadãos, bons indicadores de saúde e proteção social. Partindo dessa imagem, os botões-chave são financiamento e provisão.

O financiamento pode ser público ou privado. Freire demonstrou que nos países desenvolvidos, quando se calcula a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) gasto com saúde (denominado gasto total em saúde), uma característica fundamental é que a maior parte desses investimentos são públicos. Em países como Reino Unido e França, de cada 100 euros gastos com saúde, 85 são desembolsados pelo Estado. “A qualidade democrática, o desenvolvimento social e humano de um país se mede assim: gasto total versus gasto público em saúde”.

À parte de como uma sociedade financia o sistema de saúde, a segunda coordenada fundamental é a provisão de serviços, que pode ser externa – quando há contratualização de provedores – ou integrada, quando o Estado gere uma rede própria, com profissionais de saúde também próprios. Na América Latina, por exemplo, a maior parte dos sistemas de saúde é integrado. “Os serviços públicos, quando são integrados, precisam ser geridos com alto nível de eficiência. Provavelmente este é o desafio mais importante na América Latina e também na Espanha”, afirmou Freire, ressaltando: “O desafio dos sistemas universais é ter bons serviços: não somente públicos, não somente universais, mas bons”.

Sustentabilidade dos sistemas

De acordo com José-Manuel, a sustentabilidade dos sistemas de saúde depende de pelo menos dois aspectos externos: o econômico-fiscal e o social-político. “É necessário que exista dinheiro disponível para investir naquilo que a sociedade prioriza. Mas também é fundamental que o sistema seja apoiado pelo conjunto da sociedade. Ou seja, os que pagam impostos, normalmente, são aqueles que têm dinheiro. Se os serviços de saúde não aportam valor às classes médias, terão pouco apoio. Por isso é preciso que o serviço público responda às necessidades de todos”, afirmou.

Há também aspectos internos ao próprio sistema, que dizem respeito à organização. É nesse campo da sustentabilidade dos sistemas de saúde que se insere a APS: “Não há sistema de saúde do mundo, por mais rico que um país seja, que possa funcionar sem a dimensão dos cuidados de primeiro nível”.

APS nos sistemas

Segundo José-Manuel, se a característica dos sistemas de saúde que alcançam bons resultados é uma “APS forte”, um dos elementos-chave da Atenção Primária é o papel desempenhado pelo médico generalista, que em alguns países, é chamado de médico da família ou “médico de cabeceira”. Segundo ele, esses profissionais precisam ser reconhecidos, bem pagos e qualificados para exercer suas funções.

“A pátria dos médicos são as especialidades. Os médicos de família da APS forte não podem ser apenas os graduados que terminam a faculdade de medicina. A Medicina de Família é uma especialidade médica que se centra na patologia frequente. E atender bem o frequente significa atender bem 90% dos problemas de saúde”, ressaltou.

O conferencista considera que a APS é forte nos países ibéricos – Espanha e Portugal –, em países nórdicos, como Dinamarca, Noruega e Finlândia, em outros países europeus como Reino Unido, Itália e Luxemburgo e também no Canadá, na Nova Zelândia, em Cuba e na Costa Rica.

O caso espanhol

A APS é a base do Sistema Nacional de Saúde (SNS) espanhol. No país, cada pessoa tem um cartão de saúde e, neste documento, está escrito o nome de seu “médico de cabeceira”. Atualmente, cada médico atende aproximadamente 1,4 mil indivíduos (antes, atendiam a famílias), o que assegura a continuidade dos cuidados e facilita a entrada das pessoas no sistema de saúde. A Espanha já dispõe da história clínica e prescrição eletrônicas. O SNS é descentralizado para 17 Comunidades Autônomas e, dentro delas, os serviços são territorializados em Áreas de Saúde.

“O Sistema Nacional de Saúde é um caso de êxito de um sistema que começa sendo para pobres. É um caso muito parecido com a situação da Costa Rica, que começa cobrindo assegurados, progressivamente cobre uma porcentagem maior e, com a chegada da Constituição e da democracia, começa a cobrir toda a população”.

De acordo com Freire, desde 1855 as províncias espanholas tinham como obrigação dar atenção médica gratuita à população mais pobre, enquanto os demais pagavam pelos serviços prestados pelas instituições públicas.  Após os anos da ditadura de Francisco Franco, o país promulga a Constituição de 1978, que garante a saúde como direito. O SNS é criado em 1986, como um sistema de seguridade social financiado por impostos.

“O desafio é fazer com que os serviços públicos funcionem bem, com um primeiro nível de atenção diferenciado, com orçamento e pessoal próprio, no qual cada cidadão saiba onde ir, garantindo uma relação personalizada entre o médico e o paciente”, concluiu.

Conferencista

José-Manuel Freire é chefe do Departamento de Saúde Internacional da Escola Nacional de Saúde do Instituto de Saúde Carlos III (Madri, Espanha). Médico com especialização em saúde pública e administração em saúde pelas universidades de Londres (LSHTM) e Harvard (HSPH), já desempenhou a função de conselheiro de saúde do País Basco e presidiu o grupo de especialistas em ‘Bom Governo dos Sistemas de Saúde’ do Conselho da União Europeia.

 

Fonte- Ascom Isags

A crise contemporânea dos modelos de atenção

A crise contemporânea dos modelos de atenção: Acesse as apresentações e o vídeo do Conass Debate

A terceira edição do seminário Conass Debate trouxe o tema A crise contemporânea dos modelos de atenção à saúde e reuniu cerca de 200 pessoas nesta terça-feira (13), em Brasília. O predomínio das condições crônicas e a necessidade de adequação do modelo de atenção foram os eixos das discussões.

Pela manhã, ex-diretor de Gestão de Condições Crônicas e diretor de Políticas do Sistema de Saúde da OMS e ex-Ministro Saúde do Pais Vasco, assessor do programa Obamacare, Rafael Bengoa, falou sobre a implantação do modelo de atenção às crônicas em na Espanha. Bengoa alerta que o modelo assistencialista vigente – reativo e focado nas condições agudas – é economicamente insustentável e incompatível para o cuidado a um paciente crônico. Segundo ele, a principal reforma é a passagem de um sistema reativo e passivo que espera o paciente, para um sistema proativo, que intervenha antecipadamente na doença crônica e transforme o paciente em um ‘paciente ativado’. “O que é caro não são os doentes crônicos, mas, sim, o modelo de atenção fragmentado que é ofertado”, afirmou.

O sanitarista Eugênio Vilaça Mendes contextualizou a crise que assola os modelos vigentes e a necessidade de enfrentar o desafio das condições crônicas. Segundo Vilaça, a taxa de mortalidade no Brasil, em pessoas de 30 anos ou mais, é de 600 mortes por cem mil habitantes e representa o dobro da taxa do Canadá e 1.5 vezes a taxa do Reino Unido. Como consequência, a cada dia, no Brasil, estima-se que morrem mais de 450 pessoas, somente em decorrência de infartos agudos do miocárdio e acidentes vasculares encefálicos.

A tarde, o debate contou com as exposições de Luiz Facchini, professor da Universidade Federal de Pelotas, Claunara Schilling Mendonca, professora de Medicina de Família no Departamento de Medicina Social da Universidade do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Rolim Sampaio, chefe do Escritório de Serviços de Saúde da Unimed Belo Horizonte e Frederico Guanais, especialista Líder em Saúde da Divisão de Proteção Social e Saúde do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Confira as apresentações:

Rafael Bengoa – http://pt.slideshare.net/CONASS/rafael-bengoa-34634358

Eugênio Vilaça – http://pt.slideshare.net/CONASS/a-crise-contempornea-dos-modelos-de-ateno-sade

Frederico Guanais – http://pt.slideshare.net/CONASS/frederico-guanais

Claunara Schilling – http://pt.slideshare.net/CONASS/claunara-schilling

Luiz Fachinni – http://pt.slideshare.net/CONASS/acesso-e-qualidade-da-ateno-ao-diabetes-entre-idosos-iniquidades-sociais-e-modelo-de-ateno

Luis Fernando Rolim – http://pt.slideshare.net/CONASS/luis-fernando-rolim

 

Confira o vídeo do evento:

http://www.conass.org.br/conassdebate/

 

Fonte site do Portal da Inovação na Gestão do SUS http://apsredes.org/site2013/

Estudo confirma eficácia do uso do sachê de micronutrientes na alimentação infantil

Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição, do Departamento de Atenção Básica/SAS/MS, divulgou, na tarde desta quarta-feira (14), os resultados do Estudo Nacional de Fortificação da Alimentação Complementar (ENFAC).

O Enfac teve como objetivo avaliar efetividade, aceitabilidade e adesão da fortificação caseira com vitaminas e minerais na prevenção de anemia e deficiência de ferro em crianças menores de um ano de idade. Os resultados do estudo subsidiam a incorporação da fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó como estratégia programática de prevenção da anemia na saúde pública brasileira.

O evento, realizado na Fiocruz Brasília, reuniu representantes de diversas secretarias do Ministério da Saúde e instituições parceiras como UNICEF, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Conass, Conasems e universidades.

A pesquisa

O ENFAC avaliou a efetividade do sachê de micronutrientes, sua adesão por mães e a aceitação por parte das crianças de 6 a 8 meses de idade atendidas em unidades básicas de saúde, público-alvo da pesquisa.

Participaram deste estudo crianças de 6 a 15 meses de idade, residentes em quatro cidades brasileiras (Rio Branco, Olinda, Goiânia e Porto Alegre), atendidas em Unidades Básicas de Saúde (UBS). A efetividade desta estratégia foi avaliada pela comparação do estado nutricional de crianças do chamado grupo intervenção, que receberam sachês de micronutrientes (vitaminas e minerais em pó), e aquelas do grupo controle, atendidas na rotina vigente na rede pública de saúde, ou seja, sem o uso do sachê.

Além das orientações sobre como utilizar os micronutrientes em pó, mães, pais e responsáveis pelas crianças do grupo intervenção receberam informações sobre práticas alimentares saudáveis, baseadas no Guia Alimentar Para Crianças Menores de Dois Anos, elaborado pelo Ministério da Saúde.

As crianças que participaram da fortificação caseira da alimentação infantil apresentaram perfil de saúde e nutrição melhor quando comparadas às do outro grupo. Meninos e meninas que receberam os sachês tiveram menor prevalência de anemia, assim como de deficiência de ferro e de vitamina A.

A adesão à fortificação caseira da alimentação infantil pela mãe/responsável foi satisfatória e observou-se boa aceitação do sachê pelas crianças quando adicionado a alimentos semissólidos, como papas de frutas e purês.

Foi realizada também uma avaliação qualitativa sobre as percepções de mães e de profissionais da saúde sobre o uso dos sachês. Os resultados identificaram que a qualidade da informação recebida pelas mães pode atuar como fator facilitador da adesão à fortificação.

Resultados

  • A prevalência de anemia foi menor nas crianças que utilizaram o sachê de micronutrientes;
  • A Anemia foi 38% menor nas crianças que receberam a fortificação;
  • Nas crianças que usaram o sachê de micronutrientes, a prevalência de deficiência de vitamina A foi 55% menor;
  • A deficiência de ferro no grupo intervenção foi 20% menor quando comparado ao grupo controle;
  • Melhor perfil de saúde foi observado nas crianças do grupo intervenção, com menores frequências de febre e chiado no peito nos últimos 15 dias. A insuficiência de vitamina E foi 60% menor, sugerindo boa adesão ao uso do sachê com alimentação mais diversificada;

Fonte site do DAB/MS – http://dab.saude.gov.br/

Lançado o aplicativo da SBMFC para celulares

Em comemoração ao dia internacional do Médico de Família comemorado em 19 de maio, a SBMFC está lançando um aplicativo móvel para ser
utilizado em Celulares e Tablets com os sistemas Android e IOS. A intenção é aproximar a SBMFC de seus associados e auxiliar todos os
MFC oferecendo ferramentas que possam ser úteis para o seu dia a dia.

Por meio do aplicativo você poderá acessar as seguintes ferramentas:
• Telessaúde (cadastramento) – A SBMFC estabeleceu parceria com o Telessaúde-RS visando auxiliar nossos associados por meio da
oferta de teleconsultorias sobre casos clínicos, processo de trabalho, educação em saúde, planejamento, monitoramento e avaliação de
ações em Atenção Primária à Saúde (APS). A partir de agora você poderá se cadastrar para ter acesso ao serviço de teleconsultoria
bastando preencher os dados abaixo. O cadastro será realizado pela SBMFC e você receberá um login e uma senha para utilizar o serviço
em qualquer computador, tablet ou celular.
• Segunda Opinião Formativa – Segunda Opinião Formativa (SOF) são respostas sistematizadas, construídas com base em revisão
bibliográfica nas melhores evidências científicas e clínicas. Além disso, é levado também em consideração o papel ordenador da Atenção
Primária à Saúde a perguntas originadas das teleconsultorias e selecionadas a partir de critérios de relevância e pertinência em
relação às diretrizes do SUS. São mais de 700 dúvidas já respondidas e de livre acesso.
• Biblioteca virtual – São mais de 120 publicações de livre acesso para você baixar diretamente em seu aparelho, além do
catálogo de publicações editadas pela Artmed em parceria com a SBMFC que estão disponíveis para aquisição.
• Vídeos online – Acesso livre a um catálogo virtual de vídeos com aulas, palestras, entrevistas, guias de procedimentos e
outros assuntos de interesse da MFC.
• Fotos – Visualize a baixe fotos de eventos e congressos da SBMFC assim como dos concursos que realizamos periodicamente.
• Eventos – Fique por dentro de todos os eventos relacionados a MFC para os próximos meses e coloque-os em sua agenda
diretamente do aplicativo bastando clicar no evento para importar para o seu calendário.
• Revista Brasileira de MFC – Acesse a RBMFC diretamente em seu aparelho sem complicações.
• Notícias – Fique por dentro das últimas novidades da SBMFC através de nosso site e Facebook que podem ser acessados
diretamente do aplicativo.

Além disso você poderá entrar em contato com a SBMFC de maneira facilitada assim como se cadastrar para se tornar um associado ou

atualizar o seu cadastro.

Baixe o aplicativo no site:

http://SBMFC.mobapp.at

ou entre diretamente no Play Store (android) ou no Itunes (IOS) e digite “SBMFC” para baixar.

Fique a vontade para fazer sugestões para o aperfeiçoamento do aplicativo.